Quem entra na sala do empresário Walderez Ramalho, 57 anos, faz uma viagem no tempo. O valadarense, morador do bairro de Lourdes, tem em sua casa um espaço reservado para um ‘museu do esporte’. São mais de 4 mil camisas de futebol (a maioria usada em jogos), além de objetos como chuteiras autografadas, flâmulas, revistas antigas, luvas autografadas, selos e outras raridades. Em entrevista descontraída ao DIÁRIO DO RIO DOCE, Ramalho abriu o jogo sobre como começou seu hobby e destacou o momento em que resolveu focar apenas em produtos esportivos.
O empresário conta que começou sua coleção aos 18 anos, quando realizou seu sonho de garoto. “A vontade de colecionar começou naturalmente. Sempre sonhei em ter uma camisa do Flamengo, mas nunca tinha dinheiro pra comprar. Já adulto, fui morar na China, isso há uns 30 anos atrás, e muitos clubes faziam pré-temporada por lá. Fui criando amizade com as pessoas ligadas ao futebol e comecei a guardar as coisas que ganhava desde aquela época. Eu não tenho ideia de um número exato, mas meu acervo passa de 4 mil camisas de futebol e outros materiais de grande valor. Além de camisas, Ramalho tem um carinho especial pelos álbuns de figurinhas, selos comemorativos – dentre eles uma edição especial comemorativa do milésimo gol de Pelé, em 1969 -, moedas, fotos, tampinhas e chaveiros. Ao todo, a coleção comporta mais de 40 mil itens.
Torcedor rubro negro, Ramalho garante não se prender ao clube de coração na hora de expandir a coleção e adquirir novos itens. O empresário estima ter gasto mais de R$ 100 mil nas duas últimas décadas, período em que intensificou o hobby, e diz que ainda falta muito para completar sua coleção. “Não tenho interesse em vender meus itens, só trocar. Tenho artigos raros que não têm preço: chuteira do Bebeto autografada, faixas de campeão do Corinthians, camisas históricas do Democrata. A mais recente que ganhei foi uma camisa do CSA de Alagoas”, conta.
Por diversas vezes o empresário levou suas relíquias para expor no Centro Cultural Nelson Mandela. Durante a conversa, ele relembrou encontros memoráveis com atletas e ex-atletas. Pelé, Telê Santana, Ronaldinho Gaúcho, David Beckham, Zico e Júnior são alguns dos encontros que estão eternizados em fotografias na sala de sua casa.
Um dos sonhos de Walderez Ramalho é conseguir montar um museu itinerante do futebol, para levar sua coleção a todos os cantos do país. “Há muito tempo queria criar um museu de futebol aqui em Governador Valadares. Atualmente, tenho a ideia de lançar um museu itinerante, que passaria por algumas cidades mostrando os objetos, tudo com o objetivo de levar um pouco de cultura, contando um pouco da história do futebol. Tenho a ajuda de alguns amigos. Estamos catalogando tudo o que tenho, primeiramente, e estamos vendo quanto isso vai nos custar”, disse.
Acervo de relíquias
A sala de Walderez Ramalho ficou pequena para tantas relíquias. Ao entrar no cômodo é preciso ter cuidado, para não se esbarrar em nenhum item. Dentre os objetos do acervo, o empresário destacou alguns que fazem parte da história do esporte. Uma tem valor sentimental: a camisa de goleiro da Chapecoense assinada por todos os jogadores que morreram na tragédia do voo 2933 da LâMia, em novembro de 2016. Outra relíquia é a camisa do Democrata do ano de 1981, fardamento feito pela Adidas e fornecido pelo presidente da FIFA na época, João Havelange. A camisa foi utilizada no torneio triangular que tinha Democrata, Vasco e Flamengo, no estádio José Mammoud Abbas. O acervo ainda tem as luvas utilizadas pelo goleiro Victor (Atlético Mineiro) no histórico jogo contra o Tijuana, pela Libertadores de 2013, oportunidade em que o goleiro se consagrou como herói do jogo. Uma camisa do Democrata é especial para Walderez: o primeiro uniforme com patrocínio do clube valadarense, um presente do ex-zagueiro do clube Wildimark Gomes.
Amor de pai para filho
Pensando no futuro de sua coleção, Walderez já sabe que seu hobby não vai ficar pelo caminho. Isso porque o filho, Arthur Ramalho, também é apaixonado por coleções. Nem é preciso dizer de onde veio a inspiração. “Eu pretendo continuar sim. Gosto muito de futebol e me amarro nas figurinhas do meu pai. Espero que as próximas gerações não percam a tradição”, contou Arthur, nome dado pelo próprio pai em homenagem ao maior ídolo da história do Flamengo, Arthur Antunes Coimbra, Zico.
Por Eduardo Lima | eduardolima.drd@gmail.com