Covid-19 teria eliminado centenas de milhares de empregos

Empresários e representantes dos municípios informaram dados e detalhes sobre o impacto da pandemia em Minas Gerais

Apesar de priorizarem a discussão de caminhos para superar a crise econômica causada pela covid-19, os encontros regionais que a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) organizou para debater o plano Recomeça Minas foram além disso. Os participantes também foram ouvidos sobre o impacto social e econômico da pandemia em cada uma de 16 regiões em que se dividiu o Estado. Os depoimentos ajudam a traçar um diagnóstico desse impacto.

Nos relatos de empresários e de representantes regionais, números dramáticos chamam atenção e, mais do que dados frios, apontam para a dimensão das perdas coletivas, de renda e de empregos eliminados pela pandemia de Covid-19.

Em todas as regiões, o setor de eventos foi um dos mais atingidos. Durante o encontro realizado na Capital, o Sindicato das Empresas de Promoção, Organização e Montagem de Feiras, Congressos e Eventos de Minas Gerais (Sindiprom-MG) e o Fórum de Entidades do Setor de Eventos e Entretenimento informou que 98% das empresas do setor em Minas foram impactadas e 40% fecharam seus negócios.

De acordo com as duas entidades, são 30 mil empresas sem qualquer renda por 14 meses, ameaçadas de falência. Durante o encontro da Zona da Mata, a Associação Brasileira das Empresas de Formaturas estimou em 300 mil postos de trabalho perdidos em Minas no segmento de eventos, durante esse período. Bares e restaurantes estimaram uma perda de 70% no faturamento.

O comércio foi outro setor duramente afetado em todas as regiões de Minas Gerais. Apenas em Juiz de Fora (Mata), o Sindicato do Comércio (Sindicomércio-JF) estimou em 2 mil os empregos perdidos, com o fechamento de mais de 400 estabelecimentos comerciais.

Durante o encontro da região das Vertentes, o Sindicato do Comércio de Barbacena informou que 936 empregados do setor foram demitidos apenas nessa cidade. A queda do faturamento foi estimada em 40% nos setores essenciais, como oficinas e lanchonetes, e de 90% nas atividades não essenciais, como vestuário, salões de beleza e academias de ginástica.

Angústia e caos – Na região do Vale do Rio Doce, representantes do setor de estética, salões de beleza e barbearias fizeram relatos dramáticos.

Na região do Sudoeste mineiro, a Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado de Minas Gerais (Federaminas) apresentou uma estimativa geral de queda no faturamento de aproximadamente 50%, aumento no preço de insumos e matéria-prima de 35 a 45%, e de redução do quadro de trabalhadores em aproximadamente 35%.

Na região do Caparaó, no leste de Minas, a Associação Comercial, da Indústria e da Lavoura de Raul Soares (Acir) fez uma pesquisa nos setores de roupas, sapatos, acessórios e afins, produção musical, drogarias, papelarias, móveis, eletrodomésticos e eletrônicos, supermercados, mercearias, lanchonetes, restaurantes e construção civil, entre outros.

Entre as empresas de Raul Soares, 48,7% demitiram um ou mais funcionários, 20,5% não conseguiram pagar os empregados e 78,8% recorreram a recursos externos para se manterem.

Indústria – Na Zona da Mata, uma das mais tradicionais indústrias têxteis do País, a Companhia Industrial Cataguases, sofreu com a queda brusca nas vendas do comércio. “Com o mercado comprador totalmente fechado, houve impacto crítico na receita, custos aumentando pela depreciação do real, inadimplência, falta de crédito para capital de giro, muita burocracia”, afirmaram os representantes da empresa.

Educação – O setor de ensino particular também sofreu duramente com a suspensão das aulas presenciais. De acordo com os representantes do Colégio Galileu, de São Sebastião do Paraíso, no Sudoeste de Minas, a educação infantil foi a mais prejudicada, pela impossibilidade de atender a distância. Dessas escolas, 80% foram fechadas na região, gerando demissões, e muitas mães tiveram que deixar os empregos para cuidar dos filhos. Nos demais níveis de ensino básico, houve uma redução de 30%, em média, no número de alunos matriculados, o que motivou mais demissões.

Transporte – A Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado de Minas Gerais (Fetram) estimou em mais de R$ 1 bilhão o prejuízo do sistema de transporte coletivo de passageiros em todo o Estado, que nos meses mais críticos foi obrigado a operar com redução de demanda de 80%.

Reivindicações foram encaminhadas ao Poder Executivo

As medidas que compõem o Recomeça Minas estão contidas no Projeto de Lei (PL) 2.442/21, aprovado em definitivo pelos deputados, no Plenário da ALMG, em 30 de abril, e que, para entrar em vigor, precisa ser sancionado pelo governador até 21 de maio. A proposição é de autoria de todos os 77 parlamentares e tem como primeiro signatário o presidente da ALMG, deputado Agostinho Patrus (PV).

Muitas das sugestões e reivindicações apresentadas nos encontros regionais tratam de questões que não podem ser modificadas apenas por projeto de lei, pois dependem de iniciativas do Poder Executivo ou mesmo de entendimentos com outros estados ou a União. Por esse motivo, a Assembleia transformou essas solicitações em requerimentos encaminhados a outros órgãos.

Dezenas desses requerimentos foram encaminhados à Secretaria de Estado de Fazenda. Entre eles, a criação de um auxílio emergencial para empresas, tal como o concedido a pessoas físicas; a redução da alíquota ou isenção de ICMS para os medicamentos que combatem os efeitos da covid-19 e para medicamentos de uso contínuo; e a isenção de impostos, ampliação do prazo de pagamento ou cancelamento de multas e juros para os pequenos e microempresários.

Um requerimento foi encaminhado ao Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), para que este crie linha de crédito em condições especiais para as empresas que enfrentam dificuldades devido à crise causada pela pandemia.

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