Constatação é de programa de vigilância da covid-19 que conta com parceria de laboratório da UFMG
Os casos de covid-19 em que os pacientes foram infectados pela variante ômicron do novo coronavírus já são dominantes em 13 estados brasileiros. O mais recente mapa de frequência do Programa de Vigilância de Sars-CoV-2 da Rede Corona-Ômica BR-MCTI, que monitora o crescimento das principais variantes do vírus em escala nacional, atesta que, nos estados do Acre, Ceará, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rondônia, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo, a predominância da ômicron é de 90% a 100% dos casos positivos confirmados por RT-PCR na primeira semana de janeiro de 2022.
De acordo com o relatório, o aumento progressivo de casos suspeitos da variante ômicron nos meses de novembro (3,4%), dezembro (67,5%) e janeiro (97%) foi acompanhado pelo aumento de casos positivos para covid-19 nos mesmos meses de novembro (5,3%), dezembro (6,9%) e janeiro (31,3%). Segundo o professor Renato Santana Aguiar, do Departamento de Genética, Ecologia e Evolução do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, “há contribuição direta da variante ômicron no aumento de casos de covid-19 no Brasil”.
O Programa de Vigilância de Sars-Cov-2 é fruto de parceria do Grupo Hermes Pardini (HP) com o Laboratório de Biologia Integrativa (LBI) da UFMG, a Rede Vírus-MCTI e a Rede Corona-Ômica BR-MCTI. Desde o início da pandemia, a iniciativa contribui para os estudos de dispersão das variantes alfa, gama, delta e, agora, ômicron no território nacional, que têm resultado em diversos artigos científicos relacionados ao tema e no depósito de sequências virais no banco de dados Gisaid.
O informe confirma ainda maior transmissibilidade da ômicron em relação às demais variantes de Sars-CoV-2 em território nacional. Comparando a ômicron com a gama e a delta, monitoradas pelo programa de vigilância de covid-19 do HP-UFMG, é possível observar que a nova variante alcançou 100% dos casos positivos em um intervalo de tempo menor, cerca de seis semanas, desde a sua introdução no país, no fim de novembro – em São Paulo, por pacientes que retornavam da África do Sul. Segundo Renato Santana, que também é subcoordenador do Laboratório Nível 3 de Biossegurança (NB3), “de lá para cá, houve aumento progressivo na transmissão e no número de casos positivos para covid-19, além da confirmação da circulação comunitária dessa variante por diversos estados”.
Abrangência nacional
Todas as amostras suspeitas de ômicron têm o genoma completo de Sars-CoV-2 sequenciado no Laboratório de Biologia Integrativa da UFMG para confirmação. As sequências serão disponibilizadas no banco de dados Gisaid e comunicadas aos órgãos competentes de cada estado e aos ministérios da Saúde e da Ciência, Tecnologia e Inovações, para providências quanto ao controle da dispersão das variantes de Sars-CoV-2 em território brasileiro.
O professor Renan Pedra, um dos coordenadores do Laboratório de Biologia Integrativa do ICB, ressalta que esta é a primeira vez em que um estudo integrou os 26 estados brasileiros, mais o Distrito Federal. O Grupo Hermes Pardini, que recebe rotineiramente material coletado em todas as unidades da federação, recuperou amostras que já haviam sido analisadas para o diagnóstico de covid-19 (positivo ou negativo) e procedeu a uma reanálise – a técnica utilizada pelo HP inclui um passo que sugere a presença da ômicron, o que é suficiente para o monitoramento.
O LBI-UFMG tem monitorado a circulação de variantes em Minas, trabalhando com 1 mil amostras por mês. Esse estudo abrangeu resultados de cerca de 208 mil amostras.
Fonte: ufmg.br