O faixa-preta Ederson Corgosinho é o responsável pelas aulas da equipe Caveirinha Jiu-Jitsu Family Brasil, que conta com cerca de 40 alunos em Valadares
Um trabalho social que usa como ferramenta o jiu-jitsu tem marcado a vida de cerca de 40 crianças e adolescentes em Governador Valadares. A equipe Caveirinha Jiu-Jitsu Family Brasil, no bairro Tiradentes, é comandada pelo professor faixa-preta Ederson Corgosinho, que destaca que as vitórias da equipe vão muito além de medalhas conquistadas em competições.
Durante os sete anos de trabalho no bairro Tiradentes, o professor faixa-preta ressalta que o maior presente para ele é ver o brilho nos olhos dos pais, além da satisfação com a forma como veem a evolução dos filhos. “Aprenderam a comer alimentos saudáveis, as verduras e legumes, aprenderam o respeito com os pais, a melhora no relacionamento familiar. Isso não tem preço. Uma das coisas que me marcaram foi um dia que uma aluna especial, com deficiência na fala, a Mariana Ferreira dos Santos, começou a ensinar uma outra aluna somente com os gestos”, disse Ederson.
De acordo com o professor faixa-preta, seu trabalho se iniciou em 2014, no quintal de sua casa, no bairro Vitória, sem nenhum recurso. No local ele tinha 25 placas de tatame e relembrou que, quando aparecia a chuva, precisava parar o treino e guardar tudo para não molhar. Com o passar do tempo e o crescimento do trabalho, veio a necessidade de ir para um espaço maior, e assim ganharam 70 placas de tatame. “Um milagre de Deus”, nas palavras do professor.
“Hoje contamos com 100 placas e estamos em um local com um pouco mais de conforto para nossas crianças. O significado de trabalhar o lado social se resume em amar o próximo, muitas vezes deixar de fazer para nós para fazer pelos outros. Temos muitos exemplos e um deles é de uma família que foi muito beneficiada pelas regras e disciplina que a arte suave proporciona. Dois irmãos e uma tia com problemas especiais passavam o dia inteiro na rua arrumando confusão e brigas, hoje são um exemplo de comportamento, tanto em casa quanto na sociedade. Além disso, hoje são medalhistas e alunos exemplares”, destaca Ederson.
Todo trabalho social tem suas dificuldades, e nesse, em que é realizada a inserção de crianças e adolescentes no jiu-jitsu, não é diferente. Apesar de nem todos os alunos terem condição de pagar uma mensalidade, o trabalho continua sendo feito com a ajuda de pais e apoiadores da iniciativa privada. “Temos alunos que não pagam nada e ganham até o kimono; outros têm condição de pagar uma taxa que nos ajuda nos custos para manter o espaço. Outra dificuldade é apoio de patrocínio de todas a áreas para levar um atleta de competição para um campeonato mais importante, porque a maioria é realizada em outros estados, como Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo. O custo não fica barato”, revela Ederson.
Outro ponto que o professor faixa-preta ressalta é o trabalho de não deixar o aluno desanimar. “A saída das crianças é muito pouca, porque nós, como professores da CJJF-BRASIL Caveirinha Jiu-jitsu Family Brasil, somos treinados e preparados para entender a capacidade evolutiva de cada atleta; trabalhamos conforme a evolução de cada um.”
Para quem quiser conhecer o trabalho feito por Ederson, os treinos da Caveirinha Jiu-Jitsu Family Brasil acontecem na avenida Décio Nunes Coelho, nº 657, bairro Tiradentes.