“Projeto Luana”: Polícia Civil de Novo Cruzeiro cria grupo para reeducar autores de violência doméstica

A Polícia Civil implementou neste mês de setembro o Projeto Luana: Grupo Reflexivo para Homens, que tem como objetivo reeducar autores de violência doméstica e familiar. A iniciativa é resultado de uma parceria entre a Polícia Civil, o Ministério Público, o Poder Judiciário e a Polícia Militar de Novo Cruzeiro, no Vale do Jequitinhonha.

O grupo será composto, em média, por 20 homens. Serão realizados dez encontros no total, com profissionais capacitados e com duração de quatro meses. Os participantes serão incentivados a refletir sobre o que gerou a ação judicial.

Contexto

O ex-delegado da Polícia Civil de Novo Cruzeiro Robert Carvalhaes Levy colaborou para a implantação do projeto. Para ele, que até o mês de julho ocupou o cargo, o crime está enraizado na sociedade e, muitas vezes, leva a outros tipos de violência. “É um crime corriqueiro, quase um costume enraizado, principalmente na sociedade rural da comarca. A evolução dos casos ensejava estupros, torturas e feminicídio”, explica.

Com essa análise, o delegado apresentou à Secretaria Municipal de Assistência Social o Projeto Dialogar, desenvolvido pela PCMG de BH, que trabalha práticas restaurativas de valorização da vida e dos direitos humanos com autores de violência doméstica encaminhados pela Justiça.

Expectativas para o projeto

Segundo o delegado de Novo Cruzeiro, João Martins Teixeira Barbosa, a intenção é que a violência contra a mulher diminua na região. “Por meio da educação dos agressores, a cultura do machismo deve perder força. Com a perpetuação do conhecimento proporcionado, espera-se uma conscientização acerca do papel do homem no enfrentamento do problema e, consequentemente, a redução no número de ocorrências contra a mulher”, disse.

A participação no projeto é considerada uma medida protetiva a ser cumprida pelos homens. O judiciário encaminhará os participantes após constatar que os suspeitos praticaram violência doméstica e familiar contra a mulher e possuir um pedido de medida protetiva solicitado pela vítima. Quem deixar de comparecer às sessões poderá ser preso pelo crime de descumprimento de ordem judicial.

As reuniões serão realizadas na sede do Centro de Referência de Assistência Social (Cras) de Novo Cruzeiro, no bairro Anastácio Roque.

Caso Luana

O nome do projeto foi escolhido em homenagem à vítima de um crime de feminicídio ocorrido na zona rural de Caraí, próximo a Novo Cruzeiro, em maio de 2021. Luana, de 18 anos, que foi mantida em cárcere privado por mais de 15 dias e assassinada pelo próprio companheiro, de 22 anos, em um quarto escuro, frio, úmido e sem luz solar. Antes de sofrer os últimos golpes de tortura, a vítima sofreu maus-tratos, sendo privada de se alimentar, e também foi violentada sexual e psicologicamente.

O homem foi denunciado por cárcere privado,  por homicídio e por estupro. O processo está em fase de instrução.

Fonte: MPMG

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