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Darci Menezes: gaúcho de nascença, valadarense de coração

Após encerrar a carreira no Democrata em 1982, ex-atleta continuou morando na cidade e tem um carinho especial por Valadares

Darci Menezes, 71 anos, é gaúcho de Bagé e fez história com a camisa do Cruzeiro jogando 11 anos por lá. Ele também atuou no Democrata entre 1980 a 1982. Inclusive está eternizado no muro do estádio Mamudão, como um dos ídolos da Pantera. Depois que encerrou a carreira, continuou em Valadares e por aqui permanece vivendo sua vida ao lado da esposa.

A história de Darci Menezes no futebol teve início no time amador Teresinha Futebol Clube, em sua cidade natal. De lá foi para o Guarany Bagé, jogando na base e também no profissional. De acordo com o ex-zagueiro, ainda no tempo do Guarany, ele sempre foi sondado para se transferir para Grêmio e Inter, principais clubes do Rio Grande do Sul. Mas como ainda era muito novo, a questão familiar pesava e, quando os diretores dos clubes que o procuravam chegavam com as propostas, não conseguiam concretizar as negociações.

Darci Menezes (o terceiro em pé da esquerda para direita) na época que jogava no Guarany (foto: Arquivo Pessoal)

Darci Menezes sabia que era inevitável a saída do Guarany um dia. E o clube da vez para tentar levar o jogador foi o Cruzeiro. De acordo com ele, o Cruzeiro contratou Didi Pedalada, ponta direita que atuava no Guarany, mas que estava emprestado ao Internacional e ele foi junto como uma espécie de “contrapeso”. Após uma temporada, Didi Pedalada retornou ao futebol gaúcho, enquanto Darci Menezes permaneceu no Cruzeiro.

No Cruzeiro, Darci Menezes é o 15º jogador que mais vestiu a camisa do clube, com 427 jogos disputados entre 1967 e 1978, e 17 gols marcados, sendo cinco de pênaltis. No seu início em Belo Horizonte, teve que revezar as atividades do futebol com as obrigações do serviço militar, que segundo ele foram importantes para o crescimento dele como pessoa.

Após um ano no Cruzeiro, Darci Menezes conseguiu a titularidade na equipe que tinha Tostão e Dirceu Lopes. Segundo ele, foi meio que na sorte, já que Willian, zagueiro titular, decidiu abandonar o futebol após conseguir passar no concurso da Caixa. O ex-zagueiro ainda relata que o presidente do clube na época, Felício Brandi, falava que o clube tinha que ter sempre um jogador gaúcho na equipe, e ele como gaúcho e também com bom futebol acabou virando titular aos 18 anos.

O título da Libertadores de 1976 foi o momento mais marcante para Darci Menezes no Cruzeiro, mas antes disso teve o baque da morte de Roberto Batata, que foi muito sentida pelos jogadores. “No primeiro jogo sem ele, o Cruzeiro fez 7 a 1 no Alianza Lima, em um momento marcante para nós jogadores. Foi uma homenagem ao Roberto Batata, que jogava com a camisa 7 normalmente”, disse.

O título da Libertadores de 1976 com o Cruzeiro é uma das maiores glórias de Darci Menezes (foto: Reprodução Internet)

Após vitória no primeiro duelo na final por 4 a 1 no Mineirão e derrota de 2 a 1 no segundo jogo disputado no Monumental de Nuñes, na Argentina, o Cruzeiro teria a partida decisiva contra o River Plate no estádio Nacional, em Santiago, no Chile. Darci Menezes ressalta que não dá para esquecer o lance que garantiu o título. “A torcida chilena estava com a gente, mas foi um jogo bem difícil, abrimos 2 a 0, mas tomamos o empate. No fim, teve uma falta para nós. Tínhamos o Nelinho, exímio cobrador de falta. Todo mundo esperava ele bater, aí chegou o Piazza dizendo que tinha o pressentimento que faria o gol, mas o Nelinho pisou em seu pé e mandou ele sair de perto. Nesse momento, aparece o Joãozinho e bate a falta, enquanto o goleiro ainda terminava de armar a barreira. Ele fez um golaço que nos deu o título. Interessante lembrar que o River havia feito um gol parecido assim no mesmo jogo, mas quando eles tomaram não aceitaram. Foi uma confusão generalizada. O nosso treinador ficou bravo. Zezé Moreira não gostou da atitude do Joãozinho. No vestiário, mesmo com a nossa comemoração, ele chegou a colocar o dedo rente ao nariz do Joãozinho falando que ele tinha sido irresponsável e cogitou até não deixar ele vir com a delegação para Belo Horizonte”.

Outros momentos que Darci Menezes relembra foram as finais do Campeonato Brasileiro de 1974 e 1975. Na primeira, contra o Vasco, enquanto um ano depois o adversário foi o Internacional. “A nossa final contra o Vasco seria no Mineirão e já estávamos concentrado para o jogo. Aí chegou um diretor avisando que não teria mais a partida. Um dia depois fomos avisados que o jogo seria no Rio de Janeiro e todo mundo ficou surpreso. Tínhamos um time superior ao Vasco e após empatarmos nos minutos finais, o juiz Armando Marques anulou um gol nosso que nos daria o empate. O Bosquilha que era um árbitro, naquele dia estava de bandeira e correu para o meio campo, mas o juiz anulou inexplicavelmente. Perdemos o título nos bastidores e no apito. Um ano depois teve aquela final histórica contra o Inter, quando o goleiro Manga parou o nosso time com defesas impossíveis”.

Jogador de estatura baixa para os padrões de zagueiros do futebol atual, Darci Menezes se destacava pelo posicionamento e impulsão. Com 1,72m de altura, disputava sem medo as jogadas de bola levantadas na área. Apesar de ser um zagueiro técnico, a torcida atleticana acusa ele e Moraes, seu companheiro de zaga por muitos anos, de “quebrar” Reinaldo, maior da história do Atlético. “Isso não é verdade. Claro que clássico sempre tem jogadas ríspidas, de um lado e do outro. Se não me engano, o Reinaldo antes mesmo de chegar no Atlético já havia operado o joelho. Essas coisas de falar que um quebrou o outro é coisa de torcedor”.

Chegada ao Democrata

Antes de chegar ao democrata, Darci Menezes atuou pelo Vitória, em 1978, e Atlético Goianiense, na temporada de 1979. Ele explica que estava sem clube e na pelada com os boleiros e recebeu o convite de jogar em Valadares. “O Democrata teve um goleiro chamado Buiana que me viu numa peladinha com os boleiros em Belo Horizonte. Depois de saber que eu estava sem clube naquele momento, me perguntou se eu tinha interesse de jogar no Democrata. Falei que topava e um dia depois o Almyr Vargas me ligou e acertamos o contrato. Joguei no Democrata de 1980 a 1982”.

Darci Menezes jogou no triangular que teve Democrata, Vasco e Flamengo em 1981 (foto: Arquivo Pessoal)

Na Pantera, Darci Menezes esteve no grupo campeão da Taça Minas Gerais, o primeiro título do Democrata, em âmbito profissional. Ele também relembrou o triangular com Vasco e Flamengo no mesmo ano, em um torneio amistoso que abrilhantou a inauguração da arquibancada metálica do Mamudão. “Tive momentos bons aqui e vencemos a Taça Minas Gerais em 1981. O Atlético emprestou três jogadores para o Democrata: Serginho (goleiro), Fred (zagueiro) e o Ferreira (lateral-esquerdo), que se juntou ao nosso grupo que já era bom. Vencemos o Uberlândia por 2 a 1 no Mamudão. Quem comandava a nossa equipe era o Yustrich, treinador folclórico e bem bravo, quem conviveu com ele sabe como era. Participei do triangular que teve também teve Vasco, Flamengo e Democrata, na inauguração da arquibancada metálica. O presidente da Fifa na época, João Havelange, esteve presente e trouxe para o Democrata um uniforme completo da Adidas, inclusive com material de viagem. Foi um momento muito bacana esse triangular”.

Com 33 anos de idade, Darci Menezes acabou encerrando a carreira, situação que foi um pouco difícil, já que segundo ele, ninguém espera se machucar e não consegui voltar a jogar. “Sofri uma contusão no joelho e como na época era mais difícil se recuperar, acabei encerrando a carreira. Nem todo jogador quando está em atividade pensa no futuro, mas ninguém espera que uma contusão vai encerrar a carreira. Eu tive que parar de jogar devido os problemas no joelho. Foi pesado no início, e o impacto foi grande, mas graças a Deus fui bem acolhido pelo Democrata, mesmo após me aposentar”.

Apesar da grafia errada na caricatura, Darci Menezes está eternizado nos muros do Mamudão (foto: Fábio Velame)

Após encerrar a carreira, Darci Menezes chegou a ir para Manhuaçu e Ipatinga, cidades onde exerceu a função de supervisor de futebol, mas retornou logo a Valadares. Na Pantera esteve presente em vários anos atuando nesta função. Hoje não pensa mais em trabalhar com o futebol. “Tudo tem sua hora e hoje quero ficar mais em casa com a família. Fiquei envolvido com futebol desde muito novo. Adoro futebol, seja amador ou profissional, mas não penso em voltar a trabalhar nesse meio. Hoje sou aposentado, com 42 anos de contribuição, moro em uma casa no bairro São Paulo com minha esposa. O que eu admiro em Valadares é que fui bem recebido quando cheguei como jogador, e depois que encerrei a carreira, o carinho das pessoas daqui continuou o mesmo. Todo mundo me conhece e me trata bem, e conhece minha história”.

Darci Menezes é figura sempre presente no encontro de ex-boleiros de Governador Valadares (foto: Arquivo Pessoal)

Apesar de não querer mais trabalhar com futebol, Darci Menezes sempre está presente no encontro de ex-boleiros que acontece todo fim de ano em Valadares. Ele destaca que esse evento sempre é bom de participar. “Sempre estive com a turma nos encontros de ex-boleiros. Esses momentos são muito bons porque é a oportunidade de confraternizar com essas pessoas que vivenciaram o futebol, seja profissional ou amador. É a oportunidade de reencontrar aquele amigo que talvez você não vê há muito tempo. São momentos de descontração e que também contribuem para ajudar pessoas”.

Comments 1

  1. Manuel Renato Madruga says:

    Grande Darcí Menezes,meu conterrâneo,pois também sou de Bagé e Torço para o Guarany o Índio Guerreiro. Lembro do Darci Menezes no Cruzeiro,mas naquela época eu não acompanhava muito o futebol,mas lembro da decisão do Cruzeiro contra o meu Inter quando fomos campeões com o gol do Figueiroa. Gostaria muito de ter contato com esse eterno ídolo do nosso futebol Brasileiro e conterrâneo . Abraço!! Renato Madruga!!

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