Neste Dia Mundial Contra a Hanseníase, comemorado no domingo (26), e no Dia Nacional de Combate e Prevenção da Hanseníase, na sexta-feira (31), a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) reforça a importância de prevenção e combate à doença.
Lançado em 2019, o Plano Estadual de Enfrentamento da Hanseníase: Estratégias, Diretrizes e Vigilância, definiu metas a serem alcançadas até 2022. A ideia da SES é aumentar a detecção geral de casos novos, em 10%; reduzir a proporção de casos novos, em menores de 15 anos, em 20%; e reduzir a proporção de casos novos, com grau 2 de incapacidade, do parâmetro alto para regular (menor que 10%).
O plano foi desenvolvido em consonância com a Estratégia Global, que possui como pilares o fortalecimento do controle, da coordenação, das parcerias e das estratégias de governança, o combate à hanseníase e suas complicações, e o combate à discriminação, bem como promoção da inclusão.
Números
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o segundo país com o maior número de novos casos de hanseníase, totalizando 28.660 casos (dados de 2018). Neste ranking, o país fica atrás apenas da Índia, com 120.334 casos. Em 2019, o levantamento parcial da SES-MG aponta para o registro de 968 novos casos da doença, no Estado, contra 1.047 registrados no ano anterior.
Apesar da expectativa de diminuição progressiva do número de casos notificados, nos últimos anos, a secretaria segue atenta ao cenário epidemiológico da doença, em Minas.
Cura
Chamada de lepra na linguagem popular, a hanseníase – ou Mal de Hansen – é uma doença infecciosa, contagiosa, que afeta os nervos e a pele, e é causada por um bacilo chamado Mycobacterium leprae. A doença tem um passado triste, de discriminação e isolamento de pacientes, devido às deformidades que causava.
As campanhas nacional e mundial de prevenção e combate à doença objetivam chamar a atenção da população e dos órgãos públicos, para a relevância de divulgar as estratégias, para o diagnóstico precoce da hanseníase e contribuir, para a melhoria dos aspectos de detecção de casos, tratamento, cuidado e reabilitação.
Após diagnóstico e avaliação clínica, o tratamento é feito com uma combinação de antibióticos. Importante ressaltar que a hanseníase tem cura e tratamento gratuito pelo SUS.
Diagnóstico precoce
Conhecer os principais sinais e sintomas da doença faz parte da prevenção, também baseada no exame dermato-neurológico e aplicação da vacina BCG, em todas as pessoas que compartilham o mesmo domicílio, com o portador da doença.
A coordenadora de Controle da Tuberculose, Tracoma e Hanseníase da SES-MG, Maira Veloso, explica que a transmissão ocorre, quando uma pessoa com a doença, na forma infectante, ou seja, sem tratamento, elimina o bacilo para o meio exterior, infectando outras pessoas suscetíveis. “A eliminação do bacilo pelo doente ocorre pelas vias aéreas superiores (mucosa nasal e orofaringe), que infectam outras pessoas por meio do contato próximo e prolongado”, explica a coordenadora.
O diagnóstico precoce é fundamental para o controle e a diminuição de casos da doença, uma vez que, quando não diagnosticada e tratada na forma inicial, a hanseníase pode se agravar, levando ao aparecimento de incapacidades físicas ao paciente, e elevando o risco de contágio a outras pessoas. Maira Veloso destaca, ainda, que familiares, colegas de trabalho e amigos, além de apoiar o tratamento, também devem ser examinados.
“A alta por cura é dada após a administração do número de doses, preconizadas pelo esquema terapêutico, dentro do prazo recomendado. O tratamento da hanseníase é preferencialmente ambulatorial e gratuito para todos”, reforça a coordenadora.
Funed
A Fundação Ezequiel Dias (Funed) é a única do país a produzir Talidomida 100 mg, principal medicamento utilizado no tratamento de uma das reações da doença. Produzida pela entidade desde 1973, a droga também é indicada para tratamento de mieloma múltiplo, lúpus, anemia e úlceras aftoides.
Somente em 2019, 7,6 milhões de unidades do medicamento foram entregues ao Ministério da Saúde (MS), órgão responsável pela distribuição e abastecimento do medicamento, em todo território nacional. O produto é entregue gratuita e exclusivamente pelo SUS.
Segundo o diretor industrial da Funed, Bruno Pereira, para o biênio 2020/2021, está em andamento um novo contrato de mais de cinco milhões de comprimidos. “Essa quantidade inclui outras indicações, além da hanseníase. Porém, de acordo com o MS, mais de ¾ do total de medicamentos entregues ao órgão, são destinados ao Programa de Tratamento da Hanseníase”, destaca o diretor.
O Ministério da Saúde informa que os principais sinais e sintomas da hanseníase são sensação de formigamento, fisgadas ou dormência nas extremidades; manchas brancas ou avermelhadas, geralmente com perda da sensibilidade ao calor, frio, dor e tato; áreas da pele aparentemente normais, que têm alteração da sensibilidade e da secreção de suor; caroços e placas em qualquer local do corpo; diminuição da força muscular (dificuldade para segurar objetos). (Agência Minas)