Valadarenses que vivem nos EUA relatam medo com aumento no número de casos do Covid-19

O país concentra um enorme número de imigrantes brasileiros, principalmente de Governador Valadares, que temem os próximos dias de disseminação da doença

De uma forma inesperada e assustadora, o coronavírus mudou a rotina das pessoas que vivem nos Estados Unidos. Nas últimas duas semanas, o país se tornou o local de maior propagação do Covid-19 no mundo, superando a Itália e a Espanha. Mais de 20 mil pessoas já morreram devido a complicações relacionadas à doença. Dentre as vitimas estão imigrantes valadarenses.

O DRD conversou com alguns valadarenses que vivem na Flórida, Massachusetts, Nova York e Nova Jersey, que relataram como estão lidando com a pandemia.

Cleuza de Almeida
Bianca Fontenele
Juca Trindade
Eliene Senra

A valadarense Cleuza de Almeida mora em Nova York, cidade que concentra mais de 60% dos casos da Covid-19. Desempregada, ela conta que enfrenta dificuldades financeiras em casa.

“Trabalho com limpeza de casas. Mas todos os serviços foram cancelados. Alguns me deram dinheiro, o valor da faxina. No início, recebi esse dinheiro, que me ajudou muito. Agora a situação está ficando cada vez mais difícil. Sem trabalho, tenho minhas despesas aqui. Eu moro com a minha sobrinha. É difícil manter as despesas sem trabalho. Não sei o que vou fazer daqui pra frente”, relatou Cleuza.

Bianca Fontenele mora na Flórida há 20 anos e diz estar cumprindo isolamento social junto com o esposo.

“Nós não pensamos em voltar para o Brasil, mas algumas pessoas na comunidade pensam em retornar. Muitos deles são de Minas. Como muitas pessoas aqui não possuem documentos, não recebem auxílio do governo. Meu esposo e eu estamos em casa, em isolamento. Mas nossa renda baixou bastante. O que eu sei é que muitos estão com medo, porque as despesas aqui são altas”, comentou.

Juca Trindade trabalha em restaurantes em Boston. Ele conta que a situação se tornou um caos após os casos do novo coronavírus começarem a aumentar rapidamente no país. O valadarense afirma que pensa em retornar ao Brasil.

“Tem muita gente amedrontada com essa situação. Os hospitais estão cada vez mais lotados. Eu tenho planos de voltar para o Brasil, mas não podemos viajar agora, porque não consegui liberação. Aqui as pessoas obedecem mais o isolamento, ninguém quer arriscar a saúde. A gente espera para ver como serão os próximos meses”, disse Juca.

O único contato que a valadarense Eliene Senra tem com os familiares no Brasil é o FaceTime. Sem sair de casa, devido às restrições de isolamento, a valadarense tem esperança de que tudo passe.

“Acho que está ruim em todos os lugares. Aqui na cidade em que moro está tudo fechado. Só estão abertos os serviços essenciais. Tenho vizinhos que estão com a doença, outros já se recuperaram. Meus irmãos continuam trabalhando. Esperamos que isso tudo passe logo”, disse Eliene Senra.

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