GOVERNADOR VALADARES – No dia 19 de outubro, as escolas estaduais de Minas Gerais que oferecem o 3º ano do ensino médio, em municípios inseridos na onda verde do plano Minas Consciente, poderão retomar as atividades presenciais com os estudantes. A decisão do retorno foi tomada pela Secretaria de Estado de Educação (SEE-MG). Em Valadares, pais, professores, alunos e sindicatos opinaram sobre o retorno das aulas.
Como vai ficar o calendário letivo
De acordo com a SEE-MG, as escolas podem reabrir a partir do dia 5 de outubro, para os profissionais (diretores, secretários, supervisores) planejarem o retorno. Os meses letivos serão divididos por semanas com e sem aula presencial.
De 5 a 7 de outubro será disponibilizada, no aplicativo Conexão Escola, uma avaliação diagnóstica para alunos do terceiro ano do ensino médio, cujos resultados serão entregues aos professores para a análise do processo de aprendizagem. De 12 a 16 haverá recesso escolar.
Conforme a SEE-MG, o ano letivo vai terminar em 30 de janeiro de 2021, e as férias escolares serão em fevereiro. O ano letivo de 2021 está previsto para começar em março.
Governador Valadares concentra 36 escolas com Ensino Médio. Nos distritos: duas em Vila Nova Floresta, uma em Penha do Cassiano, uma em Baguari, uma em Santo Antônio do Pontal (possui dois anexos, Brejaubinha e Bernardos), uma em São Vítor, uma em Xonin de Baixo e uma em Xonin de Cima.
O DRD conversou com alguns professores, pais e alunos do ensino médio para saber a opinião deles sobre o retorno gradual das aulas.
Para o professor Gilberto Estole, que leciona na Escola Estadual Alexandre Peixoto da Silva, esse retorno seria inadequado, considerando a atual situação da pandemia. Além disso, tem o quadro de saúde dos docentes e outros fatores que tornam esse retorno inapropriado para o momento. “A classe de professores está muito apreensiva com esse retorno das aulas presenciais, pelo fato de termos um ambiente favorável para a propagação do novo coronavírus. Portanto, temos uma preocupação com esse retorno. Sinto que estamos de pés e mãos atadas neste momento”, afirmou.
O docente também destaca a opinião dos pais sobre o retorno. “Acredito que a maioria dos pais seja contra também. A primeira orientação é que os alunos irão uma semana sim, outra não, em sistema de rodízio”, concluiu.
Na avaliação do professor Wellington Ferreira dos Santos, professor de biologia na Escola Estadual Dr. Antônio Ferreira Lisboa Dias, cada pessoa tem uma forma de lidar com essa pandemia. “Quanto à infraestrutura das escolas, a gente sabe que a maioria desfavorece o afastamento social; corredores curtos e salas apertadas, por exemplo. Outra questão é a quantidade de alunos dentro de sala de aula. Mesmo se dividir a sala, ainda sim seria algo arriscado. Portanto, a situação de retorno é quase impossível neste momento. Seria aumentar a via de contaminação na sociedade”, declarou.
A dona de casa Regina Roza é mãe de três filhos, de 14 , de 12 e de sete anos. Ela teme a possibilidade do retorno das aulas para seus filhos também. “Voltar com as aulas no início de outubro não tem nenhuma vantagem para nossos filhos. Temos muitas incertezas sobre o que está acontecendo. Uma vez que a pandemia ainda está aí, com casos em alta. Minha opinião é que as aulas remotas on-line continuem até o fim do ano, e que em 2021 a gente comece a se organizar”, opinou.
Maria Luiza, de 18 anos, estuda no Diocesano, e também acha que ainda não é momento para ter aula. “Contra. Estamos em uma situação delicada ainda. Na escola temos contato com nossos colegas o tempo inteiro. Mesmo a cidade estando na onda verde, pode ser que a doença volte a se alastrar novamente”, acredita.
Sind-UTE/MG não concorda com o retorno
O DRD também ouviu a opinião do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais – Sind-UTE/MG. O diretor estadual, Rafael Toledo, afirmou que fará todas as intervenções possíveis para evitar o retorno presencial das aulas, enquanto não houver condição necessária à segurança sanitária da população.
“É importante registrar que a grande maioria dos municípios de Minas, por exemplo, que estão na chamada ‘onda verde’ do governo, já informou que não permitirá essa reabertura. Portanto, trata-se de um processo desgastante, político, jurídico e que tem trazido muita apreensão”, disse.
Em seu site oficial, o sindicato postou uma nota de repúdio da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, intitulado “Atentado a vida humana”.
“Reiteramos que há uma liminar do TJMG que impede a convocação presencial para as escolas, com exceção de diretores e ASBs, limitado a três pessoas simultaneamente. Entretanto, o governo tem tentado retornar com as atividades presenciais desde abril. Portanto, são seis meses que, em tese, o governo tem se preparado para derrubar a liminar”, concluiu Toledo.
Soluções para o momento
Pensando então no que seria ideal no momento, Rafael Toledo entende que o correto seria investir na qualidade das aulas remotas e só voltar quando houver “segurança sanitária”. “Minha opinião é de que somente seja possível o retorno das atividades presenciais quando, do ponto de vista científico, houver segurança sanitária.”