O que os pais de alunos acham do retorno das aulas presenciais na rede estadual?

Pandemia ainda é o assunto principal que gera dúvidas para esse retorno

O Governado do Estado de Minas Gerais definiu a data de retorno gradual das aulas presenciais, mas as prefeituras terão a autonomia de autorizar ou não o funcionamento das escolas. A partir de 5 de outubro, as cidades que estão na onda verde do Minas Consciente poderão ter o retorno das atividades presenciais em escolas das redes pública e privada. Já as instituições de ensino superior podem retornar na próxima semana nas cidades que estão na onda amarela.

O Diário do Rio Doce ouviu mães que têm filhos em escolas sobre essa volta às aulas ainda neste ano. Thaise Souza é servidora pública e tem três filhas – de 9, 14 e 16 anos – que estudam na Escola Estadual Prefeito Joaquim Pedro Nascimento, no Centro. Ela acredita que pelo menos a filha mais velha seria prejudicada com a volta às aulas. “Não resolveria o ano letivo, mas poderia ajudar esse retorno das aulas. Só que uma das minhas filhas está no segundo ano do ensino médio e vai para o terceiro ano sem uma base, e isso poderia ser muito prejudicial para ela”.

Thaíse Souza tem três filhas na Escola Estadual Prefeito Joaquim Pedro Nascimento (Foto: Arquivo pessoal Thaise Souza)

Apesar do risco, Thaise Souza revela que enviaria as filhas para as aulas. “Infelizmente, é um risco que alguns vão colocar os filhos para correr, pois estamos vivendo no período de pandemia e não estamos livres de nada. Acho também que a gente viver do jeito que está vivendo não é vida. Como mãe, já ensinei os protocolos, como usar máscara e álcool gel, mas não creio que vá adiantar muita coisa, até porque está tudo funcionando na cidade, menos as aulas. Apesar disso tudo, eu mandaria sim as minhas filhas para a escola. Se as aulas não voltarem este ano, o que será deste ano letivo? Vão repetir de ano? E quem garante que ano que vem estaremos livres do coronavírus”, questionou.

A supervisora de vendas Sabrina de Oliveira Pereira tem duas filhas, uma de 11 anos que estuda na Escola Municipal Professora Laura Fabri, no Ipê, e outra de 14 anos, que é aluna da Escola Estadual Sinval Rodrigues Coelho, no Vila Isa. Ela diz que está preocupada com a possibilidade do retorno das aulas.

“Como mãe, e acredito que a maioria das mães que tenham noção da nossa realidade, hoje em dia não enxergo isso com bons olhos, porque o nosso município não tem estrutura e adequação correta para um eventual retorno. Fico preocupada, pois ainda não temos a vacina. Eu sei que, caso retornem mesmo as aulas, irão fazer os todos procedimentos possíveis, com distanciamento, álcool em gel e outros. Mas fico pensando: e o convívio ao chegar na entrada da escola e no recreio? Ainda mais que já estão há um bom tempo sem aula. Minhas filhas não veem alguns colegas de sala há um bom tempo e acredito que, com esses retornos, irão abraçar, fica perto, ter esse carinho com que nós brasileiros já estamos acostumados, mas, por causa da pandemia, tivemos que aprender a conviver com o isolamento social.”

Sind-UTE/MG é contra a volta das aulas

No site oficial do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais – Sind-UTE/MG tem uma nota discordando da volta às aulas no período de pandemia, na qual destaca o risco a que estudantes e profissionais estariam sendo expostos. O diretor estadual do Sind-UTE/MG – Regional Vale do Rio Doce, Rafael Toledo, ressalta a posição do sindicato sobre a discordância da volta as aulas.

“As recentes indicações de retorno às atividades escolares por parte do secretariado do governo Zema são de estarrecer, porque são desprovidas de um olhar mínimo para a complexidade do problema: não há esclarecimento sobre que providências foram ou serão tomadas no sentido da proteção das vidas envolvidas no processo, levando-se em conta não só os servidores envolvidos, mas também todos os componentes das famílias de todas as comunidades escolares. Aparentemente, é um processo desencadeado para atender a lobbies, mas que não tem compromisso de resolver tanto o problema da pandemia, através das ações cientificamente comprovadas como eficazes, como não preparar os ambientes escolares, sanando os graves problemas de falta de infraestrutura. Como há uma decisão liminar em vigor, se o governo se nega em agir sobre a realidade, que a sociedade exija que tenha a postura que cabe aos governantes. Não podemos expor milhões de mineiros ao risco de morte para satisfazer interesses de grupos econômicos”, disse.

Diretor estadual do Sind-UTE/MG – Regional Vale do Rio Doce ressalta desaprovação do sindicato (Foto: arquivo Sind-UTE/MG)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

[the_ad_placement id="home-abaixo-da-linha-2"]

LEIA TAMBÉM