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Valadares dá os primeiros passos rumo ao tratamento de esgoto

Valadares dá os primeiros passos rumo ao tratamento de esgoto
FOTO: Igor França/ DRD

GOVERNADOR VALADARES – Governador Valadares se prepara para iniciar de forma efetiva investimentos em saneamento básico. Isso porque, ainda neste mês, está programada a inauguração da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Santos Dumont, operada pela concessionária Águas de Valadares, do grupo Aegea. O início das atividades da  ETE Santos Dumont,  acontecerá, oficialmente, dia 22 de março, data que se comemora o Dia Mundial da Água.

Atualmente, 95% do esgoto da cidade é coletado, mas ainda há muitos desafios, já que 0% dos resíduos são tratados. Ou seja, todo esgoto produzido no município é despejado in natura – sem tratamento – no Rio Doce. 

Do lado esquerdo esgoto bruto e do lado direito água após o processo de tratamento – FOTO: Igor França/ DRD

De acordo com a Águas de Valadares, a ETE Santos Dumont terá capacidade de atender até 70% do esgoto coletado, porém neste primeiro momento a estação será responsável pelo tratamento de 10% do esgoto, com uma eficiência inicial de 75% – isso porque o sistema que será inaugurado não possui as condições para retirar alguns componentes químicos presentes no resíduos de esgoto. Além dela, outras três unidades estão previstas nos bairros Elvamar, Penha e uma quarta ainda sem projeto definido na região do bairro Turmalina.

“Esse é um avanço importante porque marca o início do tratamento de esgoto na cidade. Hoje, já coletamos quase todo o esgoto produzido, mas o tratamento é fundamental para proteger nossos rios e garantir mais saúde pública”, explica Marcos Antunes, diretor da Águas de Valadares.

Como funciona o tratamento de esgoto?

O processo segue diversas etapas para remover impurezas e devolver a água ao meio ambiente com qualidade. A tecnologia adotada em Valadares já é aplicada em outras cidades.

ETE Manguinhos no Espiríto Santo – FOTO: Igor França/ DRD

1. Tratamento preliminar: remoção de sólidos grosseiros

Assim que chega à estação, o esgoto passa por um sistema de grades de separação, onde são retidos materiais como plásticos, papéis, cabelos e outros resíduos sólidos. Essa etapa evita que objetos indesejados sigam para as fases seguintes do tratamento, protegendo os equipamentos da estação.

2. Reatores anaeróbicos UASB: a primeira etapa biológica

Inicialmente, a ETE Santos Dumont contará apenas com reatores UASB (Upflow Anaerobic Sludge Blanket). Esse sistema anaeróbico de tratamento realiza a decomposição da matéria orgânica sem a necessidade de oxigenação. Microorganismos degradam os compostos presentes no esgoto, reduzindo sua carga poluente.

O processo UASB tem vantagens importantes, como baixo consumo energético e produção de biogás, que pode ser reaproveitado para geração de energia.

3. Expansão do sistema: tratamento secundário e terciário

Nos próximos anos, a ETE Santos Dumont será ampliada para incluir um sistema de lodos ativados, responsável pela oxigenação do esgoto. Esse processo acelera a ação das bactérias que degradam a matéria orgânica.

Após a oxigenação, a água segue para os tanques de decantação, onde os resíduos sólidos remanescentes se depositam no fundo. Esse processo, conhecido como polimento do tratamento, garante que a água tratada atenda aos padrões ambientais.

“A ampliação da estação trará mais eficiência. Com as novas etapas, o esgoto passará por um processo ainda mais completo antes de ser devolvido à natureza”, explica Marcos Antunes.

Esquema do tratamento de esgoto – FOTO: Igor França/ DRD

Desafios e referências do Espírito Santo

Para Valdir Júnior, diretor executivo da Ambiental Serra, Ambiental Vila Velha e Ambiental Cariacica – empresas do grupo Aegea que atendem 1,5 milhão de habitantes na Grande Vitória (ES) –, alguns desafios ainda precisam ser superados para aumentar a eficiência no tratamento de esgoto. Ele destaca três pontos principais:

• Incentivo ao uso da água de reuso, reduzindo o consumo de água potável;

• Melhor aproveitamento dos resíduos gerados pelo tratamento, como o lodo biológico;

• Adesão da população às práticas de saneamento, evitando o descarte irregular de resíduos.

A experiência da Aegea no Espírito Santo pode servir de referência para Valadares. No município de Serra (ES), que tem contrato com a empresa há 10 anos, a coleta de esgoto saltou de 56% para 93,5%, e o tratamento atingiu 100%, ultrapassando a meta do Marco Legal do Saneamento, que prevê 90% de coleta até 2033.

“Isso proporciona que o esgoto, que antes era lançado nos corpos receptores e chegava às praias, deixe de poluir o meio ambiente. Consequentemente, melhora a balneabilidade das praias, aumenta a valorização imobiliária e traz diversos benefícios para a sociedade. Pelo que conversei com o Marcos, esse é o plano que está sendo desenhado para Valadares: levar qualidade para a população, levar saneamento, levar saúde num curto espaço de tempo”, afirmou Valdir Júnior.

Centro de Operaçãoes Ambiental Serra, Vila Velha e Cariacica – FOTO: Igor França/ DRD

No Espírito Santo, os contratos de Parcerias Público-Privadas (PPPs) com a Aegea envolvem apenas a coleta e o tratamento do esgoto sanitário, enquanto a distribuição da água tratada fica a cargo da Companhia Espírito-Santense de Saneamento (Cesan).

O diretor da Águas de Valadares, Marcos Antunes, reforça que a experiência capixaba será um modelo para a cidade. Além disso, o executivo garantiu que os investimento no tratamento de esgoto não afetará no valor da tarifa ao consumidor. As mudanças que acontecerão serão apenas correções inflacionárias.  

“As cidades operadas no Espírito Santo pelo grupo Aegea são um case importante para comparar com Valadares. Aqui, estamos implantando o tratamento dos primeiros 10% do esgoto. Hoje, a cidade já tem mais de 95% de coleta e afastamento, mas ainda não tinha uma estação de tratamento em operação. Vamos visitar uma estação no Espírito Santo que tem tecnologia muito similar à que será implantada em Valadares, com o processo de lodos ativados seguido de decantação. Além disso, visitamos uma outra estação em um condomínio de alto padrão, onde foi possível observar todas as etapas do tratamento que teremos aqui [em Valadares], desde o gradeamento até os processos avançados de tratamento, sem gerar odores e com impacto positivo na valorização imobiliária”, explicou.

O que acontece com os resíduos?

O tratamento de esgoto gera dois subprodutos principais:

• Lodo biológico: material sólido retirado da água durante o tratamento. Ele pode ser destinado a aterros sanitários ou, em alguns casos, tratado para uso em compostagem.

• Água tratada: pode ser reaproveitada para irrigação de áreas verdes, limpeza urbana e outros usos não potáveis.

“Além de tratar o esgoto, buscamos soluções para reaproveitar os subprodutos do processo. A água tratada pode ser usada em diversas atividades, reduzindo o consumo de água potável”, diz Valdir Lopes.

O futuro do saneamento em Valadares

A expectativa é que, com a inauguração da ETE Santos Dumont, Governador Valadares inicie um novo ciclo de saneamento básico. O plano de universalização prevê que o tratamento do esgoto seja ampliado em 10% ao ano, até atingir 100% de cobertura em 2033, conforme o Novo Marco do Saneamento Básico.

Os benefícios vão além da preservação ambiental: o tratamento adequado reduz o risco de doenças, melhora a qualidade dos recursos hídricos e valoriza a infraestrutura urbana.

“Esse é um passo essencial para a cidade. Com a ampliação das estações de tratamento, estamos construindo um futuro mais sustentável para Governador Valadares”, conclui Marcos Antunes.

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