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A economia de cada dia: inflação x poder de compra

Quando o assunto é economia, só de pensar em tantos números, dados, porcentagens, siglas que parecem não fazer sentido, a vontade é de parar por aí mesmo com tanta informação. Por exemplo, o que significa dizer que o IPCA atingiu 1,06% no mês de abril?! 

A economia de cada dia

Vamos por partes, então. É possível entender esse dado de uma forma bem simples. O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) é uma forma que o Governo Federal usa para medir a inflação no país. De maneira mais simplificada ainda, é como se ele fosse até o supermercado, olhasse o preço do feijão e depois de 30 dias verificasse novamente o preço desse mesmo produto. Se o preço do feijão aumentar nesse período de 30 dias, isso quer dizer que houve uma inflação no valor desse alimento, o que impacta diretamente no bolso da população que não vê esse aumento na renda mensal acontecer de forma proporcional. 

A inflação teve alta de 1,06% em abril, após ter alcançado 1,62% em março. Esse foi o maior resultado para o mês de abril desde 1996 (1,26%). Crédito: DRD/ TV Leste

Então, voltando para aquele dado inicial do IPCA, o valor de 1,06% é a média de todos os produtos e serviços no país que durante o período de um mês sofreram alguma variação no valor, positiva ou negativa, seja qual for o motivo. A porcentagem serve como indicador de que estamos pagando mais caro por um mesmo produto que compramos há um mês. Mas é importante destacar que isso se trata apenas de uma média, já que, quando analisamos de forma mais detalhada os números, é possível detectar quais produtos ou serviços causaram a elevação do IPCA, como conta André Almeida, analista do IBGE.

“Alimentos e transportes, que já haviam subido no mês anterior, continuaram em alta em abril. Em alimentos e bebidas, a alta foi puxada pela elevação dos preços dos alimentos para consumo no domicílio (2,59%). Houve alta de mais de 10% no leite longa vida, maior contribuição (0,07 p.p.), e em componentes importantes da cesta do consumidor, como a batata-inglesa (18,28%), o tomate (10,18%), o óleo de soja (8,24%), o pão francês (4,52%) e as carnes (1,02%)”, elenca o analista do IBGE.

Inflação x poder de compra

Como deu para perceber, a perda do poder de compra está relacionada com o aumento da inflação. Na medida em que esse índice aumenta, mês após mês, e o salário se mantém o mesmo neste período, é como se o dinheiro não desse conta para pagar as despesas. Nesse sentido, o Governo Federal tenta intervir de diversas formas com o objetivo de não deixar a roda da economia parar de girar. 

Basicamente, para essa roda girar, são necessárias duas coisas importantes: pessoas vendendo produtos ou oferecendo serviços e pessoas com a capacidade de comprar esses produtos ou pagar pela prestação de serviço. Quando há um desequilíbrio em um dos lados, isso afeta a economia, que afeta no quanto você vai poder gastar na compra do mês. 

A balança da economia 

Neste momento, temos no Brasil um desequilíbrio por parte de quem compra. Depois de um período em que a economia retraiu, principalmente por causa da pandemia da covid-19, fazer com que as pessoas reconquistem o poder de compra às vezes é uma tarefa que exige criar estímulos para aquecer e fazer essa roda ganhar mais força para girar, como é o caso das medidas tomadas pelo Governo Federal com a oferta melhores de empréstimos para aposentados e pensionistas, antecipação do 13º salário e o saque do FGTS. 

“O Governo Federal lançou esse pacote com o objetivo de dar uma aquecida na economia pós-pandemia. Então, esse aquecimento da economia viria por meio da facilidade e aumento do crédito, e também um aumento na renda disponível das famílias, que é via essa antecipação do FGTS e antecipação do 13º salário. No caso do FGTS, o trabalhador tem direito ao saque extraordinário de até 1 mil reais.  Então, esse dinheiro [do FGTS], que era para estar parado, agora colocado na economia, a expectativa do governo é que isso gire o comércio, gire os serviços, e isso aqueça a nossa economia mesmo. É uma medida de curto prazo, mas é uma medida muito positiva sim para o comércio e para todo o mundo”, explica a economista Beatriz Pereira de Almeida.

A economista Beatriz Pereira explica sobre as medidas tomadas para fortalecer o poder de compra do consumidor. Crédito: DRD/ TV Leste

E de certa forma essas medidas têm gerado movimento na economia, é pelo menos o que indica um levantamento feito pela CNC (Confederação Nacional do Comércio), na qual estipula que 36% (cerca de R$ 10 bilhões) dos valores liberados para saque do FGTS deverão ser gastos pelos consumidores no comércio, 34% (cerca de 9,8 bi) no setor de serviços, 24% (cerca de 6,9 bi) no pagamento de dívidas e 6% (cerca de 1,7 bi) no consumo futuro.

Ainda de acordo com a pesquisa, essa movimentação aponta expectativas positivas para o comércio. Em meio a uma inflação que está crescendo e comprometendo a renda das famílias, a injeção de recursos poderá movimentar o setor do comércio ligado a bens essenciais, principalmente os alimentícios. Essa mesma previsão da CNC é também o que o gerente de um supermercado em Governador Valadares indica ser o motivo das vendas no estabelecimento se manterem estáveis, mesmo com o aumento nos preços dos produtos. 

“Inicialmente, a gente acreditava que, devido à situação econômica do país, pudesse haver um pouco de retração na compra do consumidor. Só que a gente acredita que o dinheiro do FGTS que foi injetado no mercado, apesar de a gente não conseguir mensurar, eles acabaram servindo como um reforço de caixa para esse consumidor, e acabou utilizando para fazer a compra do mês”, disse Cristiano Alves, gerente de supermercado. 

Segundo Cristiano, no mês de abril, o supermercado registrou um aumento de 10% a 12%, comparado ao mesmo período em 2021. Crédito: DRD/ TV Leste

Na queda de braço entre inflação e poder de compra é importante destacar que, mesmo sendo todas essas medidas, a curto prazo, com o objetivo de fortalecer o consumidor e a economia de modo geral, é necessário ter a noção dos impactos futuros.

“É importante frisar que não é obrigatório fazer o saque. O dinheiro vai estar disponível, você pode optar por deixar ele lá ainda nesta espécie de poupança, que foi criada para esse programa. Então você pode fazer isso. Mas, se você precisa, ou você tem alguma dívida, é interessante que você utilize esse dinheiro disponível, ao invés de recorrer a empréstimos para pagar juros caros. É melhor você usar o dinheiro de quando você é credor do FGTS, mas estar devedor em uma instituição bancária. Então, é melhor que você use para pagar as suas dívidas. Lembrando que é um dinheiro para uma eventualidade. Se você não está precisando quitar alguma dívida, ou uma compra que você está precisando muito, talvez seja melhor ter uma parcimônia e usar esse dinheiro para uma eventualidade mesmo”, orienta a economista. 

Sobre o saque do FGTS

Segundo a Caixa, o calendário do saque extraordinário do FGTS vai até 15 de junho e foi estabelecido de acordo com o mês de nascimento do trabalhador. Os valores chegam a até R$ 1.000, considerando a soma dos saldos disponíveis nas contas do Fundo de Garantia.

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