Sintomas do coronavírus parecem os de gripe; veja quando procurar médico

Por GÉSSICA BRANDINO E JOÃO GABRIEL
da FOLHAPRESS

Com o início do outono e queda de temperaturas, deve aumentar o registro de outras doenças respiratórias com sintomas semelhantes aos da doença causada pelo vírus da Sars-Cov-2, a Covid-19.

A nova doença se diferencia tanto pelo tempo de manifestação dos sintomas, de 2 a 14 dias após a o contato com o vírus (o chamado período de incubação), quanto no agravamento do quadro, que ocorre de forma gradativa e, em casos extremos, pode levar à falência dos órgãos.

Causada pelo vírus influenza, a gripe se caracteriza por um conjunto de sintomas que surge de forma repentina, com tempo de incubação curto, que vai de 1 a 7 dias. Os sintomas comuns ao do novo coronavírus são febre e tosse seca. Outros sinais comuns na gripe –cansaço, dores no corpo, na garganta e de cabeça– às vezes também podem ser manifestados por quem tem Covid-19.

Ainda que a vacina contra a gripe influenza não previna infecção pelo novo coronavírus, não se deve ignorar a campanha de vacinação em curso. “A gripe pode causar um quadro tão grave quanto a Covid-19, levando a uma pneumonia, por exemplo”, explica Raquel Stucchi, consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia e professora da Unicamp.

Ambas doenças têm um quadro mais grave do que o de um resfriado, cujos sintomas podem surgir num período de 2 a 5 dias. Nele, são comuns o nariz entupido, coriza, espirros e tosse leve. São raros a diarreia, a dor de cabeça e a falta de ar.

Outro sintoma comum entre as três doenças é o desenvolvimento da anosmia ou a hiposmia (nomes dados para a perda total e parcial do olfato, respectivamente). O alerta foi feito por médicos da China, Alemanha, Itália e França após observar seus pacientes. Na Covid-19, porém, a diferença é que a perda do sentido pode ocorrer sem que haja congestionamento nasal e antes ou sem a manifestação de outros sintomas.

Segundo a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia (ABORL-CCF), a ocorrência súbita da falta de olfato, sem congestionamento nasal como acontece com gripes e resfriados comuns, por exemplo, talvez possa indicar infecção pelo novo coronavírus. A entidade sugere o isolamento em casa por 14 dias.

Em comunicado, Associação Britânica de Otorrinolaringologia (Entuk) e a Sociedade Britânica de Rinologia disseram que é significativo o número de pacientes que desenvolveram perda de olfato associada à Covid-19 em diferentes países.

Na Alemanha, o sintoma foi relatado em mais de dois em cada três casos confirmados da infecção pelo vírus. Na Coreia do Sul, que realizou mais testes entre a população, cerca de 30% dos pacientes com coronavírus relataram o sintoma.

Como parte dos sintomas da gripe e do resfriado coincidem com o coronavírus, Stucchi afirma que os os principais indicadores da nova doença são a febre alta, a tosse e o cansaço ou falta de ar. Ao senti-los, a orientação é de se procurar atendimento médico.

Tal recomendação busca evitar que uma pessoa que tem apenas um resfriado acabe sendo de fato infectada pelo Sars-CoV-2 ao ao procurar atendimento diante de sintomas leves.

Segundo Jamal Suleiman, infectologista do Instituto Emílio Ribas, a partir do momento em que a pessoa começa a ter sintomas do novo coronavírus, a média de tempo para que o quadro se agrave tem sido de cinco dias. Esse período, porém, pode variar segundo o estado de saúde prévio do paciente.

“Em pessoas com comorbidades –as doenças associadas, como diabetes, hipertensão– ou em uso de drogas imunossupressoras, esse período pode ser mais curto. Em quem não tem comorbidade, mas tem a questão da idade, esse período pode ser mais longo”, explica.

No caso do novo vírus, ainda não há clareza sobre as sequelas de quem tem a pneumonia causadas pelo Sars-Cov-2. Elas devem ser conhecidas conforme evoluam os estudos e com o aumento do número de pacientes tratados. Suleiman afirma, contudo, que a gravidade dessa pneumonia já é indicada pelo tempo de permanência em aparelhos respiradores, que tem variado de três a cinco semanas, algo fora do comum.

“A gente ainda não sabe exatamente depois. Sabemos que há uma mudança na arquitetura do pulmão e que pode diminuir a capacidade respiratória dessa pessoa e pode fazer com ela crie dependência de oxigênio. Mais informações do que isso, neste momento, a gente ainda não tem”, diz.

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