Destinos turísticos tradicionais precisaram se readequar à nova realidade provocada pela pandemia de Covid-19, para receber os turistas com segurança
O mundo parece pequeno dentro de casa, principalmente quando se há em Minas muitos lugares a serem conhecidos. Em mais de 100 dias de isolamento social, centenas de roteiros permaneceram fechados ao público, à espera de decretos municipais que pudessem flexibilizar a reabertura da atividade turística. Mas este reencontro do turista com as belezas mineiras já acontece, com restrições, em algumas cidades do Estado, como Capitólio, na Região Sul de Minas, e Santana do Riacho, um dos municípios que abriga a Serra do Cipó, na Região Central.
Os passeios comerciais náuticos – permitidos desde 19 de junho, no Lago de Furnas – em Capitólio só acontecem mediante o cumprimento de uma série de protocolos sanitários definidos pelas autoridades de saúde. Já na Serra do Cipó, além de ações educativas e da adoção de medidas preventivas, nenhuma hospedagem pode receber mais do que 50% de sua capacidade. No entanto, os atrativos, os serviços turísticos e os restaurantes permanecem fechados. Diante desta nova realidade, provocada pela pandemia de Covid-19, a reabertura das atividades turísticas começa impondo transformações ao meio empresarial.
A adoção da palavra ‘cautela’ se tornou uma rotina no setor. A razão é simples: esta postura continua sendo decisiva diante do processo de flexibilização das atividades turísticas. Segundo a analista de turismo da
Fecomércio-MG, Milena Soares, por se tratar de um momento é atípico, o período requer ainda mais cuidado e diálogo entre empresários e o poder municipal. “Somente juntos será possível equilibrar as necessidades econômicas do setor de turismo, os interesses de cada cidade e as orientações de prevenção e combate ao coronavírus”, detalha.
A atitude dos empresários do setor de turismo tem fundamento comportamental. Preocupados com o risco de contágio, os futuros viajantes tendem a mudar de perfil, preferindo locais mais seguros. “O consumidor, certamente, optará por destinos e serviços que sigam todas as diretrizes sanitárias. Por isso, é essencial que os estabelecimentos se adaptem à nova realidade e se preparem para atender este turista com excelência, que inclui a disponibilização de álcool em gel, o uso de máscaras e o distanciamento entre os frequentadores”, pontua Milena.
Além disso, a especialista destaca a importância de uma comunicação transparente e fluída entre o empresário e os clientes. “É importante que o estabelecimento informe ao consumidor todas as medidas de
prevenção que estão sendo adotadas e, também, o funcionamento dos atrativos turísticos locais e outros serviços na região. Assim, o turista poderá decidir qual será o melhor momento para voltar a viajar e conseguir explorar ainda mais os destinos”, explica a analista de turismo.
Uma pesquisa divulgada em maio pelo site de busca de passagens aéreas Viajala mostrou que o retorno às viagens no país deve começar de carro, com distâncias máximas de até 300 quilômetros. A tendência também foi apontada pelo Ministério do Turismo (MTur), que aposta no crescimento do turismo doméstico, devido aos padrões ainda mais rigorosos no fluxo de pessoas para as viagens internacionais.
O cenário projeta oportunidades para que uma parcela do setor reinvente seus negócios e atraia visitantes de grandes centros urbanos próximos a cidades turísticas. “Quem apostar em serviços diferenciados sairá na frente na retomada das atividades turísticas. Não por acaso, a Fecomércio-MG oferece um canal de atendimento exclusivo para os empresários do setor, por meio de uma consultoria de diagnóstico gratuita e personalizada. A equipe de Negócios Turísticos está pronta para orientar o empresário para o ‘novo normal’”, ressalta Milena.
Impactos da pandemia
O planejamento para a oferta de atividades turísticas pós-pandemia é essencial para a recuperação do setor, um dos mais afetados para a crise do coronavírus até o momento. Uma estimativa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) aponta uma redução no faturamento de R$ 90 bilhões em decorrência da Covid-19. Em Minas Gerais, o setor de turismo soma perdas na ordem de R$ 7,09 bilhões, desde o início da pandemia.
O economista-chefe da Fecomércio-MG, Guilherme Almeida, explica que as atividades turísticas, tradicionalmente, necessitam da circulação de pessoas para fazer a economia girar. “São centenas de serviços interligados, como transporte, hotéis e restaurantes, que estão paralisados ou tiveram uma redução na oferta de serviços. Com isso, os impactos econômicos mensurados sofreram um crescimento exponencial mês a mês”, analisa.
Com a retomada gradual das atividades do setor, uma parcela de turistas estará à procura por viagens e serviços turísticos, devido ao fim do isolamento social e às promoções que deverão surgir para compensar as perdas do setor. “Apesar do cenário desafiador, o momento exige dos empresários do turismo um esforço de adaptação e planejamento para que possam retomar as atividades com segurança, aproveitar as oportunidades e restabelecer seus negócios”, finaliza.