BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O governo Lula (PT) quer mais 60 dias para tentar chegar a um acordo sobre a leniência firmada pelas empreiteiras no âmbito da Operação Lava Jato.
Em manifestação ao ministro André Mendonça, do STF (Supremo Tribunal Federal), desta sexta-feira (26), a AGU (Advocacia-Geral da União) afirmou que não foi possível, até o momento, uma “resolução consensual”, apesar da “intensa negociação promovida” pelo órgão e pela CGU (Controladoria-Geral da União) e da “disposição demonstrada” pelas construtoras.
As discussões de renegociação entre AGU, CGU e as empresas foram iniciadas em março, após determinação de Mendonça do mês anterior.
As empreiteiras querem usar até 50% do seu prejuízo fiscal para abater as multas, enquanto a AGU e a CGU ofereceram 30%.
Os prejuízos fiscais são definidos contabilmente quando a empresa antecipa o pagamento de tributos sobre um lucro que depois não se realiza. Quando isso ocorre, o governo permite que compensem o valor em futuros pagamentos de tributos.
As empreiteiras que discutem as multas com a União são Metha (antiga OAS), Novonor (antiga Odebrecht), UTC, Engevix, Andrade Gutierrez, Camargo Correa e Coesa. Juntas, elas devem R$ 11,8 bilhões em valores corrigidos.
A utilização do prejuízo fiscal no pagamento de multas de acordos de leniência é permitido por uma lei aprovada no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A decisão de Mendonça determinando a reabertura das negociações foi dada em ação apresentada por PSOL, PC do B e Solidariedade, partidos representados na causa por integrantes do escritório de advocacia de Walfrido Warde, conhecido por posicionamentos críticos aos métodos da operação.