Possibilidade veio após cidade entrar na onda verde do Minas Consciente
Governador Valadares entrou na onda verde do Minas Consciente, após aprovação do Comitê Extraordinário COVID-19, na quarta-feira (30). O setor de festas e eventos, um dos mais prejudicados durante a pandemia, poderá retomar suas atividades a partir de sábado (3). O Diário do Rio Doce ouviu alguns profissionais da área sobre a situação difícil pela qual passaram por não poderem exercer o trabalho, devido às restrições.
A cerimonialista e promotora de eventos Liliane Augusto explica a complexidade de adequação do trabalho, por ser um ponto de referência nos eventos em que ela trabalha. “O olhar da cerimonialista e promotora de eventos é exatamente focar e organizar tudo. Todos os profissionais envolvidos no evento vêm até a gente, como o pessoal dos bufês, decoração, barman, DJ, músicos, entre outros. Esses profissionais precisam de um ponto de referência, que é a cerimonialista ou promotora de eventos. Desmarcar e remarcar sem ter a certeza de uma data certa é realmente difícil. Fazer uma manobra de adequação é bem complicado. Então, temos uma sobrecarga muito grande para intermediar, para que todas as partes possam ficar em comum acordo”, disse.
A cerimonialista vê com prudência Governador Valadares entrar na onda verde, mas entende que algumas circunstâncias ainda são incertas. “Mesmo na verde, eu ainda sou cautelosa e prudente, pois o incerto ainda está aí. Vem muito a sobrecarga de ter que estar olhando cliente por cliente, principalmente para casamento e debut, que são festas mais delicadas. Você está mexendo com o sonho da pessoa. Tem cliente que faz questão de determinado profissional trabalhar no evento, pois ele é importante. Tanto é que tenho clientes resistentes que estão marcados desde o ano passado para dezembro deste ano e não quiseram nem remarcar. Caso esses clientes queiram remarcar, só vai ter data pra eles no final de 2021, porque está tudo sendo locado. Às vezes vou achar vaga com um, e para outro, talvez não”.
Liliane Augusto ainda aborda outra situação conflitante, quando um cliente decide cancelar um evento, pois parte do valor recebido já é aplicado em favor do próprio evento contratado. “Tem gente que acha melhor cancelar e a gente tenta remanejar, mas existe uma coisa muita séria, que é quando um cliente resolve cancelar. Existe um trâmite muito grande de devolução, não é só pegar o dinheiro e devolver. Devido à crise, muita gente já tinha feito compromisso com os valores para comprar material, com decoração e até compras parceladas. Quando o cliente paga, nós já mexemos com o dinheiro para o benefício do próprio cliente. Eu trabalho com mão de obra, já a decoração trabalha mais com peças, e o bufê é a questão da comida. A comida hoje custa um preço, mas meses depois pode estar com preço mais elevado. Ainda está sendo difícil. Depois que entrou na onda verde no meu telefone já apareceram várias mensagens de noivas que remarcaram para ano que vem querendo voltar a agenda, mas agora não tem jeito, por causa dos outros compromissos feitos. E aí o cliente pode ficar chateado, mas não é culpa do cerimonialista e nem do cliente, isso é reflexo da pandemia, que afetou toda a humanidade, trazendo prejuízos”.
Maria Auxiliadora é proprietária de uma empresa de decoração de festa no bairro São Paulo. Ela conta que os trabalhos diminuíram drasticamente, mas tem esperança de dias melhores. “Todos os contratos de festas foram remarcados para o próximo ano e o último evento realizado foi no dia 7 de março. A partir desta data, a minha empresa está com o funcionamento bem reduzido, a maioria dos funcionários está em redução de horário e outros em suspensão, por enquanto. Sei que o setor de eventos foi muito prejudicado e ainda está sendo neste período de pandemia. Quanto a onda verde, pode nos favorecer com alguns eventos menores, pois, no meu modo de pensar, enquanto não tivermos uma vacina, será difícil para eventos maiores. Estou torcendo para que tudo volte a ser como era antes”, disse.
Proprietária de uma casa de festas no bairro Lagoa Santa, Olívia Alves Sílvia revela que o último evento grande realizado no salão foi no dia 14 de março, sendo que uma semana depois, uma festa de 15 anos foi cancelada por causa de um decreto municipal. “Realmente, foram momentos difíceis, onde não pudemos atuar por longos seis meses. Eventos foram remarcados e outros cancelados. Meu último evento grande foi no dia 14 de março. Uma semana depois tinha uma festa de 15 anos, mas, mesmo com alvará, foi preciso cancelar, pois saiu um decreto no dia 19 de março”.
Após a entrada de Governador Valadares na onda verde, Olívia espera retomar as atividades de forma consciente. “As expectativas são as melhores possíveis, pois estamos prontos para uma retomada de forma consciente e segura. Sabemos que a pandemia ainda não acabou, mas precisamos trabalhar, e faremos de forma que respeite todos os protocolos de segurança. Não tenho nenhum evento grande agendado para o fim do ano, porque a maioria dos clientes preferiu adiar os eventos para o outro ano. O nosso setor foi altamente prejudicado, gerando reflexo até o próximo ano”.