A Petrobras elevou em 5,9% o preço médio do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), o chamado gás de cozinha, para R$ 3,40 o quilo, a partir desta segunda-feira (14). Em Governador Valadares o preço já começa a fazer efeito no bolso do consumidor. Em alguns depósitos da cidade é possível encontrar o botijão de 13 kg custando R$102. As distribuidoras e revendedores são livres para definir como repassarão o aumento.
Este não é o primeiro reajuste do gás de cozinha no ano no Brasil. Em janeiro, a Petrobras elevou o preço em 6%. No mês seguinte, a alta foi de 5,1%. Em março, um novo reajuste médio de R$ 0,15 por quilo foi anunciado e, em abril, o aumento foi de 5%. Em comunicado oficial a Petrobras informou que os reajustes estão em “equilíbrio com o mercado internacional”. “Importante reforçar o posicionamento da Petrobras, que busca evitar o repasse imediato para os preços internos da volatilidade externa causada por eventos conjunturais. Nossos preços seguem buscando o equilíbrio com o mercado internacional e acompanham as variações do valor dos produtos e da taxa de câmbio, para cima e para baixo”, afirmou a companhia.
Em Governador Valadares, consumidores e revendedores colocam na ponta da caneta os prejuízos com os recentes reajustes. Algumas distribuidoras ainda conseguem segurar o preço para não perder os clientes;, por outro lado, a maioria está tendo prejuízos por manter o mesmo preço do botijão desde o inicio do ano. O DRD fez uma pesquisa de preços no município. Em uma distribuidora de gás localizada no Centro, por exemplo, o botijão de gás está custando R$102,;em outro ponto da cidade, no bairro de Lourdes, o botijão custa R$98. Em uma distribuidora no bairro Altinópolis o botijão está saindo a R$93. Nesta hora, vale a pena o consumidor pesquisar antes de comprar. Além do preço, também é preciso levar em conta a taxa de entrega cobrada pelos revendedores para locais mais distantes.
O revendedor de gás de cozinha Cássio de Araújo falou das dificuldades devido aos últimos reajustes. “Para o revendedor já está ficando insustentável trabalhar dessa forma. Como estão sendo vários aumentos nesses últimos três anos, a gente não consegue repassar para o cliente. Além disso, o cliente, sabendo que o botijão de gás está mais caro, vem se adaptando ao usar o gás de cozinha em casa. É horrível trabalhar dessa forma, com esses reajustes”, disse.
Para o revendedor, não haverá outra saída a não ser repassar os preços para os clientes. Ele também criticou a Petrobras. “No caso do revendedor, não tem outra alternativa. Ele, em função da concorrência, segurou o que pode, mas agora tem que repassar os reajustes que receber, senão acaba fechando a empresa e ainda fica devendo. O custo do frete encarece muito o produto. Para uma pessoa que recebe o salário mínimo é caro. Na minha opinião, a Petrobras deveria ser privatizada, porque, sendo uma empresa de capital misto, não ajuda nada os brasileiros”, opinou.
Em Valadares, os reajustes no GLP têm afetado estabelecimentos do ramo alimentício, como restaurantes e lanchonetes. Lucas Gonçalves é proprietário de uma lanchonete no centro da cidade. Com a queda de clientes devido à pandemia e o aumento dos insumos na produção de pães e salgados, o gás de cozinha se tornou mais um vilão do empresário. “Das quatro lanchonetes do grupo, gasto aqui uns dois botijões de gás por semana. Se juntar as outras lanchonetes, o gasto quinzenal deve passar de mil reais. Dependemos do gás e cozinha para assar salgados, pães de queijo e bolos”, conta.
“A demanda de clientes caiu em média de 30% a 40% por causa da pandemia. Aí vieram os aumentos nos insumos, depois o gás de cozinha. Tudo muito caro para os estabelecimentos. O movimento só foi melhorar agora depois de março e abril, quando a cidade saiu da onda roxa. Mesmo assim tá bem difícil controlar”.
Lucas Gonçalves