Produção da UFJF-GV conta história de famílias do Assentamento Oziel e relembra fatos marcantes
GOVERNADOR VALADARES – A história dos moradores do Assentamento Oziel, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), em Valadares, agora está registrada em documentário. A produção é fruto do empenho de professores e estudantes que integram um projeto de extensão da Universidade Federal de Juiz de Fora, o ‘Frente Pró-Armazém do Campo’. Após atividades do projeto com a comunidade do MST para troca de aprendizados, o grupo viu, no filme, uma forma de perpetuar o trabalho. Dessa forma, o material dá continuidade a essa narrativa de quase 30 anos, que o público pode assistir no youtube.
De acordo com a UFJF, o projeto Frente Pró-Armazém do Campo aborda temas voltados à ecologia, bem como movimentos sociais ligados à terra. Nesse sentido, os integrantes da ação extensionista estiveram em contato com os moradores do Assentamento Oziel por um período. Assim, professores e estudantes realizaram diversas atividades enriquecedoras ao conhecimento; tanto a respeito do sistema ecológico, quanto acerca das próprias experiências dos assentados no território.
Luta e Vidas no Assentamento Oziel
Diante disso, após o projeto encerrar suas atividades, no início deste ano, a equipe ainda sentiu que faltava algo para materializar e, por que não, eternizar a experiência, juntamente com cada história presente ali. Atualmente, no assentamento, vivem aproximadamente 50 famílias.
“Fizemos oficina de plantas medicinais, onde eles [moradores do assentamento] ministraram sobre o tema para a comunidade acadêmica. Aconteceu um evento com todas as místicas do movimento no campus. Fizemos encenação teatral, mobilização e montagem lá no assentamento. Com esse contato, eu senti um vazio no registro. Porque teríamos o projeto, mas ele não seria contínuo. E o assentamento tem uma história que, estando lá, a gente conheceu mais profundamente. E foi com isso que resolvemos fazer o documentário, que foi uma construção desse nosso debate”, detalha o coordenador da iniciativa, professor Bráulio Magalhães.
A agência de comunicação que cuidou de todo o roteiro da obra afirma que priorizou a construção livre da narrativa. Para isso, os produtores permitiram que os próprios assentados contassem sua história, sem definições pré-estabelecidas. “O que enriqueceu, e muito, o roteiro que foi sendo construído”, destaca a responsável pela agência, Nagel Medeiros.
O documentário, por fim, recebeu no nome ‘Luta e Vidas no Assentamento Oziel’.
Memórias
Os primeiros segundos do filme, aliás, recordam reportagens escritas e ilustradas pelo Diário do Rio Doce. As matérias, portanto, narram acontecimentos que marcaram a trajetória do MST ao longo dos últimos 30 anos. Assista:
“O filme ‘Luta e Vidas no Assentamento Oziel’ reconstrói, ao longo de quase 30 minutos e a partir dos depoimentos dos próprios moradores da comunidade, como foi o processo de desapropriação, em 1963, das terras onde hoje está localizado o assentamento para a reforma agrária; o despejo desses trabalhadores e trabalhadoras pelo governo em 1994; e o marcante episódio da marcha das famílias até Belo Horizonte, dois anos depois da expulsão, para protestar contra o avanço dos latifundiários e exigir a posse definitiva daquele tão sonhado pedaço de chão”, resume a universidade.
Realização
A universidade também informou que, para concretizar a produção do documentário, a instituição contou com recursos de uma emenda parlamentar do deputado federal Leonardo Monteiro (PT-MG).A vereadora Gilsa Santos (PT) também apoiou a realização do filme. “Além disso, professores e estudantes de diversos cursos do campus se articularam no projeto para garantir que o documentário se tornasse realidade”, ressalta a UFJF.
