Produtores rurais aprendem técnicas de retenção da água da chuva

Objetivo é aproveitar melhor a chuva, que, segundo especialistas do Senar, têm caído em maior volume, porém, em um período menor

GOVERNADOR VALADARES – Um momento muito proveitoso e de vastas informações. Assim pode ser definido o Dia de Campo, realizado pela Faemg/Senar, nesta sexta-feira (5), em Valadares. Com o propósito de levar técnicas de retenção de água a produtores rurais da região, o evento mostrou ao público presente como as técnicas podem ser aplicadas não só de forma teórica, mas também na prática.

O encontro foi dividido em momentos para abordar três etapas: a produção de água na propriedade rural, o uso de Barraginhas e Cochinhos para a retenção de água no solo e, por fim, a subsolagem em pastagens para a retenção de água no solo e controle da erosão.

De acordo com o agrônomo e Gerente Regional do Senar, Luiz Ronílson Paiva, a tecnologia deve ser a principal aliada para os produtores rurais conseguirem aplicar as técnicas desenvolvidas e apresentadas.

“O propósito nosso hoje é trazer para os produtores da região do Vale do Rio Doce algumas técnicas de retenção de água no solo. Isso em função de que as chuvas têm caído em menor período, mas em maior volume. Assim, tem gerado um transtorno grande porque a água se perde muito rápido. Com o volume grande chegando, a gente não consegue retê-la, como no passado, quando chovia ao longo de três, quatro, cinco meses. Agora elas estão ficando concentradas e aí a gente vem com essas técnicas de retenção, que são as Barraginhas associadas aos Cochinhos ou Cordão de Contorno e também, principalmente, a Subsolagem. Ela é uma técnica nova, mas que vem trazendo resultados muito significativos”.

O Dia de Campo desta semana foi realizado na Comunidade do Ribeirão do Onça. Luiz pontua que, nesta oportunidade, o local foi escolhido devido à demanda apresentada pelos produtores da região. Contudo, existe a expectativa de expandir as técnicas de retenção para outras áreas. “Começou aqui porque os produtores daqui da região demandaram. Mas nós estamos em conjunto com a Cooperativa, com a Prefeitura, junto com o Sicoob Crediriodoce, junto com a Emater, e demais entidades, a União Ruralista, buscando onde a gente puder agir de forma mais efetiva”, afirma.

Sebastião Tomás, geógrafo especialista em meio ambiente e instrutor do sistema Faemg/Senar Minas, explica como a técnica pode ser colocada em prática. “A subsolagem é uma técnica que nós viemos trabalhando desde 2019. Nela, um implemento agrícola simples, que se chama subsolador, acoplado a um trator agrícola, faz sucos em curva de nível na pastagem. Com isso, a água, que antes estava passando pela superfície, indo embora e causando enchente, infiltra e fica retida no solo da propriedade. Com isso causa um tempo de residência maior e está entre as grandes vantagens para o produtor rural e para toda a sociedade”, disse.

O Sicoob Crediriodoce foi um dos promotores do evento. Segundo o Diretor de Negócios, Silas Dias Costa Júnior, a preocupação vai além da agropecuária, abrangendo também temas ambientais. “Há muito tempo, as lideranças ruralistas aqui da região estão preocupadas com o Vale do Rio Doce. Nós não podemos cruzar os braços e ver essa degradação que está aí, sem fazer nada. Então as entidades, Sicoob Crediriodoce, Cooperativa, União Ruralista e Sindicato Rural, se uniram, contrataram um projeto de recuperação ambiental, chamado Programa de Desenvolvimento Rural Sustentável. Este projeto nós estamos tentando colocar pra rodar, porque a prática é difícil. Então estamos começando com pequenas ações. Uma das ações é este Dia de Campo, onde aprenderemos práticas de retenção de água no solo. Já venho fazendo algumas práticas em nossa propriedade e hoje não temos nenhum problema de falta de água devido a este trabalho de retenção de água no solo”.