Suplente de Major Olímpio no Senado, Alexandre Giordano foi pivô de crise no Paraguai

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Com a morte do senador Major Olímpio (PSL-SP) causada pela Covid-19, seu primeiro suplente, o empresário Alexandre Luiz Giordano (PSL-SP), 47, assumirá a cadeira no Senado. O segundo suplente na chapa é Marcos Pontes, atual ministro da Ciência e Tecnologia.

Giordano se tornou conhecido por ter sido personagem de uma crise política no Paraguai envolvendo a usina hidrelétrica binacional de Itaipu em 2019.

A crise eclodiu no fim de julho daquele ano, quando foram revelados os termos do novo acordo entre Brasil e Paraguai para a compra de energia de Itaipu. Um dos participantes nas negociações foi Giordano, que, segundo as investigações, usou o nome da família do presidente Jair Bolsonaro para se credenciar.

Pela revisão acertada entre Assunção e Brasília, o Paraguai aumentaria seus gastos em mais de US$ 200 milhões, o que desencadeou questionamentos ao presidente paraguaio, Mario Abdo Benítez, em seu país.

Mensagens reveladas no início de agosto de 2019 pelo jornal paraguaio ABC Color mostraram que o presidente do Paraguai sabia dos termos prejudiciais do acordo, e essa teria sido uma das razões pelas quais o documento não foi tornado público até o final de julho.

Após ameaças de impeachment, o acordo acabou cancelado. Mas o trato começou a ser investigado por autoridades, o que levou a mensagens trocadas entre o ex-presidente da Ande (estatal elétrica paraguaia) Pedro Ferreira e o advogado José Rodríguez, que se apresentava como assessor jurídico do vice paraguaio.

As mensagens falavam sobre a possibilidade de venda da energia excedente do Paraguai para a empresa brasileira Léros, que, segundo informações do advogado, estaria vinculada à “família presidencial” -portanto, à família Bolsonaro.

Os jornais ABC Color e O Estado de S. Paulo revelaram que Giordano viajou ao menos três vezes ao Paraguai em 2019 com executivos da Léros.

De acordo com registros de voo, as três viagens foram feitas antes de o novo acordo se tornar público no final de julho: nos dias 9 de abril e 25 e 26 de junho. Mas Giordano alegou que esteve duas, não três vezes no Paraguai, e negou representar a Léros.

Em ao menos numa das reuniões foi discutida a possibilidade de revenda da energia paraguaia no mercado brasileiro pela Léros. Segundo o ex-presidente da Ande Pedro Ferreira, a família Bolsonaro foi citada.

Em entrevista à revista Piauí, Giordano confirmou ter participado de uma reunião no Paraguai para tratar da venda de excedentes de energia de Itaipu no Brasil. Negou, no entanto, ter falado em nome do governo brasileiro ou da família Bolsonaro.

A revista Carta Capital revelou ainda que Giordano esteve no Palácio do Planalto em 27 fevereiro de 2019. Na véspera, o presidente Bolsonaro havia viajado para Foz do Iguaçu (PR) para empossar o novo diretor-geral na usina por parte do Brasil, general Joaquim Silva e Luna.

Além de Giordano, a bancada paulista no Senado é formada ainda por Mara Gabrilli (PSDB) e José Serra (PSDB).
Giordano e Major Olímpio eram amigos. O empresário ajudou o senador em sua campanha em 2018 e a organizar o diretório do PSL em São Paulo, que funcionou por um período no mesmo prédio onde Giordano tem seu escritório.
O suplente também é próximo do prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), e foi filiado ao PSDB antes de entrar no PSL. Giordano chegou a exercer o cargo de subprefeito na capital paulista em 2005 e 2007, nas gestões de José Serra (PSDB) e Gilberto Kassab (à época no DEM).

O empresário, que atua no ramo de ferro, mineração e outras atividades, declarou patrimônio de R$ 1,5 milhão à Justiça Eleitoral em 2018. Giordano ostenta fortuna e acumula uma série de processos, inclusive por dívida e invasão de terreno, segundo reportagem da Agência Pública.

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