A comunidade acadêmica do campus da Universidade Federal de Juiz de Fora em Governador Valadares (UFJF-GV) se reuniu na tarde de quarta-feira (28) para debater o programa Future-se, lançado em julho pelo Ministério da Educação (MEC). A autonomia universitária foi o ponto do programa que mais preocupou o reitor Marcus David, presente no encontro. A expansão da UFJF em Valadares também foi discutida.
No encontro de quarta-feira foram abordados os eixos básicos do Future-se (governança, inovação e internacionalização), os quais, segundo o reitor, afetam principalmente a autonomia da UFJF. É que, dentre outros dispositivos, o projeto prevê a transferência das atividades de gestão das universidades para Organizações Sociais (OSs), a quem caberia, por exemplo, a gestão de contratos, recursos e de investimentos gerados.
“A grande preocupação é o projeto ir de encontro a alguns princípios dos quais as universidades não podem abrir mão: a autonomia universitária; o seu papel enquanto órgão de melhoria da vida das pessoas para fazer transformação social; o financiamento público, para que elas [universidades] não sejam dependentes de fontes que podem tirar a nossa liberdade de pensar”, explicou David.
O reitor e a vice-reitora, Girlene Alves, apresentaram os principais pontos do projeto para a direção-geral, estudantes, professores e servidores técnico-administrativos. A atividade é uma iniciativa do Conselho Superior (Consu), que já vem discutindo o tema no campus sede, em Juiz de Fora.
Repercussões em Valadares
As críticas da vice-reitora concentram-se no fato de o programa não considerar as “múltiplas vocações” das instituições de ensino superior e não fazer menção em seu texto à questão da inclusão, o que, segundo ela, prejudica todo o esforço empreendido na última década no sentido de “abrir a universidade” para as diferentes camadas sociais.
Girlene Alves ainda destacou que, em se tratando da UFJF, o Future-se afeta principalmente a questão dos campi avançados: “Muitas universidades se expandiram pensando em uma necessidade da sociedade, e isso sequer foi pensando no projeto”.
A preocupação é a mesma do reitor. “A gente percebe que o que falta no projeto é justamente garantir o funcionamento principalmente das unidades que ainda estão em formação, que ainda estão se consolidando. Ele pode ser mais nocivo para universidades e campi novos do que para estruturas já consolidadas, amplas, com grande patrimônio. Então, nós temos que estar muito atentos, porque o governo não traz nesse programa uma resposta para essas necessidades”, afirma David.
As questões discutidas nesta quarta-feira, incluindo as sugestões apresentadas pela comunidade acadêmica do campus Governador Valadares, serão consideradas na reunião do Consu, que acontece na próxima semana. Na oportunidade, a UFJF vai formular uma manifestação sobre o Future-se.