Calixcoca foi desenvolvida pela Universidade Federal de Minas Gerais, com apoio da Fapemig
GOVERNADOR VALADARES – Na noite da última terça-feira (21), duas adolescentes de 12 e 15 anos foram apreendidas com uma barra de crack durante uma operação da Polícia Militar Rodoviária (PMRv) em Divino das Laranjeiras. Os militares abordaram o táxi com destino a Mantena em que as jovens estavam, e, após verificação do veículo, encontraram a droga de aproximadamente 1 kg dentro de uma caixa. As adolescentes foram encaminhadas para a delegacia de Conselheiro Pena e as autoridades acionaram o Conselho Tutelar.
Casos como esses são comuns no Brasil, visto que o país é o maior mercado mundial de crack e o segundo maior de cocaína. Os dados são do levantamento feito pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Foi pensando nisso que a equipe da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) desenvolveu a vacina “Calixcoca”, uma solução terapêutica que combate a dependência de cocaína e crack. A iniciativa foi destaque na segunda edição do Prêmio Euro Inovação na Saúde, e levou o prêmio de 500 mil euros – o equivalente a mais de R$ 2,6 milhões.
A cerimônia de entrega do prêmio aconteceu na noite do dia 18 de outubro, em São Paulo. A segunda edição do prêmio contou com 12 iniciativas inovadoras desenvolvidas na América Latina no campo da saúde. Além da Calixcoca, as outras duas inovações finalistas também eram brasileiras. A vacina SpiN-Tec, contra a Covid-19, também foi desenvolvida na UFMG. Já o fitoterápico para tratar diabetes mellitus e obesidade foi feito na Universidade de Uberaba (Uniube). Ambos os projetos foram premiados com 50 mil euros (aproximadamente R$ 266 mil).
Diferente das vacinas convencionais que utilizam plataformas proteicas – aquelas derivadas de vírus ou bactérias, a Calixcoca utiliza moléculas sintéticas. O professor Frederico Garcia, coordenador da pesquisa, explica que as vantagens são o controle do ciclo de produção de forma mais simples; o custo menor que as vacinas convencionais; e a desnecessidade de refrigeração para estocagem.
Apesar das vantagens, o professor faz um alerta sobre o uso da vacina. “Ela não seria indicada indiscriminadamente para todas as pessoas com transtorno por uso de cocaína. É preciso fazer uma avaliação científica para identificar com precisão como ela funcionaria, e para quem, de fato, seria eficaz”, relatou Garcia para o Portal UFMG.
O desenvolvimento da vacina recebeu o apoio do Governo de Minas, através da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig). A Calixcoca também é financiada pelo governo federal e por recursos de emendas parlamentares. Entretanto a continuidade do projeto ainda depende de mais recursos.
