Rompido com a atual gestão desde a eleição de Wagner Pires de Sá como mandatário do Cruzeiro, no fim de 2017, o vice-presidente Ronaldo Granata se manifestou sobre o momento do clube e pediu o afastamento de dois dirigentes: o vice de futebol Itair Machado e o diretor geral Sergio Nonato dos Reis.
Granata sugere que a dupla, que tem amplos poderes na administração de Wagner Pires, se ausente do clube durante a comissão de sindicância montada por Zezé Perrella, presidente do Conselho Deliberativo.
“O problema é a omissão do presidente em afastar essas pessoas que estão criando essa turbulência toda na vida do Cruzeiro. Com uma canetada, ele afastava esses dois aí [Sergio Nonato dos Reis e Itair Machado] e pelo menos a gente já teria uma paz e uma tranquilidade muito grande para poder trabalhar”, disse.
O segundo vice-presidente crê ainda que a dupla citada faz com que o Cruzeiro se torne ingovernável neste momento. Granata acredita que as acusações não vão parar enquanto Itair e Serginho, como o diretor geral é chamado, seguirem na cúpula.
“O primeiro passo é afastá-los. É o passo que ele [Wagner Pires de Sá] já tinha que ter dado quando saíram as acusações. Se ele vai ter clima para seguir no clube, é o tempo que vai dizer. É imprescindível para ele continuar o mandato, ele precisa do afastamento para seguir à frente do clube. Está ingovernável por causa de dois funcionários. Por que dois funcionários estão fazendo o presidente correr esse risco e causando esse caos dentro da instituição?”, indagou o vice, que revela uma das tentativas do Conselho Deliberativo em tirar a dupla.
“O Conselho está tentando isso por meio de ações judiciais. Já tenho processo ajuizado aí.”
De fato, um grupo de 31 pessoas, composto por conselheiros e sócios do clube, protocolou, na 22ª Vara Cível de Belo Horizonte, uma ação cível solicitando o afastamento de Itair Machado do cargo de vice-presidente de futebol.
No pedido, ao qual a reportagem teve acesso na noite da última quarta-feira (26), eles alegam que o dirigente possui “condenações trabalhistas, previdenciárias e criminais em evidente descumprimento do Estatuto do Clube e da Lei vigente (9.615/98 – Lei Pelé)”.
“Se não bastasse isso, há ainda fortes indícios de gestão temerária/fraudulenta junto ao Cruzeiro, sendo necessário seu imediato afastamento. Desde já, cumpre-nos repisar, consoante ver-se-á no curso da presente petição inicial, que o ato de nomeação do Sr. Itair Machado de Souza para exercer as funções inerentes ao cargo de Vice Presidente Executivo de Futebol resta dotado de nulidade de pleno direito! Ademais, mister sintetizar que as normas legais e estatutárias violadas, dado seu caráter eminentemente cogente, torna insustentável a manutenção do Sr. Itair Machado de Souza no cargo de Vice Presidente Executivo de Futebol. Portanto, o afastamento em caráter provisório é ato que se impõe, com consequente decretação de nulidade de sua nomeação no provimento final da demanda, conforme veremos a seguir”, acrescentou.
O grupo que solicita o afastamento de Itair Machado é composto por Gilvan de Pinho Tavares, ex-presidente do clube, e Celso Luiz Chimbida, que renunciou ao Conselho Fiscal alegando falta de transparência da atual gestão. Procurada para se manifestar sobre o pedido de Ronaldo Granata, a assessoria do clube optou por não se manifestar. A reportagem, no entanto, publicará uma resposta do clube se houver mudança de postura.
Em 8 de julho, o Conselho Deliberativo se reunirá na sede do clube, no Barro Preto, bairro da região Centro-Sul de Belo Horizonte, para decidir o futuro da atual gestão cruzeirense. É possível que haja afastamento da cúpula até o fim da investigação feita pela comissão de sindicância.
MOTIVO DO ROMPIMENTO COM A DIRETORIA
Ronaldo Granata não participou da atual gestão do Cruzeiro. O segundo vice-presidente do clube explica por que não se posicionou ao lado de Wagner Pires de Sá, Itair Machado e Sérgio Nonato dos Reis.
“Desde que ganhamos a eleição, antes da posse, eu já estava rompido com ele. Fizemos alguns acordos sobre como seria essa gestão e nada foi cumprido, não honraram os compromissos”, declarou.
“Começaram a mandar funcionários antigos embora e colocaram gente que não tinha nada a ver com o Cruzeiro. Eu posso citar vários. O Guilherme Mendes, da comunicação, o José Ramos, do financeiro, a Rita de Cássia, do marketing. Começou a afastar gente antiga do clube para colocar pessoas que não tinham competência e condição nenhuma de assumir o cargo e com salários muito superiores ao pessoal antigo”, acrescentou.
por THIAGO FERNANDES UOL/FOLHAPRESS