Valadarenses reclamam do transtorno da não coleta do lixo

Um dos lugares do bairro Ipê que têm lixo acumulado (Foto: Tatiana Duarte)

Situação vem desde o fim da semana passada, após a paralisação das atividades dos trabalhadores que fazem a coleta

O lixo acumulado em muitos pontos da cidade tem deixado valadarenses incomodados, já que a coleta dos resíduos foi paralisada na última quinta-feira (1) e retornou após o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) determinar que 60% dos funcionários voltassem a trabalhar na noite de sexta-feira (2). Apesar desse retorno de parte do efetivo, ainda há muitos bairros com acúmulo de lixo. Segundo a Prefeitura de Valadares, o efetivo que retornou ao trabalho não é suficiente para suprir a demanda.

Um dos bairros em que o caminhão de lixo ainda não passou é o Jardim Ipê, como relata a cabeleireira Tatiana Duarte, que mora na rua Sândalo. Ela conta que em certo ponto da rua as sacolas de lixo estão espalhadas, e gostaria de ver a situação solucionada logo. “Na minha rua o caminhão de lixo passa três vezes por semana. Mas desde o último sábado o lixo que colocamos na lixeira está lá, assim como os de todos os outros vizinhos. Em alguns pontos chega a ser pior. Quando saio para trabalhar, passo pela esquina da rua Sândalo com a Cerejeira. Os moradores dessa segunda rua, que residem na parte alta, precisam descer para colocar lixo na esquina. Antes havia uma lixeira enorme, mas parece que foi removida há alguns meses. Assim, todo o lixo toma conta da calçada no entorno. E é muita coisa, porque são resíduos de muitas famílias. Sempre tem cachorro lá rasgando as sacolas. Às vezes aparecem até urubus. E com a falta de recolhimento, o volume aumentou consideravelmente. Espero que o serviço de coleta seja restabelecido e essa situação melhore”, disse.

Em outros pontos da cidade é possível ver o lixo que ainda não foi recolhido. Na avenida Minas Gerais, na região do Nossa Senhora das Graças, um dono de lanchonete está revoltado com a situação, já que ele paga uma taxa de lixo alta. Segundo Vilson Merlini, a situação é inadmissível. “Desde quinta-feira não pegaram e só vai acumulando. Isso é muito ruim, pois vem um mau cheiro e não tem como guardar isso em outro lugar. Eu preciso que os clientes venham à lanchonete, só que esse mau cheiro tem atrapalhado. Inclusive, coloquei uma placa nos lixos de que a taxa foi paga antecipada. A minha taxa era de R$ 750,87 e, com desconto, paguei R$ 675,78. Isso não pode acontecer de ficar sem o serviço que pagamos.”

Vilson Merlini está revoltado com o acúmulo de lixo em frente à sua lanchonete (Foto: Iago Carvalhais)

Morador da rua Chile, no Jardim Pérola, o pedreiro Jade Jean de Souza diz que há lixos nas portas de várias casas. Ele também reclama que paga por um serviço que não está sendo prestado. “A minha rua está toda cheia de lixo por falta de recolhimento. O caminhão do lixo ‘reciclado’ também não está passando e tudo está se acumulando. Embora a gente pague uma taxa para isso especificamente, a coleta tem deixado de acontecer.”

Rua Chile no bairro Jardim Pérola (Foto: Jade Jean de Souza)

A dona de casa Rosângela Siqueira, que mora na rua C, no bairro Sir, também reclama da situação, que gera incômodo nas pessoas. “Os trabalhadores que fazem a coleta de lixo também são seres humanos e precisam ser valorizados. Com a paralisação, o lixo está acumulado e consequentemente surge um mau cheiro. Isso incomoda bastante. Pagamos a taxa de lixo e não estamos tendo o serviço prestado da forma que tem que ser. Isso precisa ser mais organizado e resolvido logo.”

Mesmo pagando a taxa de lixo, moradora da rua C do bairro Sir está incomodada com a não coleta do lixo (Foto: Rosângela Siqueira)

Já na rua Independência, no Vila Rica, o caminhão da coleta passou neste início de tarde, depois de cinco dias sem passar no local, para alívio dos moradores.

Trabalhadores da coleta de lixo passaram no início desta tarde em algumas ruas do Vila Rica (Foto: Raimundo Santana)

Imbróglio

Como já foi noticiado pelo DRD, o presidente do Sindicato dos Empregados em Turismo e Hospitalidade, Asseio e Conservação de Governador Valadares e Região (Sethac-GV), José Carlos Vieira, disse que não aceitou a proposta da empresa terceirizada que presta serviço ao município, a DPark, que propôs o parcelamento dos repasses atrasados (férias e FGTS), que já dura 33 meses. Além disso, a Sethac-GV cobra o fornecimento de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) aos trabalhadores.  

Em contato por telefone na manhã de terça-feira com presidente do Sethac-GV, ele disse que haverá uma reunião nesta tarde com a empresa para tentar resolver a situação de vez.

Prefeitura diz que 60% do efetivo de trabalhadores na coleta é insuficiente

Em nota oficial enviada ao DRD, a Prefeitura de Valadares explica que 60% do efetivo não é suficiente para suprir a demanda de coleta de lixo na cidade, como foi constatado após uma fiscalização da SMOSU. Confira abaixo a nota na íntegra.

“A Secretaria Municipal de Obras e Serviços Urbanos (SMOSU), por meio do Departamento de Limpeza Urbana, informa que realizou nesta segunda-feira (5) uma fiscalização na cidade e constatou a necessidade da volta da coleta de lixo, em sua totalidade, o mais rápido possível. O Município foi notificado pelo Tribunal Regional do Trabalho para fiscalizar o retorno de pelo menos 60% do efetivo (empregados da D’ Park) e, se for o caso, comunicar o descumprimento da decisão por parte dos empregados da empresa. Porém, o Município informa que 60% do efetivo não é suficiente para atender ao serviço de coleta domiciliar de forma satisfatória. Para eficácia do serviço será necessário o retorno integral do efetivo para essa atividade.

O TRT constatou que a greve é ilegal e determinou que 60% dos funcionários voltassem a trabalhar ainda na noite de sexta-feira.

Lembrando que a coleta de lixo é terceirizada e o Município reafirma que os pagamentos estão regulares e segue buscando resolver a situação o quanto antes.

Taxa de Coleta de Resíduos Sólidos (TRS)

No dia 4 de janeiro deste ano, a Prefeitura de Valadares iniciou a distribuição da Taxa de Coleta de Resíduos Sólidos (TRS). Quem optasse pela quitação em parcela única teve um desconto de 10% sobre o valor total, se não tivesse dívidas anteriores de taxa de lixo. Já os contribuintes que tivessem alguma dívida, se pagassem à vista, teriam desconto de 5%.

A primeira guia enviada ao contribuinte tinha três canhotos, sendo um para pagamento integral, outro de quitação da primeira parcela e o terceiro para pagamento da segunda parcela, no dia 10 de março. As demais parcelas seriam enviadas posteriormente, antes da data de vencimento.

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