PSDB e Solidariedade buscam outros partidos e miram candidatura presidencial em 2026

FOTO: Assessoria deputado federal Aécio Neves/PSDB

RANIER BRAGON

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – PSDB e Solidariedade deram largada na noite dessa terça-feira (7) à tentativa de firmar uma federação com o objetivo de atrair outras legendas e disputar as eleições presidenciais de 2026 com um candidato de fora do arco de influência de Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL).

A busca de uma alternativa eleitoralmente viável aos atuais dois polos eleitorais no Brasil fracassou em 2022, quatro anos depois da ascensão do bolsonarismo, em 2018, que derrubou a polarização eleitoral PT-PSDB que vigorava desde os anos 90.

Dirigentes de PSDB e Solidariedade jantaram no restaurante Grand Cru, em Brasília. Entre outros, compareceram Marconi Perillo, presidente nacional do PSDB, o deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG), um dos principais líderes históricos da sigla, e o deputado Paulinho da Força (SP), fundador do Solidariedade.

A tentativa de aliança é uma sinalização clara do Solidariedade de insatisfação com Lula. Embora tenha integrado a chapa do petista em 2022, o partido não está na lista de prioridades do governo e do PT na relação com aliados.

“Não acredito que o Brasil se resuma a esses dois polos que hoje de alguma forma conduzem a política brasileira. Existe espaço para um projeto de centro, e esse projeto precisa nascer ou renascer. Então eu acho que essa federação com Cidadania e ampliada com Solidariedade é o embrião de um projeto que vai atrair outras forças que não se sentem identificadas com esses dois extremos”, disse Aécio.

Tanto o Solidariedade quanto o PSDB – até a década passada um dos maiores partidos do Brasil – têm tamanho pequeno no Congresso Nacional. Na Câmara, ocupam apenas 22 das 513 cadeiras (5 do Solidariedade e 17 da federação PSDB-Cidadania). No Senado, apenas 1 das 81 vagas (PSDB).

A ideia dos dois partidos, porém, é atrair mais legendas para a aliança.

O Cidadania já está federado com o PSDB, mas outros partidos estão na mira, como o Podemos, o PDT e outras siglas que, hoje, estão formalmente alinhados ao governo Lula.

“Algumas que hoje estão ao lado do governo não necessariamente estarão com o governo em 2026. O governo vai chegando ao final, o cenário se altera”, diz Aécio.

“Eu sei o tamanho do estrago que foi feito no PSDB nesse passado recente, sobretudo em 2022 quando a própria direção do partido nos impediu de ter uma candidatura presidencial, para atender outros interesses. Eu sei o dano que isso causou a nós, mas o PSDB continua sendo uma alternativa de poder.”

Perillo já teria tido conversas com Ciro Gomes (PDT), que foi um dos que tentou colocar de pé o projeto de terceira via em 2022, mas ficou em quarto na disputa, com apenas 3,04% dos votos válidos – Simone Tebet (MDB), hoje ministra de Lula, foi a terceira, com 4,16% dos votos.

O presidente do Cidadania, Comte Bittencourt, disse que não foi procurado nem por PSDB, com quem firmou em 2022 uma federação que tem que ser mantida até pelo menos 2026, nem por Solidariedade.

“Não estamos participando, o que estranhamos, porque é uma federação e a federação será ampliada em função do desejo dos partidos que dela fazem parte. Isso não quer dizer que seremos contrários à ampliação, mas entendemos que é um debate pós-eleição de 2024”, afirma Comte.

De acordo com ele, o Cidadania irá participar de qualquer debate no campo democrático, a qualquer tempo, mas que o foco do momento são as eleições municipais.

“Estamos aí às vésperas das convenções de eleições que são importantes para o Brasil, são eleições estratégicas para as cidades e para qualquer projeto nacional futuro.”

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