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Aeroporto de Confins recebe 19º voo com passageiros deportados dos EUA

Por Raimundo Santana

Entre os imigrantes expulsos daquele país estava um condenado pela justiça brasileira, que foi preso pela Polícia Federal ao desembarcar em solo mineiro

Depois da explosão da emigração para os Estados Unidos nos últimos três anos, com o afrouxamento das fiscalizações na fronteira do país americano com a do México, os casos de tentativa de entrada ilegal aumentaram bastante, com a reedição do chamado “Cai Cai”, a partir de 2018.

 Essa artimanha consiste na chegada ao país norte-americano de um homem e uma mulher com uma criança, supostamente filha do casal, que não pode ser presa nem separada. Os recém-chegados recebem permissão para entrar no país e depois comparecer a uma Corte, onde um juiz define se os repatria ou não.

Com isso, milhares de pessoas de todas as partes do Brasil e de outros países da América do Sul e Central aproveitaram para ter acesso às terras do Tio Sam. Muitos estão lá até hoje, mas uma grande maioria não teve a mesma sorte e acabou sendo enviada a seus países de origem.

De acordo a empresa BH Airport, que administra o Aeroporto Internacional de Confins, já foram retornados 1.063 brasileiros em 19 voos vindos dos Estados Unidos trazendo imigrantes deportados. Na sexta-feira, 21, aterrissou o último, com 52 deportados, muitos deles da região de Governador Valadares, que ainda continua sendo o principal portão de entrada para os Estados Unidos de forma ilegal.

Os voos são fretados pelo governo dos EUA, que também utiliza voos comerciais, dependendo da oferta de assentos. Nesse último voo, que chegou com mais uma leva de deportados, estava um homem de 47 anos, que foi preso pela Polícia Federal ao descer do avião.

Contra ele existia um mandado de prisão, por seu envolvimento no tráfico internacional de drogas. Outro casal foi preso também, sob suspeita de adulterar um passaporte para uma criança como se ela fosse sua filha. Aliás, muitas “famílias” foram montadas dessa forma na região de Governador Valadares.

Durante a vigência da versão 2018 do “Cai Cai”, a Polícia Federal de Valadares prendeu na cidade várias pessoas que solicitavam passaportes para crianças e apresentavam documentos falsificados ou com informações e fotos inconsistentes.

Mesmo com a eficiência dos federais, muitos “casais” conseguiram obter o documento e foram enviados aos EUA pela rede de intermediários de coiotes que agem na cidade e que ganharam muito dinheiro enquanto o golpe estava dando certo. Só para se ter uma ideia, era cobrado de uma “família”, composta por pai, mãe e filho(a), a quantia de U$18 mil a U$20 mil, que na cotação de hoje equivale a mais de R$100 mil.

Mas a tentativa dos valadarenses e de moradores das cidades da região do rio Doce de conseguir chegar e ficar nos Estados Unidos não acabou. De forma reduzida e discreta, para não chamar a atenção das autoridades, alguns intermediários de coiotes, chamados também de “cônsules”, ainda se arriscam a mandar pessoas para a fronteira usando rotas alternativas.

A verdade é que a Constituição garante ao cidadão o direito de ir e vir, até que se prove que para isso ele não tenha cometido algum tipo de crime. No entanto, é preciso saber dos riscos que a pessoa vai correr, principalmente de ser submetida a todo tipo de constrangimentos, restrições alimentares e de saúde, e até mesmo ser morta durante a travessia, feita sob condições sub-humanas, que muitos não conseguem vencer e acabam morrendo pelo caminho.

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