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Caso Júlio Cuel: Pai de meninas abusadas conta detalhes da relação com o criminoso

Por meses, o clima foi de angústia e tristeza para a família de Marco Aurélio. Mas no último dia 10, a notícia boa: o homem, suspeito de abusar de suas duas filhas, estava atrás das grades. Ele é pai das duas meninas vítimas de Julio Cezar Cuel. E falou com exclusividade ao repórter investigativo Thathyanno Desa.

Do dia em que descobriu que o primo tinha abusado até o choro de alívio por saber que ele estava preso, foram momentos difíceis. “Primeiramente, eu estou bem aliviado. Minha família está muito contente com a captura. Não esperávamos que tivesse essa repercussão fosse tão abrangente, de nível internacional. Esperava que ele fosse preso aqui e ele pagasse a pena dele aqui. Mas foi pego no Brasil. Uma longa história, inclusive eu não contei para os meus familiares. Alguns ficaram sabendo, mas eu queria um pouco de sigilo para eu ter um melhor raciocínio do que fazer”, conta.

Marco contou detalhes da relação com Julio e os episódios até descobrir que as meninas haviam sido abusadas. “Ele chegou aqui em 2018. E antes de vir para cá, ele me ligou. Disse ‘primo, eu quero ir para os EUA. Será que vale a pena?’ Disse que queria mudar a vida dele no Brasil e ir em busca de uma vida melhor. Eu disse para vir, ser mais um familiar aqui. A gente tem uma carência de família aqui. Mas perguntei se ele já tinha alugado casa, uma reserva para chegar aqui e se manter por uns meses, e ele disse que tinha uma reserva, mas que não tinha alugado. Disse que tinha pegado um AirBNB por uma semana até achar uma casa. E eu disse que nós íamos receber ele. Pegamos ele no aeroporto e fomos direto para a casa dele. Eu disse que era um lugar que não era bom, era perigoso. Estava com esposa e criança. E se ele quisesse ficar uma semana lá em casa, depois nós iríamos procurar uma casa. Aqui, um ajuda o outro. Brasileiro ajuda brasileiro. E ele ficou lá uma semana, e nesse tempo arrumamos uma casa para ele e ajeitamos. Ele ficou uma semana, demos apoio, ele comprou as coisas. Depois de uma semana, ele se estabeleceu e fomos procurar trabalho para ele. Ele arrumou e foi tocando a vida dele”, contou, sobre a chegada dele no país.

O pai das meninas revelou que foi a partir dali que passou a ter mais contato com Julio. “No Brasil a gente não tinha contato. Ele morava no Espírito Santo e eu em Belo Horizonte. São seis, sete horas de viagem, e eu não tinha contato com ele. E fomos conhecendo ele aos poucos. Chegava final de semana, às vezes a gente se encontrava. E fomos pegando intimidade. Nos sábados nós precisávamos de uma baby sitter, e começamos a deixar as meninas na casa dele para a esposa dele tomar conta. E ele também deixava crianças dele aqui. Até então não sabíamos de nada. Festa de aniversário juntos. Convivemos naturalmente. Não sabíamos de nada. Passou 2018, 2019. E em 2020, por causa da Covid, as pessoas não estavam saindo muito. E no final do ano, nós combinamos de passar o Réveillon, Natal, todo mundo na Flórida. Mas antes, a gente deixava as meninas dormirem na casa dele. E teve uma semana que a minha filha disse que não queria ir mais lá. Eu perguntei se tinha acontecido alguma coisa, e ela disse que não, mas não queria ir. Então fomos para a Flórida. Teve aniversário. E meu primo de Vitória reparou que o Julio tinha feito um vídeo da minha filha mais velha de cima a baixo. Era esquisito. Disse que não gostou, que era muito delicado. E ele postou o vídeo no Tik Tok, Instagram, e eu fui falar com ele, disse para não fazer. Filmou de cima a baixo, chamando de linda, princesinha. E eu falei com ele, e ele disse que não ia fazer mais. Aí passou dois dias, a gente na piscina, bebendo, e a minha filha mais velha pediu para eu ir com ela na Target, comprar um chocolate, e eu disse que não, porque eu tinha bebido. Ela disse tudo bem. Mas o Julio levou ela na Target, sem minha autorização. Eu perguntei onde ela estava, e o pessoal disse que ela estava com o Julio. Eu liguei e mandei voltar, porque eu não dei autorização”, destaca.

A partir dali, ocorreram outros episódios que aumentaram a desconfiança, até que ficou sabendo o que tinha acontecido. “Tivemos outras desavenças. E nisso ficamos um pouco afastados. Voltamos. E nessa época, ele estava sem trabalho e começou a trazer as filhas dele para cá. Escondido. Aí eu ligava, às vezes estava um silêncio, e eu ouvia a voz dele e dizia, o que você está fazendo aqui sem a minha autorização? Ele dizia que só ia deixar um negócio e já ia ir embora. E eu falei que não tinha problema, era só pedir antes. Nisso passaram os meses, e chegou maio. Eu estava na aula que eu faço online. E a Jordana, minha esposa, me chamou e disse que queria contar uma coisa muito séria. A minha filha mais velha tinha sido abusada pelo Julio. Eu perguntei como aconteceu? Um amiguinho da minha filha contou para mãe e a mãe contou para a Jordana. E naquele momento eu não tinha visto os vídeos. A Jordana chamou meu irmão e ele veio na hora. Nesse momento, a Jordana e o meu irmão ligaram para a esposa do Julio para vir aqui falar da situação dele. E eu chamei a polícia. Nesse momento, a filha de 7 anos dele estava na casa. E o meu irmão disse que ia lá buscar a ela, porque ele ia ser preso. Chegando lá, a esposa dele foi e falou com ele e entregando dinheiro a ele. Foi o que o meu irmão disse. Disse ‘corre, que a polícia vai vir’. Ele falou que eu liguei para ele. Quem ligou não fui eu. Eu nunca ligaria para o homem que abusou das minhas filhas. A minha vontade era ir lá e matar ele. Mas se a gente fizesse isso, a gente ia perder a razão. Nós fomos bem pensativos para preservar as filhas dele”, revelou.

Na entrevista que deu a Thathyanno quando estava foragido, Julio disse que o Marco mandou ele fugir. “Eu sou formado em direito. Eu tenho OAB no Brasil. Se eu falasse isso, eu seria preso por estar ajudando ele”, afirmou Marco, em resposta.

Ele também contou os motivos porque não quis dar entrevista naquela situação. “Na primeira entrevista (com Júlio), eu não entrei, porque os detetives falaram para eu não dar, porque poderia interferir nas investigações. E estava muito angustiado. Com medo do caso não ir para frente. E entreguei nas mãos de Deus. E a minha alegria foi quando eu descobri que ele estava no Brasil. Falei, preciso transferir esse caso para o Brasil. E foi uma emoção grande. Agradeci muito. A polícia americana agiu em silêncio. Eu cheguei a fazer uma denúncia no próprio FBI”, conta. 

Marco revelou também que perguntou à filha o porque ela não havia contado nada, e ela disse que havia sido ameaçada por Julio. “Foi um choque. Uma pessoa que frequentava a nossa casa. É muito triste. Uma pessoa da própria família fazer isso. E fica a orientação para os pais, para a sociedade. Eu perguntei para a minha filha o porque ele não falou nada em dois anos. E ela me falou que ele batia, que ele amedrontava ela. Dizia que se ela falasse, ele ia fazer algo conosco. Disse as coisas absurdas que ele fazia aqui no sofá. Meu sofá eu joguei fora. Inclusive, eu penso em me mudar, ir para outra cidade perto. Porque tudo isso é lembrança. E para ir a outra casa preciso de um valor extra, mas se Deus quiser vamos mudar. E neste dia ela correu para o banheiro e ela contou pro coleguinha. Eu via os roxos no corpo dela e perguntava, e ela dizia que tinha batido. No dia 27 ela não aguentou, porque ela estava fazendo com a minha filha mais nova. Pensou ‘como vou falar para meu pai ou alguém, se eu não tenho nada para contar’. Ela foi muito esperta, e gravou quatro vídeos. Tudo escondida da gente. E a polícia pegou ele no Brasil. E graças a Deus está preso”. 

O pai também revelou a emoção que sentiu quando soube que Julio havia sido preso e como eles têm levado a vida, desde que soube do crime. “Eu estava vendo um filme sobre as torres gêmeas. Inclusive eu e minha filha choramos vendo o filme. Quando acabou, eu vi a sua mensagem. E você mandou a foto com o link. E eu vi o link dele sendo capturado. Quando você falou que ele foi preso, eu comecei a chorar de alegria. Liguei para meu pai, meus irmãos. Perguntei para a minha filha se ela estava feliz, e ela disse que sim. Que ele pague, e isso não aconteça com nenhuma criança. Minha filha está tendo tratamento. O estado de New Jersey está bancando as sessões. Às vezes, em três dias, são cinco, seis sessões, para tentar pegar o que aconteceu, transferir para um papel, que veja isso como um novo rumo”

Segundo Marco, a cunhada confrontou Julio, perguntando como teve coragem de cometer crime tão hediondo. “Ele disse que fez, mas não foi culpa dele, foi culpa da minha filha. E ela disse, que ela podia estar pelada na frente dele, e ele não tinha o direito de fazer nada. Ele diz que não sabe falar inglês, que ela só fala inglês, mas uma palavra ele deve saber, que é ‘stop’”, disse o pai.

 “Graças a Deus a polícia do meu Brasil foi muito eficiente. E graças a Deus ele está preso. Que fique preso por uns 25 anos e nenhum advogado defenda ele. Que defender pedófilo deve ser muito triste. Mas vou colocar um advogado para não deixar ele sair. A Justiça pode deixar ele responder em liberdade, e isso eu não quero, porque ele pode fazer com outras crianças”, disse.

“Não falei com ele e nem quero. Para mim, minha família daqui, no Brasil também, não quer nem saber dele. Foi um tremendo choque. Nem que ele pedisse desculpa. Isso não tem desculpa. Tive respeito com a filha dele, com a família dele. Hoje eu me sinto feliz pela situação que ele está. Mas antes, deixou todo mundo triste. Tem muita mulher na rua, então porque ele foi mexer com criança”, completou.

Por fim, o pai também deixou um recado: “Que isso sirva de alerta para as famílias. Que tome cuidado. Eu sempre falava isso com as minhas filhas, que ninguém pode tocar sem autorização. Dizia para não sentar no colo de ninguém. Eu conversava muito com a minha filha. Mas eu não consegui”, finalizou. Fonte: GNWebTV.com/Brazilian Times

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