Setembro Amarelo traz alerta sobre suicídio entre jovens

FOTO: Freepik

GOVERNADOR VALADARES – Setembro é o mês dedicado à prevenção ao suicídio, um tema que ganha cada vez mais urgência no Brasil e no mundo. O suicídio é a quarta principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), sendo superado apenas por lesões no trânsito, tuberculose e violências interpessoais. No Brasil, a situação é ainda mais alarmante: o último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde revela que o suicídio é a terceira causa de morte entre adolescentes de 15 a 19 anos.

De acordo com um estudo do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs) da Fiocruz Bahia, a taxa de suicídio entre jovens de 10 a 24 anos aumentou 6% ao ano entre 2011 e 2022, superando a média de crescimento de 3,7% na população geral. Apenas entre 2016 e 2021, o número de suicídios entre adolescentes de 15 a 19 anos cresceu 49%, segundo outro levantamento do Ministério da Saúde. Em 2022, o Brasil registrou 16,5 mil casos de suicídio.

De acordo com o Dr. Francis Silveira, psiquiatra e mestre em Neurociências, familiares e amigos precisam estar atentos a mudanças de comportamento que podem indicar risco de suicídio. “Frases como ‘eu não aguento mais’ ou ‘seria melhor se eu sumisse’ podem ser sinais de que a pessoa está considerando tirar a própria vida. Isolamento, perda de interesse em atividades antes prazerosas e mudanças bruscas de humor também são indícios importantes”, explica.

Mudanças no padrão de sono, como insônia ou dormir em excesso, e alterações no apetite também merecem atenção. “Esses comportamentos podem ser uma forma indireta de pedir ajuda, e precisam ser tratados com seriedade”, afirma o psiquiatra. O medo de falar sobre suicídio ainda é grande, mas o Dr. Francis ressalta que a abordagem direta pode salvar vidas. “Perguntar diretamente como a pessoa está se sentindo e se ela está pensando em se machucar não agrava a situação, pelo contrário, pode ajudar a abrir um diálogo. É fundamental escutar sem julgamentos e oferecer apoio prático”, orienta.

Se os sinais de alerta persistirem, é hora de procurar ajuda especializada. “O ideal é buscar um psicólogo ou psiquiatra assim que os primeiros sinais surgirem. Esses profissionais são treinados para lidar com crises emocionais e podem oferecer o tratamento adequado, seja com terapia, medicação ou ambos”, explica o Dr. Francis.  Ele reforça ainda que o apoio especializado é essencial para salvar vidas, ajudando as pessoas em risco a encontrarem alternativas para lidar com a dor e o sofrimento.

O papel da família e da sociedade na prevenção

Para a psicóloga Luiza Vieira, a prevenção começa dentro de casa, e os pais desempenham um papel fundamental nesse processo. “Os pais precisam estar atentos a qualquer mudança de comportamento nos filhos, como isolamento excessivo ou falta de comunicação. Essa fase da vida é marcada por transformações, então é crucial observar atentamente se esses sinais estão aparecendo”, explica. Quando identificados, os pais devem acolher os sentimentos do filho e escutar sem julgamentos. “O diálogo é uma ferramenta poderosa. Acolher o adolescente sem críticas pode ser o primeiro passo para evitar uma tragédia”, destaca a profissional.

Um dos grandes desafios na prevenção ao suicídio é o estigma que ainda envolve o tema. Muitos ainda evitam discutir abertamente o assunto, o que pode prejudicar o acesso à ajuda adequada. Luiza ressalta a necessidade de desconstruir visões preconceituosas, como considerar o comportamento suicida como “frescura” ou “drama”. “Isso só agrava a situação e reforça o sofrimento da pessoa. Campanhas de conscientização, especialmente nas escolas e na mídia, são essenciais para combater o tabu em torno do suicídio e promover uma rede de apoio”, conclui a psicóloga.

O Centro de Valorização da Vida (CVV) desempenha um papel essencial na prevenção ao suicídio no Brasil, oferecendo apoio emocional gratuito e sigiloso a quem precisa. O atendimento é feito por voluntários capacitados, prontos para escutar e apoiar pessoas que se sentem solitárias, desesperançosas ou em sofrimento. O CVV atende pelo telefone 188, disponível 24 horas por dia, sem custo de ligação.

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