90% das relíquias são de times de futebol do Brasil e do mundo
O empresário valadarense Walderez Ramalho, de 59 anos, morador do bairro de Lourdes, decidiu transformar sua própria casa em um Museu do Esporte. São mais de 4 mil camisas de futebol (a maioria usada em jogos), além de objetos como chuteiras autografadas, flâmulas, revistas antigas, álbuns de figurinhas de todas as copas do mundo, réplicas de medalhas olímpicas, luvas autografadas, selos e outras raridades. Ao todo, a coleção tem mais de 40 mil itens, espalhados pela casa, e alguns guardados em caixas de papelão. O DIÁRIO DO RIO DOCE conheceu de perto a casa do colecionador, que sonha em ampliar o museu.
Torcedor fanático do Flamengo, Walderez garante não se prender ao clube de coração na hora de expandir a coleção e adquirir novos itens. Dentre as relíquias, destaque para a camisa do Democrata do ano de 1981, fardamento feito pela Adidas e fornecido pelo presidente da FIFA na época, João Havelange. A camisa foi utilizada no torneio triangular que tinha Democrata, Vasco e Flamengo, disputado no estádio José Mammoud Abbas.
O acervo ainda tem as luvas utilizadas pelo goleiro Victor (Atlético Mineiro) no histórico jogo contra o Tijuana, pela Libertadores, em 2013, oportunidade em que o goleiro se consagrou como herói do jogo ao defender um pênalti no último minuto do jogo. Tem também o par de luvas do goleiro Diego Alves, do Flamengo, utilizada na final da Libertadores em 2019, em Lima, no Peru.
Há, ainda, encontros memoráveis eternizados em fotografias espalhados na sala de sua casa com Pelé, Telê Santana, Ronaldinho Gaúcho, David Beckham, Zico, Robinho, Roberto Carlos, Júnior e outros ex-jogadores. O encontro mais recente foi com o treinador do Manchester City, Pep Guardiola, em visita ao CT do clube em 2018. Depois da pandemia, as viagens pelo mundo tiveram de ser reduzidas.
Fica até difícil de acreditar que o valadarense teve facilidade para adquirir tantas relíquias. Mas ele explica que não foi tão simples assim. “Eu fiz um curso de agente FIFA há uns 20 anos. Isso me proporcionou conhecer lugares maravilhosos jamais visitados. Se você tiver um bom relacionamento, você consegue muita coisa boa. Inclusive, está para chegar para mim uma camisa do Palmeiras da final da Libertadores de 2020. O meu prazer é colecionar”, disse.
Tal facilidade resultou em uma casa cheia de “tesouros”. Ao todo, são mais de 4 mil camisas de times de futebol, milhares de flâmulas, revistas de esportes desde 1940, álbuns de figurinhas de quase todas as copas do mundo, coleção de minicraques – sucesso nos anos 90 -, chuteiras de ex-jogadores, gibis, réplicas de medalhas olímpicas, mascotes das copas do mundo, livros, tampinhas, copos, ingressos, bilhetes, camisas históricas de Cruzeiro e Atlético e quadros com personalidades do mundo do esporte.
Projeto para o Museu do Esporte em Valadares
O colecionador disse que tem esperança de realizar um sonho antigo: levar seu acervo para um espaço ainda maior. “O prefeito esteve aqui junto com secretário de Cultura e Esporte e expliquei para ele que poderia expandir esse meu acervo para outras pessoas poderem ver também, porque aqui tem muita fonte de pesquisa para estudantes e historiadores. Ele (André) achou interessante e disse que tem grande possibilidade de esse projeto se tornar real. Acredito que vai atrair mais turistas para cá e se tornar mais um ponto de lazer”, afirma.
O acervo não para de crescer
Desde quando começou a colecionar itens relacionados ao esporte, Walderez não parou de percorrer o mundo à procura de novas relíquias. Mas nem sempre foi necessário ir tão longe para adquirir tudo o que tem. “O colecionador quer sempre buscar mais. Eu já fui a mais de 60 países em busca de coisas novas. Já fui a vários eventos, olimpíadas, Copa do Mundo, campeonato inglês. Isso tudo aqui é raridade, que será um legado para o município. Para ser colecionador tem que ter no mínimo zelo e curiosidade. Uma coisa é juntar; outra coisa é colecionar. Tenho um rádio de pilha alemão. Tem coisas que eu acabo encontrando aqui mesmo. Já achei no Mercado Municipal um prato de porcelana da Euro Copa disputada em Portugal. Estava lá e acabei comprando. É uma relíquia para mim”, contou.
O museu, que é também sua casa, precisou antes passar por um reforma. Walderez conta que a reforma aconteceu após o falecimento da sua esposa. “A casa era muito grande e decidi morar dentro de onde eu queria, no meu museu. Então, eu decidi separar os cômodos e transformar em museu e casa ao mesmo tempo. Fica mais fácil de receber os amigos”, disse. O local pode ser visitado, desde que o interessado entre em contato antes. “Desde que agende um horário e ligue antes, estarei aqui para receber”, garante.
Colecionar é coisa séria
Walderez é exigente quando o assunto é colecionar. Para ele, não se pode considerar uma brincadeira. Ele afirma que os investimentos para guardar tanta coisa não ficaram por menos de 100 mil reais.
Walderez fez questão de mostrar a coleção de álbuns de figurinhas da Copa do Mundo de 1978.