De acordo com o Ministério da Saúde, o acidente vascular cerebral (AVC), conhecido popularmente por derrame cerebral, é um dos principais responsáveis pelos casos de mortalidade ou sequelas no Brasil. Estima-se que pelo menos 100 mil vítimas da doença venham a óbito anualmente.
Um levantamento feito pela Central Nacional de Informações do Registro Civil aponta que brasileiros entre 20 e 59 anos correspondiam a 17,2% dos óbitos por AVC em 2019, índice que subiu para 18,5% no ano passado e chegou a 20% entre janeiro e outubro de 2021.
A médica neurologista Marianna Sotte relata que o acidente vascular cerebral pode ser motivado por fatores diversos, sendo o AVC isquêmico – quando há obstrução de uma artéria, impedindo a passagem de oxigênio para células cerebrais -, o tipo mais comum: “São fatores de risco para o AVC isquêmico: a hipertensão arterial, diabetes melitus, tabagismo, obesidade, sedentarismo, alterações da coagulação sanguínea, doenças cardiológicas, infecciosas, entre outros”, pontuou.
Por que esse problema tem acometido pessoas cada vez mais jovens?
O que aguça a curiosidade de muitos brasileiros é justamente o fato de tantas pessoas com idade mínima de 20 anos serem acometidas por esse problema, que parecia não ser tão comum entre jovens. A profissional explica que a propagação dos casos é uma “consequência do aumento da prevalência dos fatores de risco para o AVC”. Segundo Marianna Sotte, o acidente vascular cerebral em jovens precisa ser investigado de forma ampla, devido a algumas causas de maior prevalência nessa faixa etária.
Quanto às causas, a maior parte está relacionada a casos reversíveis ou infecções: “A maioria dos AVCs em jovens advém de fatores de risco modificáveis, como obesidade, tabagismo, sedentarismo, uso de drogas ilícitas, a própria gravidez e o estado puerperal, que aumenta a coagulabillidade sanguínea. Além disso, infecções (por exemplo HIV), forame oval patente (uma malformação cardíaca) e trombofilias (alterações genéticas da coagulação sanguínea)”, esclareceu a médica.
Entenda como o AVC se manifesta
Antes de tomar uma proporção mais grave, essa doença apresenta alguns sinais que merecem atenção.
A neurologista explica que o AVC geralmente aparece como um déficit focal, ou seja, uma alteração do status neurológico – perda de força ou sensibilidade localizada, alteração de fala, estrabismo súbito, desvio da rima labial – entortar a boca. Além disso, Sotte informou que os sintomas podem se apresentar de forma transitória dias antes da ocorrência definitiva, também conhecida como ‘ataque isquêmico transitório’. “Esse [ataque isquêmico transitório] passa uma falsa sensação de tranquilidade, por ser efêmero [breve], porém, em grande porcentagem dos casos evoluiu para o AVC, podendo gerar sequelas”, adverte.
Diante disso, a especialista recomenda que seja feita uma avaliação pelo médico neurologista de forma rápida.
Consulte sempre um médico
Apesar de ser uma forte ameaça à saúde, não é só o AVC que tem prejudicado a vida de tantos jovens. Existem outros problemas neurológicos que podem chegar mais cedo que o esperado. A médica alerta que doenças como a meningite, doenças inflamatórias do sistema nervoso ou a própria enxaqueca, que é um tipo muito comum, podem surgir como uma infeliz surpresa… Por isso, em quaisquer condições suspeitas, recomenda-se procurar um médico e se cuidar antes que se agrave.