O lançamento do Pix no fim do ano passado trouxe facilidade no pagamento. Porém, com a nova modalidade, que viabiliza transações instantâneas, também vieram problemas de segurança de dados e golpes.
Tanto que, na sexta-feira (27), o Banco Central divulgou uma série de mudanças para pagamentos eletrônicos. Uma das novidades é que as transferências não poderão ultrapassar R$ 1.000 entre 20h e 6h, a fim de evitar ações criminosas, como sequestros-relâmpagos.
Outra alteração que agrada os especialistas ouvidos pela reportagem é a possibilidade de o cliente estabelecer limites diferentes no Pix nos períodos diurno e noturno. Assim, a pessoa pode optar pela disponibilização de valores maiores à noite.
Segundo Dandara Aranha, head de segurança da Grafeno, fintech de contas digitais e infraestrutura de registro eletrônico, atualmente os clientes já podem solicitar esse limite de valor. Contudo, a obrigatoriedade vinda do Banco Central reforça a medida de segurança.
Marcelo Godke, advogado especialista em direito empresarial e societário e professor do Insper, assinala que outra possibilidade é aumentar a segurança do celular para evitar que os bandidos acessem o aplicativo do banco, caso o aparelho seja roubado.
Além da senha de desbloqueio do telefone móvel, a recomendação é instalar um aplicativo adicional de segurança. “É possível escolher uma ou duas senhas para acessar os aplicativos escolhidos pelo usuário, fica muito mais difícil acessar o aplicativo do banco que já tenha uma senha própria”, explica o advogado.
Os especialistas salientam que o consumidor deve evitar usar a mesma senha em todos os aplicativos e contas, dificultando o acesso por criminosos.
Para proteger os dados pessoais, a recomendação é não utilizar o CPF, número de celular ou email como chave do Pix. “São informações sensíveis que facilitam o envio de spam e links fraudulentos”, assinala Dandara.
Godke exemplifica que o CPF pode ser utilizado por bandidos para abrir contas bancárias ou, ainda, fazer compras e outras dívidas no nome da vítima. Por isso, o ideal é cadastrar chaves aleatórias ou criar um email exclusivo para esse fim.
Sete dicas para não cair em golpes
Por ser um meio de pagamento rápido e fácil, os golpes envolvendo o Pix estão cada vez mais comuns.
- Não se cadastre em sites desconhecidos.
Não informe dados pessoais, como CPF, número de celular e senhas, em sites desconhecidos. Confira se o endereço corresponde com a marca, empresa ou serviço público. - Não clique em links suspeitos.
Ao receber um link suspeito, não abra, pois ele pode acessar suas informações. Normalmente, esses endereços acompanham alguma oferta convidativa, como descontos e prêmios. - Duvide de pedidos que chegam pelo Whatsapp ou por SMS.
A clonagem do Whatsapp e de números de celular é outro crime que se tornou comum. Os bandidos se passam pelo dono da linha e pedem uma quantia, como se fosse um empréstimo, por Pix. - Atenção aos pagamentos por campo de proximidade, o NFC.
Alguns terminais para esse tipo de transação podem ter sofrido alterações para roubar dados. Se notar algo suspeito, opte por outra forma de pagamento, para garantir sua segurança. - Cuidado com QR Codes falsos.
O QR Code, que viabiliza transações por meio da captura do código, estão populares. No entanto, certifique-se de que o valor que consta no QR Code e o destino do dinheiro estão corretos antes de realizar pagamentos e transferências. - Nunca compartilhe senhas.
Nunca compartilhe as senhas pessoais e não confunda a senha com a chave do Pix. - Cuidado com ligações ou mensagens do banco.
Desconfie de telefonemas ou mensagens cuja pessoa diga ser funcionária do banco onde é cliente.
Fui vítima, o que fazer?
- A principal dica é monitorar seu CPF por meio de ferramentas das empresas de proteção ao crédito.
- Caso caia no golpe, registre um Boletim de Ocorrência e comunique ao banco o ocorrido, para poder pedir o estorno da operação
- Cabe ao banco analisar se vai pagar ou não, como nas demais fraudes bancárias.
Como fazer cadastro correto no Pix
- Pelo próprio aplicativo do seu banco terá uma opção “Pix”.
- Clicando, você será redirecionado para o cadastro das chaves Pix.
- A Chave Pix, que é uma identificação de preferência, pode ser CPF, CNPJ, email, número de celular ou chave aleatória (uma sequência gerada automaticamente), essa é uma forma de não vincular seus dados pessoais às informações da conta (Flavia Kurotori/Folhapress)