No dia 17 de junho, o prefeito André Merlo (PSDB) publicou um novo decreto no Diário Oficial, restringindo o funcionamento de bares e restaurantes em Governador Valadares, diante da pandemia do novo coronavírus.
De acordo com o texto, até o dia 2 de julho, os estabelecimentos só poderão atender de maneira presencial entre 7 e 19 horas. Fora desse horário, serão permitidos somente delivery e retirada de pedidos no balcão, sendo que, nos finais de semana, o funcionamento deverá ser feito exclusivamente por entrega em domicílio.
O representante dos proprietários de bares e restaurantes de Governador Valadares, Marcelo Schlaucher, da Pizzaria Waldinelly, avalia que a categoria está sendo penalizada com o novo decreto. Para ele, outros tipos de estabelecimentos foram poupados de medidas restritivas, mesmo havendo potencial para a transmissão do coronavírus.
“A população de um modo geral se virou contra os bares e restaurantes, achando que a culpa é nossa por essa pandemia. Na verdade, não é assim. Não vamos pagar essa conta sozinhos. Não é culpa nossa essa questão do coronavírus. Estamos com uma nota de repúdio, porque só quem está sendo penalizado é quem trabalha à noite, o que é imoral, eu acho. A culpa não é só nossa. Supermercados estão lotados, também farmácias e padarias. Templos religiosos estão lotados, e nós estamos pagando essa conta toda”, disse Schlaucher.
O DRD conversou com outros donos de bares e restaurantes para saber a opinião deles acerca do decreto e da maneira como seus estabelecimentos podem ser afetados pela medida.
Bar do Beto
Edilce de Souza, juntamente de seu esposo, Antônio Roberto, mostrou grande insatisfação com o decreto. Ela acha injusto que o seu restaurante seja afetado pelo decreto enquanto outros estabelecimentos, como supermercados e padarias, não receberam tantas restrições.
No local, são servidas refeições em horário de almoço, além de porções na parte da noite. Como não tem serviço de entrega, o bar aguarda prejuízos devido ao novo horário de funcionamento. De acordo com Edilce, ela não teria condições de contratar um motoboy, já que a situação financeira está apertada.
“Minha situação financeira só está piorando. Estou custando a manter os nossos funcionários e não podemos mandar eles embora. Isso está complicando muito nossa vida”, afirma ela.
Churrascaria Spettus
Alcides Caumo, proprietário do restaurante, não é contra as medidas de prevenção ao coronavírus. Porém, ele não está de acordo com a maneira como elas estão sendo administradas. Ele acredita que o horário de fechamento que já estava estabelecido, às 21 horas, era suficiente.
“A epidemia vem de todos os segmentos. Porém, aquele que está sendo mais afetado é este, de bares e restaurantes”, comenta ele.
Apesar de a churrascaria trabalhar com entregas, o local se tornou famoso pelo atendimento com o rodízio de carnes. Portanto, a demanda por delivery é bem menor, já que não se equipara à experiência do atendimento presencial com o rodízio.
Para ele, o setor de bares e restaurantes está sendo muito castigado pelo coronavírus, mas, mesmo pensando que as restrições estão um pouco exageradas, “se for belo bem do povo, não é problema dar uma sacrificada”.
Bar Marechal
Hélio Justino, sócio do bar, disse que as despesas são altas e que a receita do bar caiu para 40% quando o horário de fechamento passou a ser às 21 horas. Com o decreto em que o horário passou para as 19 horas, a previsão é que a receita seja reduzida ainda mais.
O local está se adaptando e recentemente começou a trabalhar com delivery, por conta das restrições, ainda mais agora, quando não será permitido o serviço presencial nos finais de semana.
“Mas, se você for olhar direito, não é só o sábado e o domingo que não terá atendimento presencial. Será todos os dias, já que 90 por cento dos bares não abrem durante o dia. Normalmente eles abrem no final da tarde, então muitos nem vão conseguir abrir”, afirma Hélio.
Por fim, ele ironiza: “O vírus só funciona nos bares e durante a noite. Nos bancos, nas loterias e no supermercado, ele não funciona”.