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Tragédia no Sul vai impactar no preço de alimentos

FOTO: Freepik

Segundo especialistas, preço de alguns produtos vai subir, entretanto, não há risco de faltar no Brasil

GOVERNADOR VALADARES – A tragédia no Rio Grande do Sul já começa a impactar na economia do País. Grande produtor de grãos, o estado produz 70% do arroz consumido no Brasil. Diante da tragédia, o Governo Federal anunciou a possibilidade de importar o produto na última semana. Com isso, a procura aumentou, elevando dessa forma o preço do produto. Muitos supermercados de Minas Gerais limitaram, inclusive, a quantidade do produto para cada consumidor.

Segundo os economistas Bruna Queiroz e Artur Almeida, as perdas no estado gaúcho, até o momento, estão avaliadas entre 12% e 17% da produção total. Além disso, a calamidade pode afetar ainda outros produtos.

Governo quer importar arroz

“O estado do RS tem uma economia diversificada, com grande força proveniente, sobretudo, do setor agrícola. Ele é responsável por 70% da produção nacional de arroz, e as estimativas são que as perdas sejam na ordem de 12 a 17% da produção, visto que os produtores já tinham realizado a colheita de boa parte da produção, mas ainda é preocupante a logística para escoar essa produção, pois não se tem a mensuração exata do desastre e é preciso aguardar que as águas baixem para entender as dimensões da destruição na logística do estado. O governo quer importar um milhão de tonelada de arroz para não causar um aumento repentino nos preços do produto, porém, a estimativa é que pelo menos 0,1 ponto percentual seja acrescido ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)”.

“Além disso, é preciso ficar de olho em outros produtos, como soja e milho, que têm efeitos indiretos no IPCA e na cesta de consumo das famílias”, explicam, ressaltando que outros locais produtores de arroz também têm passado por períodos de intensa chuva. “É importante também lembrar que a quebra de safra no maior estado produtor ocorre em um momento em que a oferta mundial já é escassa, em virtude das chuvas nas principais regiões produtoras do cereal, como Índia e China, além de países vizinhos do Mercosul”.

Impactos também em outras áreas da economia

O gestor financeiro Marco Aurélio destaca que a tragédia no Sul trará impactos em outras áreas da economia. A produção de carnes e proteínas também será afetada.

“O estado é um importante produtor de bovinos e suínos, mas as enchentes estão impedindo o transporte dos animais para os frigoríficos devido às ruas e rodovias interditadas. Mesmo quando o transporte é possível, a falta de mão de obra nos frigoríficos agrava a situação”.

“Novamente, os preços serão afetados pela escassez de carnes nas prateleiras. Outro ponto a ser destacado é o fechamento do Aeroporto Internacional Salgado Filho, o maior da região, que recebe diariamente entre 250 e 290 mil passageiros. Este fechamento por tempo indeterminado está causando prejuízos às companhias aéreas, que sofrem com a perda de receita. Para compensar essa perda, é possível que essas empresas aumentem os preços em outros destinos. Além desses setores mencionados, outros como o automobilístico e o setor químico também estão sendo afetados. Isso sem mencionar o impacto na balança comercial, uma vez que o Rio Grande do Sul é um importante exportador de seus produtos. Portanto é evidente que, mesmo estando distantes, todos seremos afetados pelas consequências econômicas dessa tragédia”, destaca.

Apesar do impacto, não há risco de faltar produtos na mesa dos brasileiros, segundo Marcone Miranda, vice-presidente regional da Associação Mineira de Supermercados (AMIS).

“Acredito que não haverá falta de produtos em nossa região. O que deve ocorrer é um aumento nos preços devido a menor oferta de produtos”, destaca. Na mesma linha segue o especialista em finanças, professor de marketing e gestão Marcos Rodrigues Alves. “A tendência é o aumento dos preços principalmente dos produtos que são produzidos no clima “frio” do Sul, principalmente o arroz, mas a falta não deve acontecer, pois existem algumas alternativas a serem tomadas”, explica.

Pânico pode ampliar mais o valor do produto

De acordo com o especialista, o pânico por parte da população pode ampliar ainda mais o valor do produto. Portanto o melhor é manter a calma na hora de comprar.

“É muito importante que a população compreenda o funcionamento do mercado financeiro nesses momentos, pois o pânico vai aumentar o impacto da teoria da oferta e demanda, sendo assim, os preços vão começar a subir antes mesmo da falta real do produto, por isso a calma é essencial nesses momentos. Outras medidas que a população deve tomar, são: o consumo controlado dos alimentos que vêm do Sul, principalmente o arroz; buscar outras alternativas de alimentos que tenham a mesma capacidade nutricional; e, principalmente, a criatividade na hora de preparar a alimentação para que essa tragédia não tenha um impacto tão grande nas famílias”.

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