Cinco meses após encerrar a produção de veículos no Brasil, a Ford pagou nesta sexta (18) uma indenização de R$ 2,15 bilhões ao Governo do Estado da Bahia.
O valor se refere a um termo aditivo de contrato firmado em 2014, quando a montadora se comprometeu a realizar investimentos no complexo industrial de Camaçari em contrapartida a incentivos fiscais e financiamento a capital de giro.
A fábrica foi fechada em janeiro, logo após a fabricante anunciar que encerraria a produção de automóveis no Brasil. A unidade baiana montava os modelos Ka e EcoSport, que eram os carros mais vendidos da empresa no Brasil.
“Com a decisão da Ford por fechar o complexo em definitivo, esses benefícios foram o parâmetro das negociações para se chegar ao valor da indenização devida pela empresa, acrescido de correção monetária”, diz o governo da Bahia, em nota.
“A Ford confirma que celebrou acordo com o Governo da Bahia no montante de R$ 2,15 bilhões e que o pagamento foi feito integralmente na data de hoje”, diz o comunicado emitido pela montadora na noite de sexta (18).
O valor faz parte do conjunto de despesas geradas pelo fechamento das fábricas e demissão de funcionários – alguns acordos já foram fechados, mas ainda há alguns em andamento.
A Ford prevê um impacto de aproximadamente US$ 4,1 bilhões em despesas não recorrentes, divididos em cerca de US$ 2,5 bilhões em 2020 e US$ 1,6 bilhão em 2021.
O processo teve início em 2019, quando as atividades em São Bernardo do Campo (Grande São Paulo) foram encerradas. Em 11 de janeiro, a montadora anunciou o encerramento das operações em Camaçari, Horizonte (CE) e Taubaté (interior de São Paulo).
Os acordos trabalhistas já definidos incluíram uma indenização mínima de R$ 130 mil aos funcionários das unidades de Camaçari e de Taubaté.
A fábrica de São Bernardo do Campo foi negociada com a construtora São José, especializada em empreendimentos logísticos, e com a empresa Fram Capital, focada em gestão de recursos. Agora, são as novas donas do espaço.
A unidade de Camaçari pode ser vendida para alguma montadora chinesa. As conversas seguem em sigilo, mas espera-se um desfecho ainda neste ano.
No Ceará, o objetivo é manter o jipe Troller em produção independentemente da Ford. A fábrica de Horizonte, que sempre operou com baixo volume de produção, tem cerca de 500 funcionários. As negociações com grupos automotivos devem ser concluídas no segundo semestre.
Enquanto resolve a situação de suas antigas unidades fabris, a marca americana trabalha no fortalecimento de sua linha de veículos importados.
Após lançar o utilitário esportivo Bronco, a Ford prepara a chegada de seu futuro modelo de entrada no mercado brasileiro, a picape Maverick. Ambos os modelos são produzidos no México. EDUARDO SODRÉ – T SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)