De acordo com as previsões da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), as vendas do varejo voltadas para a páscoa deverão crescer 1,5% este ano, em relação à semana santa do ano passado, já descontada a inflação do período. Confirmada a projeção, este seria o terceiro ano seguido de crescimento real das vendas, porém, em um ritmo inferior ao registrado no ano passado. Em 2017 e 2018, o varejo registrou variações +1,1% e +2,0%, após acumular perda de 5,2% durante a recessão de 2015-2016. O maior avanço real nas vendas de produtos relacionados à Páscoa ocorreu em 2010 (+9,5%), ano em que a economia cresceu 7,5%.
Significativamente afetado pelo aumento sazonal de vendas nesta data comemorativa, os estabelecimentos alimentícios do varejo, tais como hiper, super e minimercados, lojas de departamentos e lojas especializadas, deverão faturar cerca de R$ 2,4 bilhões com as vendas voltadas para a semana santa neste ano. As projeções da CNC se baseiam em aspectos sazonais das vendas, levando-se em consideração as tendências de evolução dos níveis gerais de ocupação e renda e, principalmente, as variações dos preços de produtos relacionados com a data.
Nos últimos doze meses, encerrados em março, a cesta composta por bens e serviços tipicamente mais demandados nesta data comemorativa acumulou variação média de preços (+4,6%) – taxa menor do que aquela observada às vésperas da páscoa passada (+5,9%). Entretanto, os chocolates, carros-chefes das vendas nesta data, estão 5,7% em média mais caros neste ano. Na semana santa do ano passado, os chocolates acumulavam queda de preços de 12,1%. Além do preço dos chocolates, as oscilações nos preços das passagens aéreas (+10,8%) e rodoviárias interestaduais (+17,7%) impedem um avanço mais significativo do consumo de bens e serviços relacionados ao feriado.
Considerando-se o período de formação dos estoques do varejo para esta data comemorativa (geralmente nos meses de setembro e outubro do ano anterior), houve um avanço anual de 17% do dólar diante do real. Assim, além do nível fraco da demanda nos últimos meses, o comportamento da taxa de câmbio contaminou não somente o preço das tarifas, mas também elevou o custo de importação de produtos típicos, como azeite de oliva, pescados e o próprio chocolate.
Ainda segundo estimativas da CNC, no varejo, a data comemorativa deverá gerar cerca de 10,7 mil postos de trabalho temporário – número ligeiramente inferior às 10,8 mil vagas geradas na páscoa passada. Os maiores demandantes de trabalho temporário deverão ser os hiper e supermercados, respondendo por aproximadamente 65% do total de vagas oferecidas. O salário médio de admissão no varejo deverá ser de aproximadamente R$ 1.267, o que representará um avanço de 5,9% em relação àquele percebido na páscoa de 2018. Dadas as incertezas em relação à evolução do consumo nos próximos meses, a taxa de efetivação em 2019 será mais baixa. Do total de vagas temporárias oferecidas pelas atividades envolvidas com a páscoa, 4,5% deverão se tornar postos de trabalho efetivos – percentual abaixo da média histórica (12%).