O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), disse ontem que os servidores apadrinhados por Eunício Oliveira (MDB-CE), José Sarney (MDB-AP) e Renan Calheiros (MDB-AL), seus antecessores, estão em estágio probatório desde que ele assumiu a presidência da Casa, no dia 2 de fevereiro. “Está todo mundo em estágio probatório. Estou conversando com vários consultores, técnicos do Senado e ouvindo”, disse a jornalistas.
No último domingo, 17, o jornal O Estado de S. Paulo mostrou que, apesar do discurso de pacificação adotado após ser eleito presidente do Senado, Alcolumbre prepara uma “faxina” em cargos de diretoria e coordenadoria da Casa controlados pelo MDB. A lista de diretores, secretários e coordenadores de áreas que vão passar pelo pente-fino tem 184 nomes.
A avaliação do presidente do Senado e de pessoas do seu entorno é de que, se quiser fazer uma renovação na Casa, como prometeu aos colegas, precisará acabar com o que considera “maus hábitos” que estariam impregnados nos principais postos de comando. Na prática, o controle vai passar para as mãos do novo grupo que comandará o Senado no biênio 2019-2020.
O primeiro demitido da gestão Alcolumbre foi o diretor da Polícia Legislativa, Pedro Ricardo Araújo Carvalho, que ocupava o cargo há 14 anos. Ele chegou por indicação de Renan e permanecia no cargo.
“[A demissão de] Pedro foi por causa da investigação da urna. Não era a Polícia do Senado responsável? Para fazer uma coisa séria, para não dizer que estava protegendo alguém. Qual meu sentimento em relação a Pedro? Era chefe da polícia do MDB há trinta anos. Agora mudou, mudou”, explicou à imprensa nesta sexta-feira, referente à eleição para presidência do senado fraudada.
O presidente do Senado também analisa a permanência do secretário-geral do Senado, Luiz Fernando Bandeira de Mello, que chegou a ser destituído por Alcolumbre no dia da eleição após manobra que favoreceu Renan, mas foi reconduzido ao posto. “Bandeira é um grande quadro do Senado. É muito bom. Mas tem outros bons também”, comentou.
“Os senadores que estavam comigo falavam: ‘Davi, agora a gente já ganhou a eleição, nós vamos tirar eles de tudo’. Eu falei ‘pera lá, a gente estava reclamando tanto do Renan e a gente vai fazer igual?’. Não é possível, está errada essa conversa. Não acho que é certo (tirar de tudo). Os partidos estão aí, vamos botar a representatividade dos partidos, independente de votos”, disse o presidente.
Alcolumbre contou que teve um encontro acidental com o ex-presidente da Casa, Renan Calheiros, na liderança do MDB esta semana. Alcolumbre disse que o cumprimentou chamando-o de “presidente” e que ouviu “parabéns” do senador Renan, que foi derrotado por ele na eleição do início do mês.
“Da minha parte já passou a eleição. Nunca pensei que ia chegar aqui. Senadores confiaram em mim e eu cheguei. Os senadores se conscientizaram com os votos que a população deu na eleição no ano passado e ficaram firmes no propósito de mudança. A imagem do senador Renan não é uma imagem boa perante a opinião pública. O Renan não é mudança. Se a Simone Tebet (MDB-MS) fosse candidata a presidente, as minhas chances seriam remotas”, avaliou.
por Teo Cury (AE)