Ailton Krenak é o primeiro indígena a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras
RESPLENDOR – Ailton Krenak é o mais novo membro da Academia Brasileira de Letras (ABL). O anúncio aconteceu nessa quinta-feira (5), porém, a data de posse ainda não foi definida. Assim sendo, o indígena que escolheu as margens do Rio Doce como seu lar ocupa agora a cadeira número 5. Ele é o primeiro indígena a ocupar uma cadeira na ABL.
O escritor, filósofo e ativista indígena Ailton Krenak é defensor do pensamento ambientalista e indigenista. Para ele, a mensagem das suas obras são bem claras e não é uma novidade, ou seja, são conhecimentos que os seus antecessores já falavam: ‘aprender com o planeta e respeitar a natureza, nossa casa comum’.
Ailton Krenak
Na cidade de Resplendor, onde ficam as aldeias da etnia Krenak, é o local que Ailton escolheu viver. Ele nasceu em 1953, na região do Vale do Rio Doce (MG).
Nas décadas de 1970 e 1980, participou da conquista do “Capítulo dos índios”, o capítulo 8º na Constituição de 1988. Então a partir disso foi possível garantir, no papel, os direitos indígenas à cultura e à terra. Entre os livros mais recentes, estão Ideias para adiar o fim do mundo (2019), A vida não é útil (2020), Futuro ancestral (2022) e Lugares de Origem (2021), escrito junto com Yussef Campos.
Em A vida não é útil, ele aborda a pandemia da covid-19 e diz: “Se durante um tempo éramos nós, os povos indígenas, que estávamos ameaçados da ruptura ou da extinção do sentido da nossa vida, hoje estamos todos diante da iminência de a Terra não suportar a nossa demanda”.
O escritor é a testemunha de que o povo Krenak não está escondido pela densa floresta de Mata Atlântica nativa; há também espaços democráticos que precisam ter representatividade indigena.
Um pouco de história
A história dos índios na região hidrográfica do Rio Doce remonta aos tempos do descobrimento do Brasil. A partir de 1501, durantes as caravanas em busca das riquezas minerais, no litoral e interior do país, os portugueses encontraram um povo indígena numeroso. Eles se enfeitavam com grandes rodelas de madeira nas orelhas e no lábio inferior. Então mais tarde, esses índios seriam chamados botocudos. “Eles viviam no Leste de Minas, no Espírito Santo e no Sul da Bahia. Eram muito comuns nas Bacias do Rio Doce e do Mucuri”, registra o livro Rio Doce 500 anos.