Por que não é recomendado consumir açúcar antes dos dois anos?

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Consumo precoce pode contribuir para o surgimento de doenças, como diabetes e obesidade

GOVERNADOR VALADARES – O consumo de açúcar antes dos dois anos não é recomendado por entidades de saúde, como a Sociedade Brasileira de Pediatria e o Ministério da Saúde. Estudos relacionam a ingestão do produto ao desenvolvimento de doenças, como obesidade e diabetes tipo 2.

Dessa forma, aquele docinho que pode parecer inofensivo à criança tem potencial de gerar dependência e se tornar o responsável pela utilização de medicamentos para diabetes ou outras comorbidades ainda na infância.

Por isso, a orientação é para que pais e responsáveis priorizem uma alimentação saudável, a começar pelo aleitamento materno até os dois anos de idade, de acordo com o Guia Alimentar elaborado pelo Ministério da Saúde. O ideal é que a oferta exclusiva do leite da mãe seja feita até os seis meses. A partir de então, é iniciada a fase de introdução alimentar com alimentos naturais e pouco processados.

Segundo as recomendações do Ministério da Saúde, não é preciso adoçar bebidas e frutas com nenhum tipo de açúcar durante os dois primeiros anos de vida da criança. Ou seja, açúcar branco, cristal, demerara, mascavo, de coco, rapadura, mel, melado ou xarope de milho não devem ser incluídos na alimentação da criança. Preparações que contenham o ingrediente, como doces, biscoitos, geleias e bolos também não devem ser oferecidas.

O açúcar também está presente em parte considerável dos alimentos que são ultraprocessados: bebidas doces, achocolatados, mingaus instantâneos preparados com farinhas de cereais, gelatina em pó com sabor, cereais matinais, iogurte com sabor e guloseimas são alguns exemplos.

Apesar de apresentarem embalagens com elementos que remetem ao bom desenvolvimento infantil, esses alimentos não são considerados saudáveis e, por isso, pais e responsáveis devem ficar atentos, como enfatiza o D’Or Mais Saúde.

Consumo exagerado de açúcar pode causar doenças crônicas

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a população nacional ingere 50% a mais de açúcar do que o ideal. Por dia, cada brasileiro consome, aproximadamente, 18 colheres de chá do produto, o equivalente a cerca de 80g. O limite recomendado para um adulto é de 12 colheres.

O consumo excessivo de açúcar tem impacto direto no desenvolvimento de doenças não transmissíveis na vida adulta, como o diabetes. Mas esse é um hábito que, muitas vezes, começa na infância. Na última década, conforme os dados da OMS, os casos da doença aumentaram 54% na população masculina e 28,5% nas mulheres.

A obesidade é outra doença relacionada ao consumo de açúcar e que atinge os brasileiros de forma crescente. Mais de 25% da população adulta do país sofre com essa condição.

Segundo a professora associada do Instituto de Nutrição da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (INU/UERJ), Inês Rugani, em parecer ao Ministério da Saúde, crianças já estão apresentando algumas dessas doenças crônicas.

A nutricionista explica que a presença dos sabores muito doces na infância é decisiva para a formação do paladar e de hábitos futuros. Os dois primeiros anos são especialmente importantes porque representam um momento de desenvolvimento intenso do sistema nervoso e cognitivo. Ao longo desse tempo, a criança molda diversos aspectos do seu crescimento, inclusive o paladar.

Ela enfatiza que alimentos ricos em açúcar – tanto aqueles que recebem a adição do produto, quanto os que estão presentes na composição – têm um teor energético maior e um valor nutricional de baixa qualidade. Essa configuração pode provocar, entre outros problemas, ganho de peso, cárie nos dentes e placa bacteriana.

Como controlar o consumo de doces

Inês Rugani afirma que preparar as refeições em casa é a forma ideal para driblar o consumo de açúcar, seja por crianças ou adultos. Isso porque, quando se cozinha a própria comida, é possível ter o controle do que está sendo preparado. A alternativa também é uma forma de envolver a criança nas atividades culinárias, apresentando texturas, cores, sabores e aromas diferentes, o que a desperta para uma alimentação balanceada e mais saudável. É importante, portanto, que a família mantenha em casa alimentos in natura e pouco processados, além dos ingredientes e temperos necessários para fazer as refeições de forma completa.

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