Covid-19, dengue ou chikungunya: semelhanças podem causar dúvidas na população

O DRD procurou especialista para explicar as diferenças entre as doenças

Quem já sentiu dor de cabeça, febre ou dor no corpo em algum momento durante esta pandemia provavelmente desconfiou que fosse covid-19. Mas nem sempre essa suspeita se confirma, embora as semelhanças sejam muitas. Assim, a população precisa tomar certos cuidados ao fazer um diagnóstico precoce e correr para o Pronto Socorro. Muito tem se falado sobre o aumento de casos do novo coronavírus em Governador Valadares. Entretanto, a proliferação do mosquito Aedes aegypti também é preocupante. O DRD procurou um especialista para explicar as diferenças entre as doenças.

O mais recente levantamento do Índice de Infestação do Aedes aegypti (LIRAa) divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde apontou 6,7% de infestação do mosquito transmissor das arboviroses na cidade. O número é considerado alto pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Entenda as diferenças

A médica infectologista e professora do Departamento de Medicina da UFJF (Campus GV) Patrícia Ferraz Marins fez um estudo recente sobre as diferenças entre a dengue, a chikungunya e a covid. Segundo a médica, as pessoas podem apresentar os mesmos sintomas sem ter noção do que é. “Neste momento, dengue, chikungunya e covid-19 estão ocorrendo no mesmo momento no município de Governador Valadares e também em várias outras cidades do Brasil. Essas doenças podem apresentar sinais e sintomas semelhantes. Por exemplo: febre, dor no corpo, dor de cabeça, mal estar geral, diarreia, náuseas e vômitos podem estar presentes em todas elas”, explica.

Apesar da semelhança, alguns sintomas são fatais para diferenciar as doenças. “Importante estarmos atentos à presença de sintomas respiratórios (tosse, secreção nasal, perda de olfato ou paladar), pois são frequentes na covid-19 e não ocorrem comumente na dengue e na chikungunya. Outro ponto que pode ajudar na diferenciação delas é a presença de atrite (inchaço, dor e vermelhidão em uma ou mais articulações), que, quando presente, reforça a hipótese diagnóstica de chikungunya”, afirmou Patrícia.

“Neste momento de pandemia, diante do início súbito de febre associada a mal estar geral, dor no corpo e/ou dor de cabeça, deve-se pensar na covid-19 e seus diagnósticos diferenciais, que incluem dengue e chikungunya. Os pacientes devem evitar se automedicar; a melhor opção é sempre procurar orientação médica.”

Patricia Ferraz Marins, infectologista.

Números do Aedes aegypti em Valadares

De acordo com o Levantamento do Índice de Infestação do Aedes aegypti (LIRAa), realizado na segunda quinzena de março, houve um índice de 6,7% de infestação do mosquito transmissor das arboviroses (dengue, zika e chikungunya). Isso significa que, de 100 imóveis, quase sete deles apresenta focos do mosquito.

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde de Governador Valadares, a pesquisa, realizada em 5.617 imóveis, revela que mais de 90% dos focos dos mosquitos continuam dentro dos domicílios. Destes, 32,1% estão nos ralos, calhas e lajes. Em segundo lugar estão os lixos, com 23,6%, seguidos por vasos e pratos de plantas, 21,2%.

Os bairros que registraram os maiores números de casos em Valadares foram: São Cristóvão (57), Santa Rita (36), Altinópolis (28), JK (24) e Vila Rica (23)

Também houve uma alta significativa em relação à pesquisa anterior em pneus, que saltou de 3% para 9%. Só neste ano Valadares houve 422 notificações de prováveis arboviroses. Fazendo um comparativo do número de casos de 2018 a 2021, houve um aumento no número de casos nas últimas três semanas deste ano em relação aos anos anteriores.

De acordo com a pesquisa, os bairros que registraram os maiores números de casos na cidade foram: São Cristóvão (57), Santa Rita (36), Altinópolis (28), JK (24) e Vila Rica (23).

O Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), através da Secretaria Municipal de Saúde, falou ao DRD sobre os motivos do aumento da infestação do Aedes aegypti: “Diversos fatores são determinantes para o resultado do LIRAa. É uma situação histórica em Valadares. Como exemplo, podemos citar o fator climático, com as altas temperaturas da cidade, a forma de construção dos ralos (permitindo água parada o ano todo), o comportamento da população e o fato de o LIRAa ter sido feito após as fortes chuvas na cidade. É muito importante que todos se mobilizem e eliminem todo e qualquer objeto que possa se tornar criadouro do mosquito”, orienta.

Agentes do Centro de Zoonoses retornam com visitas às residências

As visitas domiciliares de agentes do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), para combate ao Aedes aegypti, foram suspensas pelo Ministério da Saúde (MS) no ano passado. Mas neste ano as visitas retornaram; porém, são permitidas somente no exterior das casas. “Os agentes de endemias voltaram a entrar nas residências, seguindo orientações do Ministério da Saúde. Não é permitido entrar no interior das residências, por orientação do Ministério, por conta da pandemia. Os servidores podem apenas entrar em quintais, varandas e verificar os telhados. Não é permitido entrar em casas com pessoas com sintomas de covid-19, para a segurança sanitária do trabalhador”, explicou a SMS.

Atenção o ano todo

Bom ressaltar novamente que este é o principal período de atenção à dengue e outras arboviroses, como zika e chikungunya, mas os cuidados devem ser durante todo o ano. Para evitar a proliferação do mosquito Aedes aegypti, não deixe água acumulada em vasos de plantas, pneus, garrafas plásticas e, até mesmo, em recipientes pequenos, como tampas de garrafas. Piscinas sem uso e sem manutenção também podem se tornar criadouros do mosquito.

O tratamento para essas doenças é, na grande maioria dos casos, apenas para aliviar os sintomas, pois a cura acontece espontaneamente. Mas, antes de se medicar, consulte um médico, pois determinados medicamentos podem agravar o quadro.

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