Comerciantes do Mercado Municipal ainda sentem os efeitos provocados pela pandemia

O Mercado Municipal sempre foi uma das principais fontes de renda em Governador Valadares. É o ponto de encontro de todas as classes sociais, abastecendo pequenas e grandes redes de mercearias em outros bairros, ou atraindo consumidores de cidades do Leste de Minas, que visitam Valadares e aproveitam para frequentar as feiras de domingo. No entanto, a pandemia do novo coronavírus causou um impacto financeiro enorme para os mais de 170 empreendedores que mantêm um ponto comercial no complexo. Empresários admitem que houve queda no número de clientes e até hoje esse panorama não se normalizou. A esperança é que no final do ano o movimento seja melhor do que no mesmo período em 2020.

No último ano, as únicas datas em que o Mercado Municipal manteve boas vendas foram Natal e ano novo. Mesmo assim, a movimentação não se compara ao período anterior à chegada da pandemia ao Brasil. O presidente da Associação Centro Comercial Mercado Municipal (ACCM), Wirlen Portela, acredita que o segundo semestre de 2021 será melhor. “O Mercado Municipal, como outros segmentos na cidade, sofreu muito com a pandemia. Aqui sofreu mais, porque outras lojas ou empreendimentos tiveram o drive-thru ou entrega no balcão. Infelizmente, muitas lojas aqui não puderam fazer isso, devido a algumas restrições. Quando a cidade estava na onda vermelha, ficou mais difícil manter os estabelecimentos abertos. Depois, com a onda roxa, ficou pior. Agora, com a vacinação das pessoas, a gente acredita que vão melhorar as coisas aqui”, disse.

O Mercado Municipal sempre foi uma das principais fontes de renda de Governador Valadares

Segundo Portela, circulam diariamente no Mercado Municipal entre 5 e 8 mil pessoas. O local é historicamente conhecido na cidade por ser onde se “encontra de tudo”. Itens como roupas, verduras, grãos, sementes, carnes, calçados, ferramentas, brinquedos, bomboniere, rações, remédios, queijos, enfim, vários produtos que talvez não sejam encontrados em outro lugar. Mas, mesmo com a flexibilização recente dos setores da economia, os comerciantes ainda não estão obtendo lucro.

“Ainda é cedo para falar em retomada”, diz comerciante

Os efeitos de uma pandemia não passam de uma hora para outra. Mesmo com a imunização da população, o mundo ainda atravessa um colapso sanitário e econômico. A inflação nos alimentos, por exemplo, obrigou o consumidor a deixar de levar algo a mais na sacola. As altas foram resultado do aumento das exportações, além da disparada do dólar, que deixou os valores praticados lá fora ainda mais altos em reais.

“O comércio em si não está sentido essa melhora ainda. A gente vê um grande número de pessoas circulando nas ruas novamente, mas poucos param para poder comprar alguma coisa. Isso também pode ser atribuído à alta nos preços das mercadorias que vêm de fora”, afirmou Portela.

Wirlen Portela, presidente da Associação Centro Comercial Mercado Municipal (ACCM)

Para a comerciante Maria dos Anjos, dona de uma loja de produtos naturais, o impacto da pandemia foi pior. O número de clientes caiu mais de 80% e ainda não voltou totalmente. “Meu público-alvo são os idosos, que compram produtos naturais. Aliás, no Mercado Municipal, a maior parte dos consumidores são pessoas mais idosas, que compram aqui há bastante tempo. Como os idosos são do grupo de risco, caíram bastante as vendas. Agora que estão voltando a comprar novamente, porque foram os primeiros a ser vacinados. Em relação ao movimento, acho que agora está bem melhor do que no ano passado”, avaliou.

Dona Maria dos Anjos é proprietária de uma loja de produtos naturais

Nabill Zoukan é sócio-proprietário de uma loja de roupas no mercado e também reclama da inflação ocasionada pela pandemia. Ele espera que os clientes se animem nas compras de final do ano. “Eu acredito que, a partir de agora, não haverá o fechamento do comércio como antes, pois a vacinação está avançada e os números de mortes estão diminuindo na cidade. O Brasil precisa é estabilizar os preços dos produtos, que aumentaram bastante. Uma camisa que era vendida por 45 reais é vendida hoje por 75 reais. Não adianta retornar se os preços estão altos. O produto caro o cliente não compra”, comentou.

Nabill Zoukan, sócio-proprietário de uma loja de roupas no mercado, também reclama da inflação ocasionada pela pandemia

Cliente assíduo do Mercado Municipal, o funcionário público Ronaldo Pereira conta que nem adianta pechinchar com os vendedores em relação aos preços.” Antes dava para comprar bastante coisa com pouco dinheiro; era o suficiente. Hoje está tudo mais caro e às vezes nem dá pra pedir que abaixem o preço.”

Comerciantes correm contra o tempo para adequar lojas e garantir o AVCB

Outro problema que o Mercado Municipal atravessa é em relação às adequações para conseguir o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB). Interditado no dia 23 de abril por não ter o AVCB, o Mercado Municipal foi reaberto no dia 24 de junho, graças à anulação da interdição, em sentença proferida pela 3ª Vara Cível da Comarca Valadares. Mesmo assim, os comerciantes ainda correm para se adequar e conseguir o AVCB, evitando uma nova interdição.

“Somos 203 lojas no mercado, e até pouco tempo estávamos com quase 20 lojas que ainda precisavam se adequar. Não é o ideal, e nem é nossa meta deixar isso acontecer, mas aos poucos estão se adequando. Alguns pontos nem estavam funcionando e os donos não se manifestaram se iam se adequar ou não. Isso é errado. Essas lojas que não se adequarem a tempo vão prejudicar os outros comerciantes. Nossa intenção é entrar judicialmente para que os outros lojistas apressem as mudanças”, afirmou Wirlen Portela.

Além dos problemas econômicos causados pela pandemia, comerciantes correm para se adequar e conseguir o AVCB

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