Polícia investiga venda de sementes de maconha pela internet; os laboratórios foram localizados em Valadares

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GOVERNADOR VALADARES – A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), em conjunto com a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), deflagrou na manhã desta terça-feira (27) a operação Breeder, visando desarticular uma rede criminosa especializada na produção, venda e distribuição de sementes de maconha para todo o país. Os laboratórios de plantação de maconha, utilizados pelos investigados, foram localizados em Governador Valadares. 

Durante a operação, a polícia cumpriu, ao todo, 8 mandados de busca e apreensão no Distrito Federal e 4 mandados de prisão preventiva em Governador Valadares. Segundo a Polícia Civil, a organização criminosa utilizava plataformas de venda online e redes sociais para divulgar e comercializar as sementes, algumas com alto teor de THC, o principal componente psicoativo da cannabis.

Esquema criminoso sofisticado

“Durante o cumprimento, durante os trabalhos policiais, evidenciou-se uma logística sofisticada de cultivo de sementes e plantas de maconha, comprovando, no princípio, a materialidade e a magnitude dessa organização criminosa que atuava aqui na nossa cidade, mas que ela enviava sementes para todo o Brasil”, disse Rodrigo Nalon, delegado da Polícia Civil. 

Ainda de acordo com o delegado, as cinco pessoas que foram presas em Valadares, até então, não tinham ligação com organizações criminosas. “Nós não tínhamos informações se elas tinham ligação com alguma facção criminosa, mas a princípio são pessoas que não têm envolvimento, até então não tinha envolvimento no mundo do crime. Era uma estufa contendo iluminação, irrigação, fertilizante, tudo controlado via computador. Então eles conseguiam fazer a irrigação, a iluminação, tudo via remoto, apresentando uma logística extremamente sofisticada. Essas pessoas, os cinco investigados que residem na cidade de Governador Valadares, foram autuados em flagrante delito por tráfico de drogas, alguns deles também por posse ilegal de arma de fogo, tendo em vista que foram encontrados nas residências arma e munições, e serão encaminhados ao sistema prisional e ficarão à disposição da Justiça”, informou Rodrigo Nalon.  

Sobre a investigação

De acordo com Omar Vargens, delegado da Polícia Civil na Coordenação de Repressão às Drogas, do Distrito Federal, a investigação começou em 2023. Desde o segundo semestre do ano passado, a polícia tem monitorado a movimentação do grupo criminoso. Para ocultar a origem dos lucros ilícitos, os criminosos utilizavam um esquema de lavagem de dinheiro, vendendo cada semente a um valor elevado e comercializando milhares delas mensalmente.

“Nós monitoramos o grupo por algum tempo e a gente percebia que essas vendas eram empreendidas especialmente pelas mídias sociais. […] Com o auxílio também da Divisão de Segurança dos Correios, nós apreendemos um envio que estava destinado ao estado da Bahia e ali havia cerca de sete mil sementes e a gente obteve a informação que apenas essa venda tinha como valor R$ 35 mil. Única venda e eles mantinham o mercado muito ativo pelas redes sociais”, informou Omar Vargens. 

Laboratório de drogas

As investigações, conduzidas pela Coordenação de Repressão às Drogas (Cord) da PCDF, revelaram que o grupo se organizava como um “banco de sementes” (breeders), fornecendo material para traficantes de todo o território nacional.

“Como havia o cultivo de diversas espécies de semente não poderia haver sequer uma contaminação entre elas, então, cada estufa estava destinada a um tipo de cultivo e cada cultivo de cada planta demandava alguns cuidados específicos de temperatura, de umidade, de irrigação, então, eles mantinham essas estruturas de iluminação. Com que eles tivessem que ter um cuidado muito especial e, obviamente, uma estrutura bem avançada tecnologicamente. A nossa investigação teve como recorte esse tráfico interestadual. Então, para frente, a gente vai ter oportunidade de desvelar a magnitude de toda essa estrutura. Essa marca era uma espécie de propaganda dessa produção daqui de Valadares, que nos ajudou, inclusive, para chegar até aqui, porque a partir desse perfil, desse domínio, possibilitou o avanço das investigações que nos trouxeram até aqui”, explicou o delegado do Distrito Federal. 

Operação Breeder

Na ação, a Polícia Civil cumpriu quatro mandados de prisão e oito de busca e apreensão em diferentes regiões do Distrito Federal e em Governador Valadares. Na cidade mineira, cinco pessoas foram presas em flagrante e quatro laboratórios de plantação de maconha com estufa foram localizados. Além disso, a polícia também apreendeu uma motocicleta em uma das residências, um Toyota Corolla novo e uma caminhonete S10.