Na sexta-feira, dia 21, chegou a Belo Horizonte, em Minas Gerais, o primeiro avião com 30 brasileiros deportados sob a administração de Joe Biden. De acordo com as informações divulgadas inicialmente, o número seria de 106, mas a grande maioria conseguiu suspender a deportação e outros não fizeram o teste de covid, determinado pelas autoridades brasileiras para entrar no Brasil.
O advogado especializado em imigração Danilo Brack revelou no sábado, dia 22, que a administração de Joe Biden tem mais três aviões programados para ser enviados ao Brasil. Todos com brasileiros deportados. A ação gerou uma revolta entre os ativistas, pois o presidente garantiu que, assim que assumisse cargo, trataria com mais humanidade os imigrantes que chegassem ao país.
Mas, de acordo com os ativistas, a maioria dos brasileiros deportados não teve chances de ser ouvida por um juiz de imigração. Alguns lembraram que Biden foi vice-presidente na administração Obama, quando foi registrado o maior número de deportação na história dos Estados Unidos.
O advogado não revelou quando os próximos aviões serão enviados ao Brasil, mas garantiu que em breve as datas serão divulgadas. “Infelizmente, muitos que acreditaram que o presidente Biden seria bom para os imigrantes estão vendo que a maioria das promessas ficou apenas em promessas”, afirmou.
O chefe da Delegacia de Imigração da Polícia Federal do Brasil, Marinho Rezende, confirmou que há vários voos programados com deportados neste ano porque os abrigos do governo dos EUA estão lotados de imigrantes que foram detidos na travessia da fronteira com o México.
Imigrante valadarense desabafa: “Ato desumano”
A mídia tinha divulgado que seriam 106 passageiros, mas apenas 30 desembarcaram. O Itamaraty explicou que essa redução aconteceu porque “alguns brasileiros obtiveram judicialmente a suspensão da ordem de deportação” e outros foram submetidos, durante a detenção, a testes de detecção de covid diferentes dos exigidos pela legislação brasileira para ingresso em território nacional.
Entre os deportados estava um mineiro que se identificou como Pedro. Ele disse que ficou algemado toda a viagem. “Eu saí de Governador Valadares em busca de uma vida melhor, mas fui preso durante a travessia”, disse. “Os agentes de imigração tratam as pessoas como eles querem. Nos trataram mal. Nos trataram com desumanidade”, continuou.
Outros brasileiros que foram deportados em voos anteriores também relataram maus-tratos. Um deles, que não se identificou, afirmou que muitos passaram fome durante a prisão.
Este é o primeiro voo com brasileiros deportados desde a posse do presidente Joe Biden, e o 23° com o mesmo padrão. Em 2019, sob o governo Trump, os voos de deportação foram intensificados sob a alegação de que a travessia na fronteira aumentou muito. Algo que voltou a ocorrer nos dias atuais.
De acordo com as informações, 1.225 pessoas foram deportadas em voos fretados desde 2019:
26 de outubro de 2019 – voo com 50 pessoas
24 de janeiro de 2020 – voo com 60 pessoas
07 de fevereiro de 2020 – voo com 100 pessoas
14 de fevereiro de 2020 – voo com 86 pessoas
19 de fevereiro de 2020 – voo com 17 pessoas
02 de março de 2020 – voo com 113 pessoas
06 de março de 2020 – voo com 55 pessoas
09 de março de 2020 – voo com 42 pessoas
16 de março de 2020 – voo com 64 pessoas
20 de março de 2020 – voo com 47 pessoas
23 de março de 2020 – voo com 38 pessoas
27 de março de 2020 – voo com 43 pessoas
03 de abril de 2020 – voo com 37 pessoas
24 de abril de 2020 – voo com 85 pessoas
15 de maio de 2020 – voo com 80 pessoas
29 de maio de 2020 – voo com 22 deportados
19 de junho de 2020 – voo com 39 pessoas
17 de julho de 2020 – voo com 33 pessoas
21 de agosto de 2020 – voo com 52 pessoas
25 de setembro de 2020 – voo com 52 pessoas
30 de outubro de 2020 – voo com 51 pessoas
04 de dezembro de 2020 – voo com 29 pessoas
21 de maio de 2021 – voo com 30 pessoas