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Consciência Negra: a história de um povo que resiste

FOTO: Freepik

GOVERNADOR VALADARES – Nesta segunda-feira (20), o Brasil celebra o Dia Nacional da Consciência Negra, data que homenageia Zumbi dos Palmares, líder quilombola. O objetivo é promover a reflexão sobre a inserção da comunidade negra na sociedade brasileira. Apesar dos avanços na área da igualdade racial no Brasil, como a aprovação da Lei de Cotas e a criminalização do racismo, pesquisas mostram que, mesmo representando 56% da população brasileira, o acesso a bens e serviços básicos à população negra, como saúde, educação, trabalho e renda, ainda é desigual.

Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), publicada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no mercado de trabalho a taxa de desocupação no primeiro trimestre deste ano foi de 11,3% entre pretos, 10,1% entre os pardos e 6,8% entre os brancos. Outro destaque é que os brancos ocupam os cargos mais altos no país.
Na educação, os negros também enfrentam desafios. No Brasil, os pretos e pardos têm menos acesso à educação de qualidade e têm maiores taxas de evasão escolar. Em 2022, entre as pessoas negras com 15 anos ou mais, 7,4% eram analfabetas, mais que o dobro da taxa entre as pessoas brancas (3,4%). No grupo etário de 60 anos ou mais, a taxa de analfabetismo dos brancos alcançou 9,3%, enquanto entre pretos ou pardos ela chegava a 23,3%.

Na segurança, os negros também têm piores condições de vida. Conforme o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 408.605 pessoas negras foram assassinadas no país na última década, representando 72% de todos os homicídios do Brasil. Segundo o estudo “Pele Alvo: a Bala não Erra o Negro”, realizado pela Rede de Observatórios da Segurança, do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec), somente no ano passado, 4.219 pessoas foram mortas pela polícia em oito estados brasileiros. Desse total, 2.700 (65,7%) eram negros.

Quando o assunto é saúde, o boletim epidemiológico “Saúde da População Negra”, divulgado pelo Ministério da Saúde, mostra que a mortalidade por infecção da covid-19 é maior entre mulheres negras. Em 2021, ainda segundo o boletim, mais de 60% das mortes por aids foram de pessoas pretas e pardas. A tuberculose, que atingiu 78 mil pessoas em 2022, foi diagnosticada em 49 mil pessoas pardas e pretas, o que representa 63% dos casos.

Na política, os negros também são sub-representados. De acordo com o IBGE, apenas 27% dos deputados federais e 25% dos senadores são negros. Essa sub-representatividade é um reflexo das desigualdades históricas e estruturais que afetam a população negra no Brasil.

Tempo para reflexão

Em entrevista ao DIÁRIO DO RIO DOCE, a doutora em Geografia e professora do Mestrado em Gestão Integrada do Território da Univale, Fernanda Cristina de Paula, afirma que a importância do Dia Nacional da Consciência Negra é extrema, principalmente, no que diz respeito ao fenômeno social. “Grande parte da população ou pensa que é um problema individual de maldade de certas pessoas ou simplesmente nega que existe”, afirma Fernanda. “Então ter esse dia para poder relembrar junto o que já se passou aqui, o que aconteceu aqui antes, ter esse mês para poder pensar as questões raciais é de suma importância”.

De acordo com a doutora, as desigualdades existem e não são naturais.

“As condições de desigualdade são existentes entre a população negra e não é natural. É um pensamento, um preconceito, fruto da forma como a sociedade funciona… A partir de uma classificação que, consciente ou inconscientemente, reforça que o branco é melhor que o preto.”

A doutora Fernanda Cristina de Paula. FOTO: Arquivo pessoal

Fernanda ressalta que o movimento negro tem feito um importante trabalho de resistência e resiliência para combater o racismo no Brasil. No entanto ainda há muito a ser feito.

“Acredito no momento que duas ações são fundamentais para atacar o problema do racismo no Brasil. A primeira é a criação de política pública, que ocorre quando o estado reconhece um problema e cria dispositivos de diferentes estilos em diferentes dimensões para poder resolver um problema”, explica.

“Outra coisa é o letramento racial, um conjunto de práticas pedagógicas que busca conscientizar o indivíduo da estrutura e do funcionamento do racismo na sociedade e torná-lo apto a reconhecer, criticar e combater atitudes racistas em seu cotidiano.”

A luta contra o racismo é possível. De acordo com Fernanda, os avanços visíveis nos últimos anos, como a maior representatividade de negros na mídia e em cargos públicos, mostram que é possível mudar a situação, mas que o cenário está longe de ser o ideal.

“Mas o que é interessante também é que quando a gente vê qualquer notícia ou reportagem que denote as lideranças no Brasil, a gente sempre tem um perfil de gênero e raça específico, que são homens brancos. Então por mais que tenha havido avanços visíveis, há ainda muito a vencer.”

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