Em junho, foi registrada a abertura de 309.114 vagas de emprego com carteira assinada no Brasil, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (29) pelo Ministério do Trabalho e Previdência e pelo Ministério da Economia.
O saldo foi resultado de 1,601 milhão de contratações e 1,291 milhão de desligamentos no mês, de acordo com o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). A abertura de vagas formais no mês mostra uma recuperação do mercado de trabalho.
Em janeiro foram criados 261,3 mil novos contratos e em fevereiro, 397,7 mil. Desde março, com a alta no número de casos e de mortes de Covid-19, o resultado foi menor. Foram 176,4 mil novos postos de trabalho em março, seguidos de 116,1 mil em abril, e 276 mil em maio.
Junho seguiu com a tendência de reaquecimento no mercado formal e o número registrado foi o segundo melhor no ano.
O ministro Paulo Guedes (Economia) participou da apresentação dos dados e disse que o país registra “um ritmo acelerado de criação de novos empregos”. “Os setores de comércio e de serviços, que foram os mais impactados pela pandemia, são agora os que mais geraram empregos”, ressaltou ele.
Com a recriação do Ministério do Trabalho e Previdência, Guedes perdeu o comando da área. A nova pasta é agora comandada por Onyx Lorenzoni, que não participou da divulgação dos números do Caged por estar em viagem.
No acumulado de janeiro a junho, o saldo no mercado de trabalho formal brasileiro é positivo, com 1,536 milhão de novas vagas num período de crise provocada pela pandemia.
No mesmo período do ano passado, haviam sido fechados 1,198 milhão empregos com carteira assinada. Apenas no período de março a maio de 2020, o impacto da chegada do novo coronavírus resultou no encerramento de mais de 1,2 milhão contratos de trabalho formais.
Para tentar evitar demissões em massa na crise, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) editou medidas provisórias para que regras trabalhistas fossem flexibilizadas diante do agravamento da pandemia, posteriormente renovadas.
Com isso, foi recriado o programa que permite o corte de jornada e salários de trabalhadores da iniciativa privada, além da suspensão temporária de contratos.
Guedes voltou a prometer o lançamento em breve de um programa para estimular o emprego para jovens e informais. O plano já mencionado pelo ministro prevê a criação do BIP (Bônus de Inclusão Produtiva) e do BIQ (Bônus de Incentivo à Qualificação), ambos pagos ao trabalhador em treinamento. Com isso, o valor recebido seria de R$ 550 por mês.
O objetivo, segundo Guedes, é criar 2 milhões de vagas. O ministro disse ainda que o programa será bancado com recursos próprios do Orçamento.
Uma versão do programa foi inserida em uma MP (medida provisória) que já tramita no Congresso. No entanto, a proposta, nesse caso, prevê que a fonte de recursos para financiar o programa em 2022 atingiria o Sistema S, o que gerou críticas.
A equipe técnica do Ministério do Trabalho e Previdência já trabalhava com Guedes, na extinta secretaria especial de Previdência e Trabalho. O ministro da Economia disse que eles “vão seguir em excelente companhia com o ministro Onyx”.
O saldo de junho (criação de 309,1 mil vagas) reflete o desempenho positivo em todos os cinco grandes setores da economia brasileira. O resultado foi puxado pelo setor de serviços, que abriu 125,7 mil vagas de emprego no mês.
Em seguida figuram comércio (72,8 mil), indústria (50,1 mil novos postos), agropecuária (38 mil vagas abertas) e, por último, construção (22,4 mil).
Especialistas alertam que os dados do Caged precisam ser analisados com ressalvas desde o ano passado, quando houve mudança na metodologia.
Desde janeiro do ano passado, as informações vêm do eSocial, sistema de escrituração que unificou diversas obrigações dos empregadores. Além de reunir mais informações na mesma base de dados, o novo Caged tornou obrigatório informar a admissão e demissão de empregados temporários. Antes, essa comunicação era facultativa. BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – THIAGO RESENDE