Obesidade infantil: nutricionista explica motivos, riscos e como evitar o sobrepeso em crianças

Rotina agitada dos pais, consumo inadequado de alimentos e falta de atividades físicas estão entre as principais agravantes

De acordo com um estudo feito pelo Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani), uma em cada dez crianças brasileiras de até 5 anos estão acima do peso ideal para a idade delas.

A nutricionista Tatiana Calavorty, de Governador Valadares, é mestre em Ciências da Saúde e especialista em atendimento ao público infantil. A profissional relata que atende crianças de todas as idades e, apesar de pequenos, seus pacientes precisam lidar com uma grande ameaça à saúde: o sobrepeso. Sobre as razões para estes números crescerem mais a cada dia, a nutricionista pontua:

“Consumo inadequado de alimentos ricos em açúcar e carboidratos simples (doces, pães, bolachas, batata frita, sorvete, bala, etc). Percebo que os pais não controlam o consumo destes alimentos e a criança pode comer a qualquer dia. Dificuldade dos pais em estarem junto das crianças nas horas das refeições, estimulando o consumo de uma alimentação saudável. Isso deve-se muito a correria dos pais no dia a dia”.

Além da ausência de vigilância por parte dos pais ou responsáveis, a substituição de alimentos e hábitos saudáveis por alternativas cômodas tem sido um problema para a saúde das crianças. Segundo a nutricionista, lanches escolares práticos – como alimentos industrializados e ricos em “calorias vazias” -, a troca de frutas e vegetais por alimentos calóricos e a redução da atividade física em razão do tempo em frente às telas (de celular, televisão, computador, etc) contribuem, com a mesma facilidade, para o ganho de peso.

Tatiana Calavorty adverte que tais práticas resultam no surgimento de “doenças que antes eram somente de adultos”, como: hipertensão, diabetes, doenças cardiovasculares precoces, problemas nos ossos, além do aumento de alergias, colesterol e triglicérides.

Alimentação adequada à idade

Uma dúvida recorrente dos pais logo nos primeiros meses de vida do bebê é quanto ao que pode ou não ser dado à criança nesta fase. Quanto a isso, a especialista recomenda:

“O consumo de arroz, feijão, carne, frutas e vegetais deve ser iniciado aos 6 meses, desde a introdução alimentar. Estes alimentos são saudáveis e devem fazer parte da rotina da criança. Açúcar e doces em geral devem ser apresentados à criança somente após os dois anos de idade. O ideal é que não acrescente açúcar nos alimentos, como sucos, pois as frutas já têm doce e a criança deve sentir o sabor real do alimento e não do açúcar”.

Para que uma criança tenha um desenvolvimento saudável e livre do excesso de peso, são indispensáveis algumas recomendações que partem, inclusive, da Organização Mundial de Saúde (OMS).

“Desde o nascimento, a família deve se preocupar com a alimentação da criança. Com isso, a OMS recomenda que até os 6 meses o aleitamento materno deve ser exclusivo. Muitos estudos já mostram a importância desta prática na prevenção da obesidade futura. Após iniciar a introdução alimentar, a criança deve consumir alimentos ricos em vitaminas e minerais, como frutas e vegetais, de acordo com as necessidades nutricionais e desenvolvimento da criança”, ressaltou Calavorty.

Os profissionais da saúde também consideram importante, nesta jornada de combate ao sobrepeso, a mudança de comportamento por toda a família. A adoção de novos hábitos alimentares e à prática de atividades físicas por parte dos pais, irmãos e demais membros da família podem estimular a rotina saudável da criança.

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