GOVERNADOR VALADARES – Nesta quinta-feira (5), acontecerá a entrega do título de Doutora Honoris Causa à Shirley Djukurnã Krenak. A cerimônia celebrará a trajetória da indígena e a luta pelos direitos dos povos originários. Segundo a Universidade Federal de Juiz de Fora, o evento acontecerá, às 15h, no auditório do Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG), campus Governador Valadares.
Doutora Honoris Causa
A escolha de Shirley Krenak para receber a honraria teve aprovação por unanimidade pelo Conselho Superior da UFJF. A indígena, que é parceira da universidade desde a sua instalação em Governador Valadares, é destaque pelos trabalhos em defesa dos direitos dos povos indígenas, na preservação do meio ambiente e na valorização das mulheres indígenas e da espiritualidade ancestral.
A atuação da Shirley Krenak se estende como educadora e coordenadora pedagógica em diversas ações de extensão da UFJF, como o Núcleo de Agroecologia (Nagô) e o Centro de Referência em Direitos Humanos (CRDH).
Doutor Honoris Causa é um título para pessoas que se destacaram em suas áreas de atuação, mesmo sem a conclusão de um doutorado acadêmico. O título é uma forma de reconhecimento aos méritos e contribuições significativas que uma pessoa fez para a sociedade.
Biografia
Shirley Djukurnã Krenak, uma líder indígena do Vale do Rio Doce, será a primeira mulher do povo Borum do Watu a receber o título de ‘Doutora Honoris Causa’, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). A honraria, concedida àqueles que se destacam em sua área de atuação, foi aprovada pelo Conselho Superior (Consu) no último dia 10 de novembro.
Shirley é reconhecida por aproximar a universidade com os povos originários e seus saberes ancestrais. A líder indígena foi uma das primeiras indígenas do Brasil a ingressar em um curso superior no final dos anos 1990. Entre as mulheres oriundas dos povos originários, apenas ela e Eva Potiguara possuem o título de ‘Doutora Honoris Causa’.
Produção intelectual
O processo de divulgação e defesa dos conhecimentos dos povos originários levou Shirley à literatura. Ela é autora da cartilha ‘Krenak Ererré’, publicada em 2019. Outra obra da escritora é o livro ‘Borum Huá Kuparak’ [que em português recebeu o título ‘A Onça Protetora’], de 2009. Além disso, Shirley trouxe importantes contribuições para o vocabulário indígena colaborando no ‘Dicionário Krenak-Português’, lançado em 2010.
Influenciada pelo pai, Waldemar Itchochó Krenak, outra importante liderança dos Borum, Shirley começou a lutar em prol dos povos originários ainda jovem. Ela se destacou por disseminar os saberes ancestrais e chamar a atenção da população para a realidade do planeta e os problemas enfrentados pela humanidade.
Em 2020, Shirley fundou o Instituto Shirley Djukurnã Krenak (ISDK), uma organização sem fins lucrativos. O objetivo é desenvolver o engajamento social, pela educação, em prol do meio ambiente e da biodiversidade. A instituição se dedica a lutar pelos direitos dos povos indígenas, atuando, inclusive, para proporcionar segurança alimentar de grupos de Minas Gerais.
Shirley atua em conjunto com a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), nos ministérios da Justiça e dos Povos Indígenas e demais órgãos do governo nas pautas envolvendo os povos originários. Além disso, fora do Brasil, ela já participou de eventos importantes ligados às pautas indígena e ambiental, como a Convenção das Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas (ONU). Através de Shirley, a voz dos povos ancestrais já ecoou em fóruns e discussões em diversos países.