Conflito na Palestina pode afetar a economia no Brasil

FOTO: Motaz Azaiza

Bolsas de vários países já operam em queda. Dólar e preço do petróleo já têm alteração

GOVERNADOR VALADARES – Ainda não é possível ter uma ideia clara sobre o impacto da guerra entre Israel e o grupo militante palestino Hamas na economia global. Especialistas brasileiros, entretanto, indicam que o conflito pode gerar efeitos indiretos nos preços e em setores de empregos e investimentos. Na última semana, as principais bolsas do mundo operaram em queda, enquanto o dólar e o petróleo subiram. Tanto que os Estados Unidos, que haviam embargado a comercialização de petróleo na Venezuela retiraram as sanções na quinta-feira (19). Assim, com a escalada de violência no Oriente Médio, investidores têm pregado cautela.

Embora Israel e Palestina não produzam o combustível, o conflito pode envolver países vizinhos como o Irã. O professor universitário e economista Hilton Manoel explica que o cenário financeiro de grandes países caminha para que as relações econômicas globais estejam cada vez mais unidas.

“As economias dos países são cada vez mais interdependentes. Vemos os noticiários sobre guerras aqui ou ali. E, muitas das vezes, não nos damos conta do impacto direto sobre nossas vidas, mesmo distante fisicamente do conflito. Temos que resgatar que há um conflito ativo entre Rússia e Ucrânia e o acirramento violento recente entre Israel e Palestina. Sem entrar na preocupação humanitária com este conflito (que é relevante), podemos pensar em alguns efeitos sobre a economia brasileira. E, consequentemente, sobre o nosso cotidiano. Primeiro temos que pensar no aumento dos preços do petróleo, dado que o Oriente Médio é uma importante região produtora. Como o Brasil depende de importação deste insumo, isso pode aumentar os custos de combustíveis, por exemplo, afetando todos os setores da economia”, analisa.

Relações comerciais e investimentos

O professor reiterou que a população, ao refletir sobre o cenário de guerra e instabilidade, deve levar em consideração as relações comerciais e investimentos mantidos pelo país.

“Podemos pensar também nas relações comerciais. O Brasil mantém relações comerciais com países do Oriente Médio e isso vai afetar essas transações, reduzindo geração de receita para empresas exportadoras, podendo impactar negativamente nossa balança comercial. Podemos citar também a redução dos investimentos estrangeiros que, em momentos de crise, podem ser reduzidos em economias emergentes, como o Brasil. Podemos ainda falar de possíveis efeitos sobre preços de commodities brasileiras (soja, carne e minério) e impactos negativos de forma geral nas empresas brasileiras que têm operação no Oriente Médio. Ou que mantêm relações comerciais com essa região”.

Comércio global

De acordo com dados divulgados pela Agência Brasil, os principais produtos brasileiros exportados para o Oriente Médio entre janeiro e setembro deste ano foram carne de aves (U$$ 2,13 bilhões ou 21% do total), açúcar (15% da pauta), soja (14%) e minério de ferro (15%). Isso equivale a uma participação de 4,3% da pauta brasileira. Entre os importados pelo Brasil nesse período, destaque para adubo (29%), óleos combustíveis (28%) e óleo bruto de petróleo (24%). As importações correspondem a 3,3% da pauta do Brasil.

Em síntese, Hilton sinaliza que o comportamento das exportações do Brasil vai depender da duração da guerra. Caso demore a acabar, o conflito terá efeitos sobre o comércio global, com os países aumentando medidas protecionistas e causando colisão entre várias vertentes da economia. “Os impactos podem ser sentidos em preços, empregos, investimentos, etc. Esses podem variar dependendo da duração e da intensidade do conflito. Bem como de outros fatores geopolíticos”, comenta.

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, já afirmou que a guerra do Oriente Médio deve provocar um aumento da volatilidade nos preços do petróleo.“Na guerra, provavelmente vai ter aumento de volatilidade. [Haverá] variações muito especulativas em cima disso aí e [a situação] vai mostrar como é útil e como está dando certo a política de preços atual, pelo menos da Petrobras, como ela é capaz de mitigar um pouco esses efeitos”, afirmou.

Comments 1

  1. Luiz Carlos de Souza says:

    Nosso pais deve ter como prioridade reequipar nossas refinarias de modo que fiquem capacitadas a refinar todo o petroleo que produzimos tornando-nos autosuficientes no item Petroleo .

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