Alerta: Mortes por doenças cardiovasculares aumentam na pandemia

Médico cardiologista valadarense alerta para baixa procura por atendimento médico durante a pandemia

As mortes por doenças cardiovasculares, como infarto e AVC, dispararam na pandemia: entre janeiro e agosto deste ano, cerca de 85 pessoas morreram por dia devido a problemas cardiovasculares em Minas Gerais. Segundo dados de cartórios do Portal da Transparência, em parceria com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), as mortes aumentaram 25,7% em relação ao mesmo período de 2019. Na visão de especialistas, por trás deste aumento escondem-se a baixa procura por atendimento médico durante a pandemia e o relaxamento da saúde, incluindo a má alimentação durante o isolamento social.

As doenças cardiovasculares são um conjunto de problemas que atingem o coração e os vasos sanguíneos, e que surgem com a idade. Normalmente, são relacionadas a hábitos de vida poucos saudáveis, como alimentação rica em gordura e falta de atividade física. As doenças mais comuns são insuficiência cardíaca, pressão alta, arritmia cardíaca, cardiopatia congênita, angina e miocardite.

Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo, matando mais que o dobro de todos os tipos de câncer juntos.

O DRD conversou com o médico cardiologista do Hospital Bom Samaritano em Governador Valadares, Francisco Motta Jr. Ele confirma que, em nível nacional, houve aumento no número de óbitos relacionados a problemas cardiovasculares. “No primeiros seis meses de 2021 tivemos 52 mil óbitos no Brasil. Ano passado foram em torno de 44 mil mortes. Ou seja, esses números equivalem a mais de 30% de todas as mortes ocorridas no Brasil”, explicou.

Segundo o médico cardiologista Francisco Motta Jr. “a covid-19 afeta também a parte cardiológica e acaba levando à insuficiência cardíaca, em alguns casos”

Segundo Motta, a alta de mortes é um reflexo do abandono do controle de fatores de risco, como hipertensão, diabetes e obesidade, durante a pandemia. “Está associada em inúmeras causas. A imensa maioria das causas de doenças cardiovasculares está no nível, fatores de risco de pressão alta, colesterol, sedentarismo. Isso ficou bem acentuado na pandemia. As pessoas estão deixando de lado os cuidados, preocupadas com outras doenças, que não deixam de ser perigosas.”

Outro efeito causado pela pandemia é o sumiço dos pacientes dos consultórios médicos. As pessoas estão deixando de fazer o acompanhamento e as consequências poderão ser observadas lá na frente. “Pacientes com casos graves não deixam de chegar ao consultório. Já o paciente de controle de uma hipertensão leve, que só faz um check-up geral uma vez por ano, esse diminuiu bastante. Agora, depois de muito tempo, estamos começando a perceber que as pessoas estão perdendo o medo do coronavírus e retornando aos consultórios médicos”, ressaltou.

Engana-se quem pensa que as doenças do coração estão relacionadas somente à idade, especialmente a pessoas acima dos 50 anos. De acordo com o médico, desde o início da pandemia, a presença de jovens nos consultórios aumentou. “Pacientes mais jovens têm tido problemas cardiovasculares. Isso acontece exatamente por todos os fatores que estamos falando. Houve diminuição dos cuidados básicos com alimentação e sedentarismo. Basta a pessoa fazer um exame de consciência. Repare no seu estilo de vida atual e compare com o que tinha antes da pandemia.”

Cuidados são necessários para todas as idades

Os cuidados com a saúde cardíaca devem fazer parte da rotina desde o início da vida. A alimentação saudável, o controle do estresse e a atividade física são medidas essenciais para a prevenção de doenças cardiovasculares.  A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda de 150 a 300 minutos, no mínimo, de atividade aeróbica por semana para adultos saudáveis e uma média de 60 minutos por dia para adolescentes.

A falta de atividade física favorece o acúmulo de gordura nas paredes dos vasos sanguíneos, o que dificulta a passagem de sangue, compromete o funcionamento do órgão e pode levar ao infarto, além do risco de provocar acidente vascular cerebral (AVC) e trombose.

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