As autoridades federais dos Estados Unidos disseram na quarta-feira passada, 2, que desmantelaram um esquema de contrabando de armas entre a Flórida e o Brasil. Com isso, foi interrompido um suprimento sem precedentes de centenas de acessórios de armas de fogo para uma organização criminosa.
As investigações, que começaram em 2019 com a apreensão, no Brasil, de cinco pacotes contendo 55 pentes de alta capacidade para pistolas 9mm, resultou em uma dúzia de prisões e buscas realizadas em São Paulo, Rio de Janeiro e Orlando, na Flórida.
A maioria dos mandados foi executada no Brasil, mas também foram presos nos EUA dois brasileiros residentes na Flórida, que fazem parte da organização criminosa.
Uma das remessas deste esquema tinha como destino o Primeiro Comando da Capital (PCC), a maior facção criminosa do Brasil. Na encomenda havia 27 carregadores de fuzis AK-47 escondidos dentro de um pneu, por isso a operação foi chamada de “Iron Tire”.
Várias operações adicionais lideradas pelo Departamento de Investigações de Segurança Interna (HSI, sigla em inglês) culminaram na apreensão de um pneu em Miami com 30 carregadores de rifle, o qual tinha como destino o Brasil.
O agente especial do HSI Anthony Salisbury disse que as autoridades federais uniram forças com seus parceiros sul-americanos para “perseguir as organizações criminosas que exploram as fronteiras internacionais para promover suas atividades ilícitas”.
Nos últimos anos, os agentes do HSI em Miami interceptaram e apreenderam milhares de armas e acessórios enviados da Flórida para o Brasil, Argentina, Colômbia, Venezuela e Haiti. Estas armas eram compradas por gangues criminosas, traficantes de drogas e organizações terroristas.
Na Operação Patagônia, as autoridades confiscaram mais de 5.300 armas, acessórios e explosivos que foram enviados pelo correio do sul da Flórida para a Argentina, em 2019.
No ano anterior, autoridades americanas e brasileiras colaboraram na prisão de Frederik Barbieri, que organizou o envio de 60 fuzis semiautomáticos, incluindo AK-47, e outras armas de fogo do tipo militar, que foram confiscadas no aeroporto do Rio de Janeiro. As cargas ilegais foram escondidas em caixas de aquecedores de piscina.
Barbieri, considerado o maior traficante de armas do Brasil na época, foi preso em sua casa em Port St. Lucie, em 2018.
No caso da “Iron Tire”, os agentes do HSI em Miami trabalharam com a Polícia Federal do Brasil e seus colegas federais, em Orlando (Flórida) e Tucson (Arizona), junto com o Departamento de Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP, sigla em inglês) e o Serviço de Inspeção Postal dos EUA.