por GUSTAVO URIBE
(FOLHAPRESS)
O presidente Jair Bolsonaro comemorou nesta quarta-feira (15) a intenção dos Estados Unidos de formalizarem o apoio ao ingresso do Brasil na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) no lugar da Argentina.
Na entrada do Palácio do Alvorada, ele disse que se a iniciativa dependesse apenas do apoio pessoal do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o Brasil já teria ingressado na entidade comercial.
“Não posso falar em prazo. Não é apenas do Trump, [se dependesse] do Trump eu já estava lá. Depende de outros países também. E nós estamos vencendo resistência e mostrando que o Brasil é um país viável”, disse o presidente.
Segundo disseram interlocutores à Folha de S.Paulo, os americanos entregaram uma carta à organização internacional oficializando que querem que o Brasil seja o próximo país a iniciar o processo de adesão à entidade.
Na prática, a ação americana significa que Washington defende que o Brasil ocupe a vaga que era da Argentina na fila de postulantes a um lugar no chamado clube dos países ricos. A candidatura do Brasil era costurada desde o governo Michel Temer.
“A notícia foi muito bem-vinda. A gente vinha trabalhando há meses em cima disso, de forma reservada. São mais de cem requisitos para você ser aceito. Nós estamos bastante adiantados”, disse. “E as vantagens para o Brasil são muitas, equivale ao nosso país entrar na primeira divisão”, acrescentou.
Apesar do gesto de Trump representar um trunfo para Bolsonaro, o Brasil só efetivamente iniciará o trâmite de adesão à OCDE após o aval dos demais membros — atualmente são 36 países.
Embora a entrada do Brasil conte com amplo apoio, novos integrantes não devem ser aceitos até que a OCDE conclua uma negociação sobre o seu ritmo de expansão. Os europeus, por exemplo, querem que mais países sejam aceitos, enquanto que os americanos advogam por uma ampliação mais moderada.
De acordo com pessoas que acompanham o tema, os Estados Unidos querem que o Brasil “fure a fila” e ocupe o local que era da Argentina. Até o final do ano passado a Argentina era governada pelo liberal Mauricio Macri, o que fortalecia o pleito do país pelo ingresso na OCDE.
Com a vitória do peronista Alberto Fernández, os americanos passaram a considerar que as novas autoridades em Buenos Aires deixaram de ver a entrada na organização como uma prioridade. Isso permitiu que a operação de troca fosse realizada.